03 novembro 2013

Chineses querem terrenos na EXPO


Investidores chineses estão a comprar terrenos para construir prédios e vender diretamente a outros chineses.
A procura exponencial dos compradores chineses por casas situadas no Parque das Nações (uma das suas zonas de eleição), motivada pelo 'golden visa', está a levar ao escoamento de stocks nesta parte da cidade e a criar um novo movimento no mercado imobiliário a que já não se assistia desde o início da crise, em 2008: a compra de terrenos para construção de raiz. Esta intenção vem não só de construtores portugueses mas, e sobretudo, de empresas chinesas.


"Começa a haver escassez de casas que se enquadrem nas preferências dos investidores chineses. Diria mesmo que no próximo ano e meio já não haverá o produto que eles pretendem e, por isso, eles próprios se estão a antecipar a essa situação procurando terrenos, com projetos já aprovados, para construir. Eles querem desenvolver todo o projeto, desde a raiz até à comercialização", conta Luís Fernandes, sócio da Remax Expo, que no último mês e meio está a vender a chineses a um ritmo de duas a três casas por dia, não só na Expo como em Cascais, Estoril e centro de Lisboa.

Manuel Neto, responsável pela Engel&Volkers Lisboa, agência instalada no parque das Nações, confirma também a tendência recente. "As primeiras visitas que recebemos com esse propósito específico realizaram-se no início de outubro. Os compradores chineses têm interesse em terrenos com projetos aprovados para adaptarem eles próprios e depois comercializarem. Uns querem dar a construção a empresas portuguesas, outros estão dispostos a assumir toda a construção", realça Manuel Neto, acrescentando que alguns destes investidores são promotores imobiliários e empresas de construção.

Ter o projeto já aprovado é relevante para estes investidores pois ganham tempo e agilizam os processos, ficando o imóvel terminado mais rapidamente. Imprescindível é também a adaptação desses mesmos projetos, moldados ao gosto do cliente chinês. "A construção orientada segundo os princípios do feng-shui ou a utilização de cores fortes nos acabamentos das casas são questões essenciais para os chineses", exemplifica o responsável da Engel&Volkers do Parque das Nações, que tem neste momento cerca de três terrenos em negociação. Dois proprietários desses terrenos deslocaram-se esta semana a Hong Kong para encetar negociações, um processo feito em parceria com a Engel&Volkers Hong Kong.

A escassa oferta de terrenos na Expo não está, aparentemente, a condicionar os preços. "Estão a conseguir comprar abaixo dos €1.000 por m2 de construção acima do solo. Estão a conseguir comprar a valores 20% a 30% mais baixos do que os praticados antes da crise no imobiliário", salienta ainda Luís Fernandes, da Remax Expo. Além desta zona, os chineses estão igualmente atentos às zonas de Cascais e Estoril e também à Baixa da capital. Também aqui querem localizações muito específicas, aponta Manuel Neto. "Para a Avenida da Liberdade, por exemplo, pedem-nos imóveis para reabilitar que estejam na parte de cima, do lado direito. Ou seja, no seguimento das lojas da Prada, Cartier ou da Louis Vuitton", conta.

Como refere Luís Fernandes, "os chineses querem estar onde estão as pessoas e as empresas que têm dinheiro". Também a Remax Expo já intermediou a venda de imóveis para reabilitar no Bairro Alto, no Chiado e na Baixa, a maior transação das quais chegou aos €3,6 milhões.

Para já, prossegue em grande ritmo a venda de casas prontas a habitar. "Acreditamos que até ao final do ano iremos vender cerca de 200 apartamentos que se enquadram nos critérios deles: casas novas, de preferência com vista-mar ou vista-rio, boas acessibilidades, com zona de comércio e escolas, e se possível, na proximidade de casinos", especifica ainda o responsável da Remax Expo, referindo que esta loja irá fechar o ano com uma faturação na ordem dos €4 milhões, um aumento de 300% em comparação com o ano de 2012.

Fonte: Expresso

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