05 fevereiro 2013

Reconversão do Mercado do Carandá distinguida com o “Prémio IHRU 2012”


ASMCARANDA
A reconversão e requalificação do Mercado do Carandá, primeira obra pública projectada pelo arquitecto Eduardo Souto Moura, em Braga, foi agora distinguida pelo Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana com o “Prémio IHRU 2012”.

Atribuído anualmente, o “Prémio IHRU” consiste na atribuição de distinções de prestígio a empreendimentos de habitação de interesse social e a obras de reabilitação no meio urbano, sendo entregue este ano em cerimónia a realizar a 6 de Fevereiro, em Lisboa.

Na sua origem, a distinção privilegiava as preocupações com a qualidade física da construção e a resposta às necessidades mais prementes da comunidade; mais tarde, juntaram-se-lhe exigências com a qualidade dos espaços públicos, a integração paisagística e a sustentabilidade dos empreendimentos; hoje, pensando na reabilitação, foram-lhe acrescentadas exigências com a preservação do património, respeito pelos materiais e técnicas tradicionais e a racionalidade económica das intervenções.

O projecto de reconversão do Mercado do Carandá, já concluído, foi desenvolvido pelo autor do projecto inicial, o que faz da intervenção, também por isso, um caso de estudo para os especialistas e para quem acompanha a obra daquele que é um dos mais reconhecidos arquitectos portugueses, “Prémio Pritzker 2011”.

O Mercado do Carandá, no miolo urbano de Braga, foi desenhado nos anos 80 do século anterior como mercado convencional, função que veio a revelar-se, algum tempo mais tarde, incapaz de exercer atractividade suficiente sobre o sector comercial básico da cidade.

«A ideia era fazer uma rua coberta, um fragmento de cidade capaz de propor uma malha urbana; essa malha aconteceu, aconteceu demais, e o mercado abafou» entre outros equipamentos públicos e por causa do grande crescimento imobiliário que se registou nas imediações, justifica Souto Moura, que dedicou os seus primeiros esquiços a esta obra e com ela obteve o primeiro reconhecimento público.

Perante tais constatações, o Município de Braga decidiu-se pela sua reconversão em espaço cultural, abergando, assim, uma escola de dança contemporânea, instalada na primeira fase da intervenção, e uma escola de música, na segunda fase, a par de um significativo número de lojas e de outros aproveitamentos para fins culturais.

«Nas várias visitas que fiz à ruína, constatei que o mercado era usado como ponte, como rua, atravessamento necessário entre dois eixos da cidade», explica ao arquitecto da “Escola do Porto” nascido em Braga, que propôs, substancialmente, a retirada da cobertura original, o desenho de um jardim e a execução de uma rua.

Dividida, em termos espaciais, em três parcelas, a renovação e requalificação desta ilha ficou visualmente marcada pela demolição da pala da cobertura – precursora de outras do género que caracterizam o trabalho de Souto Moura e do seu “mestre” Siza Vieira – e a manutenção, em ruína, dos respectivos pilares, decisão que pretende testemunhar a pré-existência.

Encostada à antiga “banca do peixe”, foi, assim, edificado um novo corpo, que acolheu uma escola de dança, concessionada há alguns anos a um parceiro privado.

Nesta primeira fase, foi igualmente recuperada parte das lojas iniciais, ora dedicadas a motivações culturais, e redesenhado um percurso pedonal que lhe serve de cobertura.

Com a intenção de «manter o testemunho da pré-existência», Souto Moura propôs também um espaço para eventos culturais temporários, aí construindo uma nova bancada e um expositor, «à semelhança da existente banca do peixe».

Quanto à segunda fase da remodelação, ela prolongou-se por duas etapas de trabalho: a primeira consistiu na demolição parcial do edifício existente, mantendo apenas alguns dos elementos construtivos, nomeadamente as escadas e alguns pilares; a segunda, na construção de um novo bloco, em dois pisos, destinado à escola de música, também ela concessionada a outro parceiro privado.

A reconversão do Mercado do Carandá em espaço cultural e a sensibilização do arquitecto Souto Moura para que assumisse o seu redesenho resultou da dedicação que lhe foi votada particularmente pelo Presidente da Câmara Municipal de Braga, Mesquita Machado, e pela Vereadora da Cultura, Ilda Carneiro.

Nota: a cerimónia de entrega dos “Prémios IHRU 2012" acontece amanhã, 6 de Fevereiro, pelas 16h30, no “Hotel Açores Lisboa”, sendo presidida pela Ministra da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território, Assunção Cristas.

Fonte: CM Braga

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