O mercado imobiliário está em constante mutação, e cabe-nos a nós, profissionais do setor estar atentos às tendências que emergem internacionalmente, e fazer parte dessa mudança. E, um pouco por toda a Europa estão a emergir tendências que irão ditar o desenvolvimento do setor nos próximos anos.
Em primeiro lugar, e sobretudo no imobiliário comercial, uma dessas tendências aponta claramente para um maior foco a favor dos ativos core plus. E a razão é simples: o spread entre as yields dos ativos imobiliários core e as yields das obrigações do Tesouro está hoje no seu auge, o que indica que há uma criação de valor simples e segura neste setor.
Isto não significa que consideremos que os investimentos oportunísticos ou de valor-acrescentado irão ser menos atrativos; não, o que acreditamos é que os ativos de imobiliário terciário core-to-core plus serão interessantes quer para investidores institucionais, quer para investidores privados.
Outra tendência chave, e que creio que está já a ficar incutida no nosso ADN, é a Sustentabilidade. A coisa boa acerca da sustentabilidade é que é a via perfeita para conciliar a relação entre a ética e apetência para o lucro. Temos de adaptar a nossa sociedade para uma melhor utilização da energia e dos recursos. Em termos de eficiência económica, faz cada vez mais sentido construir e/ou reabilitar edifícios tendo em vista torná-los o mais eficiente possível em termos de consumo energético, porque isto fará reduzir o custo de utilização e, consequentemente torná-los-á mais atrativos do ponto de vista dos inquilinos e, consequentemente, mais atrativos também para os investidores. Por exemplo, recentemente fizemos uma intervenção profunda no Edifício Pablo Picasso, no subúrbio parisiense de Naterre, com o objetivo de obter o PEQA, BBC Effinergie Label, o selo atribuído pelo Governo francês aos edifícios com baixo consumo energético. E o resultado foi um edifício muito mais “amigo” do ambiente (com uma redução de 70% no consumo de energia), mas também mais confortável, e mais eficiente para os inquilinos.
Além disso, penso que provavelmente teremos que procurar cada vez mais melhores oportunidades que possam corresponder aos interesses dos investidores e proprietários ou vendedores, com vista a um novo equilíbrio. Não creio que irá surgir um manancial de oportunidades de ouro neste setor em dificuldade, ou que irão haver ativos em massa à espera para serem vendidos a preço de liquidação ou por bagatelas; há anos que aguardamos que isso aconteça e a verdade é que até agora muito pouco aconteceu na realidade.
Na verdade, creio que temos sim que procurar por um maior equilíbrio. Por exemplo, é óbvio que o facto de a disponibilidade da Banca, cada vez mais cautelosa, para financiar o imobiliário ter diminuído drasticamente na Europa, está inevitavelmente a afetar o lançamento de novos edifícios, o que pode ser constatado pela redução do novo stock. E, isto está a fazer com que se venha a verificar uma escassez de stock nos anos vindoiros, criando também dificuldades no lançamento de novos projetos especulativos, o que também é um problema, pois estes últimos são necessários, para que o mercado possa ter um stock suficiente de edifícios. Teremos pois que ser criativos na forma como vamos lidar com isto e em como ajudar os proprietários e os investidores a encontrar uma via para negociar.
David Aubin, Head do BNP Real Estate Investment Management (Europe Real Estate)
Fonte: VI
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