20 outubro 2013

Colégios colocam casas em alta


Comprar casa perto de um bom colégio ou de uma universidade de referência é um fator de peso para as classes média-alta e alta durante o processo de decisão.

Para quem anda à procura de casa e tem filhos, a proximidade de escolas é sempre um fator de peso na hora da decisão antes de concretizar a compra do imóvel. Uma casa perto de um estabelecimento de ensino bem cotado pode valorizar até 10%, ainda que, por si só, essa proximidade não seja determinante se a envolvente não for a mais favorável.

É no segmento médio alto e alto que esse critério pesa mais, como realça Eduardo Garcia e Costa, sócio da Remax Ábaco, agência que é campeã de vendas de imóveis, dentro da rede Remax.

Mas o que pesa mais na decisão de compra é mesmo a envolvente. O responsável da Remax Ábaco lembra o caso da Alta de Lisboa. "Tem vários colégios privados próximos, num raio máximo de dois quilómetros, onde se incluem o Planalto, as Doroteias ou o S. João de Brito. Além disso, os edifícios possuem a mesma qualidade de construção que na Quinta das Conchas ou Lumiar, mas a envolvente não atrai", diz Eduardo Costa. Mesmo com os preços das casas 25% mais baixos no Lumiar.

Ricardo Sousa, CEO da Century 21, partilha a mesma opinião, acrescentando que a proximidade a escolas pela sua reputação não tem, por si só, uma influência na procura. "Contudo, os melhores colégios, na sua maioria, estão em zonas mais nobres e também as piores escolas estão em zonas mais problemáticas, onde os fatores que influenciam negativamente os preços não passam apenas pela 'fama' da escola", ressalva.

Bolsa de imóveis

A verdade é que em Lisboa são numerosas as zonas em que a proximidade a faculdades ou colégios privados criou bolsas de imóveis cujo preço se manteve quase inalterado durante a crise, enquanto a generalidade do setor assistia à queda acentuada de valor `devido à crise.

Esta resiliência é possível porque tem na sua origem não só uma procura para venda mas frequentemente para arrendamento que se mantém elevada e estável. E que cada vez mais desperta a atenção dos investidores, sejam eles particulares para uso próprio ou quem tem em vista um negócio de compra para depois arrendar a terceiros, que se afigura crescentemente dinâmico.

Muitos imóveis situados em zonas como Amoreiras e Campo de Ourique (Liceu Francês, Salesianos), Campolide (polo de Economia da Universidade Nova), Dafundo (Instituto Espanhol), Campo Grande (Colégio Moderno), Avenida de Berna, Entrecampos, Campo Grande, Alameda (Instituto Superior Técnico), entre outros, "não desvalorizaram nos últimos anos ou tiveram desvalorizações residuais, justamente por estarem localizados em zonas onde existe uma procura constante por arrendamento, para estudantes mas também para professores", confirma Miguel Poisson, diretor-geral da ERA.

Um fenómeno que tem acontecido também no Porto. Nuno Torgal, administrador da loja ERA Boavista Foz, fala ainda de um outro fenómeno recente. "Há um claro aumento dos arrendamentos. E se antes muitos pais compravam casa para os seus filhos virem para cá estudar, agora assistimos muito a pais que Vêm procurar um imóvel para que os filhos, eles próprios, depois o possam arrendar a amigos. Afinal, essa é a melhor forma de sustentarem a estada dos jovens".

A mais recente tendência de arrendamento são as chamadas "ilhas" da Invicta, diz Nuno Torgal, "São casas pequenas com uma entrada e um pátio comum. Existem muitas no Porto, e algumas até ficam em zonas nobres da cidade - o Campo Alegre, por exemplo, que fica na área das faculdades, tem várias. A procura, atualmente, por este tipo de habitações é muito grande. E porquê? Porque são unidades pequenas, fáceis de converter, e ideais para criar comunidades de estudantes", destaca o administrador da ERA Boavista Foz, lembrando que "há casas destas que se compram por 20 ou 25 mil euros".

Quanto a tentar perceber quanto valem imóveis localizados junto a bons estabelecimentos de ensino, quando comparados com casas similares mais afastadas, Nuno Torgal admite, numa opinião estritamente pessoal, "que eles serão os primeiros a valorizarem-se quando o mercado começar efetivamente a crescer, e este movimento poderá chegar aos 10% dentro dos próximos três anos e a partir de cinco anos poderá atingir os 20%.

Fonte: Expresso

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