Imobiliárias apostam na venda de casas de bancos

As imobiliárias encontraram uma solução para livrar os bancos das casas que têm em carteira devido à quantidade de famílias que deixaram de conseguir pagar os créditos: vender ao melhor preço possível. As famílias livram-se do crédito e os bancos recuperam algum dinheiro. Parece simples, mas até há uns meses os bancos não queriam aceitar as perdas - é que o preço de compromisso é sempre inferior à dívida.

O conceito de short sales ou vendas curtas vem importado dos EUA, onde o rebentamento da bolha imobiliária obrigou bancos, imobiliárias e famílias com dificuldade em cumprir os créditos à habitação a criar a melhor solução para todos. Quando o valor em dívida é superior ao valor de mercado da casa e as condições financeiras da família não permitem suportar a diferença, é encontrado o valor possível aceitável entre todos os envolvidos e feita a venda. Chama-se “curta” por o valor da venda não cobrir o montante em dívida.

“Com as short sales, os bancos evitam processos demorados e caros, e não têm de ficar com imensos imóveis em carteira. Os consumidores conseguem resolver o problema da dívida sem entrar em incumprimento e, por isso, podem comprar outra casa à altura do novo orçamento, como fazemos há anos nos EUA”, explica Ricardo Sousa, administrador da Century 21 Portugal. Cerca de 30% das vendas da terceira rede imobiliária em Portugal já vêm de casas de bancos e o objetivo é apostar nas vendas curtas.

Para a líder de mercado, a Remax, as short sales também não são novidade. Segundo Gustavo Jorge, responsável de Operações, “a Remax já desenvolve em Portugal operações deste tipo com clientes que têm dificuldades em cumprir os encargos associados à hipoteca. A Remax intervém no sentido de comercializar rapidamente, antecipando eventuais situações de incumprimento ou execução”. As vendas curtas são “uma solução ajustada às dificuldades que o mercado apresenta, com claros benefícios para todos”.

No ano passado, cerca de 25% das vendas da ERA foram casas de bancos. Miguel Poisson, diretor-geral em Portugal admite que já foram “contactados por alguns bancos” para fazer short sales, em busca de “uma solução não litigiosa que evite o risco de incumprimento”. As vendas curtas são “uma alternativa para a banca e o cliente, além da revisão da prestação da hipoteca ou troca de casa”. “Todos beneficiam”, garante.

Fonte: Dinheiro Vivo