23 julho 2013

Atividade projetista e construção vivem “agonia” em Portugal, alerta Siza Vieira


Segundo o arquiteto, “é usual agora, os projetos apresentarem custos para obras 30 a 40% abaixo do real”.
O arquiteto Siza Vieira alertou ontem que a atividade projetista e a construção, em Portugal, estão a viver uma “agonia”, porque “a regra vinda de cima” é adjudicar projetos “abaixo do preço mínimo”.

“Agora há pouco trabalho e há um processamento que é terrivelmente errado. São as instruções que vêm de cima: os projetos devem ser entregues a quem levar menos dinheiro e as obras devem ser entregues a quem faz melhor preço, o que é uma coisa que resulta extremamente cara para o país”, explicou o arquiteto.

Em declarações à agência Lusa, à margem da visita que realizou hoje a uma obra de sua autoria, em Felgueiras, Siza Vieira acrescentou: “Essa é uma anomalia terrível e para a arquitetura, é um golpe de agonia, porque, antigamente, antes destas novas orientações, primeiro havia um custo mínimo obrigatório para os projetos e os projetistas não podiam levar abaixo de uma tabela que existia”.

Segundo o arquiteto, “é usual agora, os projetos apresentarem custos para obras 30 a 40% abaixo do real”.

Essa situação, disse, provoca muitas vezes a paragem antecipada das obras por falta de dinheiro e, noutros casos, “as empreitadas são mal feitas”.

Siza Vieira admitiu que o problema também se verifica noutros países, nomeadamente em Espanha, onde, afirmou, um projeto seu, na fase de construção, teve recentemente de parar, porque o dinheiro não foi suficiente para o empreiteiro pagar os seus compromissos.

O projetista reclamou a necessidade de Portugal “mudar a sua estratégia, para que não haja empreiteiros a cair, gerando mais desemprego”.

“Isto é uma cadeia terrível, que diz respeito à construção, mas que, no fundo, diz respeito a tudo”, concluiu.

Para o arquiteto do Porto, a situação atual do país acaba por penalizar uma nova geração de projetistas, “gente de muita qualidade”.

Siza Vieira visitou as obras de remodelação da praça Dr. Machado de Matos, em Felgueiras, numa área de 22.000 metros quadrados, trabalhos que se baseiam num projeto elaborado há cerca de 15 anos.

A remodelação inclui a construção de um parque de estacionamento subterrâneo com capacidade para 200 automóveis.

A empreita custa cerca de 3,5 milhões de euros, é financiada em 85% por fundos europeus e deverá estar concluída em meados de setembro.

Fonte: iOnline

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