28 março 2013

Portugal no MIPIM


Acabou no dia 15 de março a 24.ª edição do MIPIM (Le Marché International des Professionnels de l'Immobilier), em Cannes, França.
Este evento é uma montra única para captar investimento, com mais de 18 mil m2 de área de exibição, 1650 CEO, 1863 empresas em exibição, 4130 investidores, 415 jornalistas, oriundos de 83 países e com cerca de 20 mil visitantes. Portugal esteve representado com 44 participantes, num total de 25 entidades.
Muitas vezes nos perguntamos qual a utilidade e retorno de estar num evento como este. A resposta é simples: alargar a rede de contactos, exportação de serviços, captação de investimento, marketing das cidades, afirmação de uma região.

É impressionante ver o grau de sofisticação e de profissionalismo que cidades ricas como Londres, Paris e muitas outras colocam na sua apresentação. Lisboa esteve este ano com uma representação modesta, mas digna. Esperamos que este relançar do marketing da capital portuguesa ganhe mais meios e conteúdos, para benefício de todos nós. Basta atrair um novo investidor por ano para que o retorno exista.

O MIPIM é também um dos momentos do ano para medir o "sentimento de mercado". E o sentimento geral é de cautela nas opções de investimento, sentimento esse suportado por uma economia mundial que está em correção e com diferentes velocidades de crescimento. 

Existe um enorme stock de liquidez, das mais diversas origens, que tem de ser aplicado. Mas esta liquidez é prudente e exigente, ao contrário dos anos de euforia. A diversificação é a preocupação principal dos gestores de portefólios, focando numa relação risco/retorno bastante disciplinada.

Muitos investidores já perceberam que se focarem a sua estratégia apenas nos mercados core vão estar em franca concorrência com investidores de todo o mundo, esmagando as yields.

Assim, o sentimento que tivemos de diversos investidores (de origem europeia, sul americana, africana, asiática) é o de abertura para estudar mercados alternativos, desde que a relação risco/retorno seja apelativa.

O que pode isto significar para o mercado português? Que operações de investimento imobiliário bem estruturadas e que no ano passado não encontravam investidor devido ao enquadramento de risco de mercado podem este ano encontrar interessados?

É importante enfatizar que a principal motivação desses investidores para entrar num mercado pequeno, periférico e ilíquido como o nosso é a de encontrar boas oportunidades de investimento - baixo risco, retorno elevado. Estamos a passar do modo "esperar para ver" para "talvez compremos algo com yields entre 8 a 9% se for muito bom".

As preocupações destes investidores não têm a ver apenas com a estratégia de saída, mas também com o facto de os mercados ocupacionais estarem sob muito forte pressão, com expetativas de descida adicional das rendas e aumento das taxas de desocupação.

Em suma, é uma mensagem de prudência que os tempos aconselham. Mas também é uma mensagem de esperança: com mais trabalho do que é costume, com realismo e enfoque nas motivações de cada um dos investidores, há espaço para se realizarem transações.

Há que ser realista, focado e consciente da volatilidade dos tempos que atravessamos. Não esperamos crescimento dos valores. Mas temos bases para gerar liquidez - e essa liquidez hoje é vital para poder colocar o nosso mercado a trabalhar.

Por Luís Rocha Antunes, Partner, diretor de investimento na Cushman & Wakefield
Fonte: OJE

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