20 abril 2013

Acesso ao Espaço Schengen atrai chineses a comprar "casas de luxo" em Portugal


O acesso ao Espaço Schengen é uma das principais razões que atrai a comunidade chinesa a procurar "casas de luxo" em Portugal. A razão está associada à nova lei que permite aos residentes de fora da União Europeia adquirirem o visto de residência se fizerem um investimento imobiliário com valor superior a 500 mil euros.

A norma entrou em vigor há três meses e as imobiliárias começam já a fechar os primeiros negócios. Segundo o Jornal de Negócios, quem procura mais são os chineses e o acesso ao Espaço Schengen é uma das principais razões.

"De certeza que é só com 500 mil euros? Mas depois podemos ir para a Alemanha?". Rui Pereira da Silva, administrador da mediadora Cobertura, explica, com base na sua experiência, que esta é uma questão que alguns investidores colocam aquando da compra da casa.

Outras razões que levam os cidadãos a investir no setor de luxo das imobiliárias, é a possibilidade de encontrar em Portugal um refúgio político ou instalar a família no país para que os filhos possam estudar na Europa. Há também quem pretenda uma alternativa ou uma diversificação do investimento, mas essa razão não é tão frequente.

Também os locais escolhidos para a compra não variam muito. Luís Lima, presidente da associação do setor, a APEMIP, explica que "90% dos pedidos são feitos para esta zona, [Lisboa], mas também para Cascais e para o Estoril. É igual ao que sucede em França, em que procuram Paris". Segundo Luís Lima, a capital pode ser apenas o início de um empreendimento maior. "Depois de o canal estar aberto pode ser que possamos abrir para outras regiões: Norte, Algarve e Douro", acrescenta.

Pereira da Silva, explica que, em alguns casos, os chineses "chegam através de agências de imigração com vários intermediários pelo meio, em grupos de 10 ou de 15. Visitam vários empreendimentos, e os negócios que se concretizaram são de chineses que vêm através de escritórios de advogados". A Cobertura já fechou três negócios deste tipo.

Apesar da maior tendência vir da China, não é a única comunidade que aproveita esta oportunidade e vem para Portugal. Segundo Elísio Martins, presidente da O&O - Luxury Real Estate - que já fechou seis negócios através desta nova lei, no Algarve, a Índia, a Arábia Saudita e a Tanzânia são mercados em "que há potencial de vistos de residência".

"Quando a notícia foi anunciada em outubro, começámos logo a difundi-la. Criámos um 'site' dedicado a essa medida traduzido em russo, em inglês e em mandarim. Tentámos fomentar várias parcerias em mercados em que vimos que há potencial", explica o presidente.

No caso da Tanzânia, o público-alvo é a comunidade indiana que é proprietária de indústrias no país, explica Elísio Martins. "Eles viajam muito pela Europa, e enfrentam frequentemente o desafio de entrar no Espaço Schengen", acrescenta.

Em vez de comprarem apenas uma casa com valor superior a 500 mil euros, a modalidade mais procurada é a compra de mais que uma fração, em que o preço combinado atinja esse valor. Segundo o Jornal de Negócios, os negócios feitos não têm ultrapassado muito o mínimo fixado pela lei.

A sociedade de advogados Abreu Advogados, através do sócio Duarte de Athayde, enquadra a medida no contexto do imobiliário em Portugal que "cataloga de muito favorável". Não teve um "crash", como em Espanha, mas viveu uma significativa queda de preços que promoveu uma grande variedade de oportunidades. Athayde acredita que a aposta no turismo residencial catapultará o país para produzir oportunidades para investimentos para quem procure uma casa de férias ou para a reforma.

Fonte: Dinheiro Vivo/Negócios

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