Paris tem as rendas mais caras da Europa para o retalho, seguida de Zurique e Londres, as cidades preferidas pelos retalhistas de luxo internacionais. Um estudo da consultora Jones Lang LaSalle (JLL) - o relatório "Destination Europe 2013" - revela ainda que Lisboa se consegue posicionar em l9º destino europeu preferido para a abertura de lojas, num total de 56 cidades, colocando-se assim no primeiro terço da tabela do estudo.
O aumento exponencial de consumidores com poder de compra, vindos essencialmente de países emergentes, está na origem desta dinâmica, que em Lisboa se centra principalmente na Avenida da Liberdade. "São turistas provenientes de países como a China, Angola, Brasil ou Rússia que circulam nesta artéria e que vieram despertar este interesse, uma vez que são potenciais clientes que procuram este tipo de marcas. As recentes aberturas da Cartier, Max Mara, Michael Kors e Torres Joalheiros vêm comprovar este interesse", diz Patrícia Araújo, responsável pelo departamento de retalho na JLL, acrescentando que nesta artéria os preços das rendas atingem os €70/m2/mês.
Fora de Portugal são também esses consumidores que explicam este crescendo do comércio de luxo em contraciclo com a economia global. O relatório destaca os países BRICS — Brasil, Rússia, índia, China e África do Sul.
Rendas duplicaram
Em resposta ao estímulo provocado pelos clientes, as marcas de luxo multiplicaram a abertura de lojas nas zonas prime. Com efeitos diretos ao nível imobiliário, como acontece como acontece em Paris. O relatório lembra que "a procura de espaços no triângulo dourado parisiense (que integra as avenidas dos Campos Elísios, George V e Montaigne) mantém-se elevada, enfrentando, contudo, uma oferta quase inexistente. Em 18 meses, as rendas tradicionalmente pagas pelo sector de luxo quase duplicaram na famosa avenida dos Campos Elísios, alcançando os €18.000/m2/ano (zona A)".
Os valores prime estão também num percurso crescente para cerca de €9.000/m²/ano na Avenida Montaigne e para €7.500/m²/ano na Rua Saint-Honoré, com a Armani, a Fendi e a Qela a juntar-se a marcas como a Dior ou a Chanel, que inauguraram já este ano.
Novas áreas de luxo em emergência
Com o Triângulo Dourado na sua plena capacidade, as oportunidades para capitalizar a procura de luxo começam a emergir em novos bairros e em áreas que estão a expandir-se ou a reforçar o seu posicionamento no segmento alto.
Com a oferta de espaços esgotada na avenida mais cara da Europa, as marcas de luxo procuram alternativas. "Na margem direita do Sena, o bairro de Haussmann/Opéra está a ser alvo de importantes alterações no sentido de elevar a sua oferta de retalho, estando prevista a abertura de lojas da Cartier, Tag Heuer e Omega em 2013/14". As rendas tradicionalmente praticadas nesta área alcançam €7.500/m²/ano. Enquanto na "margem esquerda, o bairro de Saint-Germain-des-Prés está igualmente a reforçar a sua oferta de comércio de luxo nos últimos dois a três anos, com a vinda das lojas-modelo da Ralph Lauren e da Hermès". Ainda assim, as rendas cresceram e os melhores espaços estão agora a ser transacionados em torno dos €5.500/m²/ano.
Para Sophie Benaïnous, outra tendência que está a verificar-se não só em Paris mas noutras cidades europeias é que “O setor de luxo adapta-se bem e irá gerar negócio onde quer que esteja. As marcas de luxo estão agora a ir mais longe, procurando “deixar” as ruas de Paris para investir também em centros comerciais nos próximos anos. Esta diversificação é diretamente inspirada pelos centros comerciais dos países emergentes, cujo feedback de sucesso tem encorajado as marcas de luxo a investir neste novo ambiente de centro comercial”.
Patricia Araújo dá o exemplo do Westfield London Shopping Centre onde as marcas de luxo têm uma expressividade significativa, convivendo no mesmo espaço com as marcas mass market. "Foi criada uma zona com um ambiente e até uma luminosidade diferente - o The Village - onde se concentram as marcas de luxo, como a Dior, Gucci, Furta, Prada, Jimmy Choo ou a Burberry, entre muitas outras".
Fonte: JLL/Expresso
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