INE confirma o mau momento do setor, com quedas no número de edifícios concluídos e também no de construções licenciadas, o que faz prever que o cenário de crise se vai manter nos próximos tempos.
A crise da construção em portugal parece não ter fim à vista. Os dados revelados na quinta-feira pelo Instituto de Estatística (INE) mostram um setor que mantém a tendência de definhamento e que está a produzir, na área da construção de edifícios, a menos de metade dos níveis que atingira há uma década.
Com a crise a apertar e as famílias com uma atitude de franca prevenção face ao futuro, o ano de 2012 fechou, para a construção, com um total de 26.418 edifícios concluídos, o que representa um resultado que é menos de metade do alcançado em 2003 (mais de 57 mil edifícios com a chave entregue).
Na última década, o nível de construção de habitações esteve sempre em queda, com uma única exceção no ano de 2004.
O valor apurado no ano passado representa um recuo de 4,9% face a 2011, nos edifícios concluídos. Mais grave, porém, é o andamento das obras licenciadas, cujo recuo homólogo é de 17%, lançando assim a convição de que as perspectivas de recuperação do setor irão continuar adiadas, até porque não há, do Governo, a mínima indicação de que o congelamento de obras públicas será, pelo menos, atenuado.
No seu último relatório de conjuntura, a Federação Portuguesa da Indústria de Construção (Fepicop) confirmava este cenário sombrio para o setor, ao revelar que a carteira de encomendas das empresas, apurada em Janeiro, registava uma queda de 42,6% e que o indicador de atividade estava a recuar quase 33%.
Confiança em queda
Num quadro como este, salientava a Fepicop, a confiança dos empresários da construção redizira-se 25,7%, em linha com as perspetativas de emprego. E revelava que, em matéria de trabalho para os diversos órgãos da administração pública, se observava um recuo de 75,5% no valor das adjudicações.
O estudo do INE mostra, por outro lado, que o pouco que se constrói é de pequena dimensão. No ano passado, os edifícios concluídos apresentavam, numa média nacional, 1.5 fogos por unidade, sendo visíveis diferenças entre as regiões. assim, o Norte tinha a média mais baixa (1,2 fogos por unidade), enquanto Lisboa tinha a média mais elevada (2,2 fogos por edifício concluído).
No conjunto de fogos licenciados em 2012, as regiões com maiores quedas são as da Madeira (-35,8%), seguida dos Açores (-35,5%). Já nos concluídos, a situação mais grave é a do Algarve, com um recuo efetivo de quase 51%.
Uma das curiosidades deste balanço consiste no facto de o INE constatar, por um lado, que os principais recuos nos indicadores setoriais são oriundos da rubrica de construções novas para habitação familiar, e, por outro, uma clara prevalência (cerca de 80%) das moradias no total de construções licenciadas. Isto explica a baixa média de fogos por edifício que depois são concluídos.
Com a atividade a acusar sucessivas deteriorações, o nível do emprego na construção sofre em paralelo. Esta semana, a federação dos industriais do setor dava conta de que o desemprego aumentou em 20.090 pessoas em Janeiro quando comparado com o mesmos mês de 2012.
A Fepicop referia, então, que houve "um aumento histórico do desemprego" em Janeiro, situando-se nos 110.522 desempregados oriundos da construção, "o que traduz um aumento de 20.090 pessoas face ao número apurado no primeiro mês de 2012 (81.432)".
Segundo a federação, "o ritmo da crise que afeta o setor da construção agravou-se em 2012 e não dá mostras de abrandar com a entrada num novo ano".
A análise da Federação Portuguesa de Construção sustentava também que o acesso ao financiamento bancário "não revela melhorias" já que, em Dezembro do ano passado, o crédito às empresas traduzia uma redução homóloga de 3,1 mil milhões de euros, enquanto o crédito à habitação registava uma quebra de 27,6%.
Fonte: Público
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