29 dezembro 2013

Alerta para nova bolha nos EUA

Los Angeles é um dos focos da nova bolha nos EUA
Os Estados Unidos estão na iminência de um novo boom na especulação imobiliária. Em Setembro, em comparação com o mesmo mês de 2012, o aumento dos preços de imóveis foi de 12,8%. E na Califórnia ou no Nevada chegou aos 20%. O índice Case-Shiller - que valeu o Prémio Nobel de Economia deste ano a Robert J. Shiller - soou o alarme em Abril, quando calculou que a taxa de aumento na habitação tinha atingido o seu nível mais alto desde que a bolha estourou, em 2007-2008.

Shiller foi um dos poucos que previu o colapso das hipotecas subprime, um ano antes da queda do Lehman Brothers e da recessão global de 2008. “Em muitos países os preços imobiliários têm subido muito. Estou particularmente preocupado com o boom nos Estados Unidos, porque a nossa economia ainda está fraca e vulnerável”, revelou Shiller no início deste mês, à revista alemã Der Spiegel.

No entanto, um sinal poderoso veio do banco central dos EUA, pelo presidente do Federal Reserve de Dallas, Richard Fisher: “Estou a começar a ver sinais em todo o país de que estamos a entrar, novamente, numa bolha”.

A crise de 2008 teve o seu epicentro em hipotecas de alto risco, concedidas a pessoas que muitas vezes nem tinham trabalho. Agora, o segmento que mais alimenta a bolha são as hipotecas 'jumbo'. O regulamento estipula que os empréstimos hipotecários para uma família nos EUA não podem exceder o limite de 417 mil dólares ou, no caso das áreas mais caras, como Nova Iorque ou Los Angeles, 625 mil dólares.

Quem pretender um empréstimo acima desse valor entra no reino do 'jumbo', que normalmente requer maior taxa de juro (em geral, 0,25% acima). Mas agora os bancos estão a promover hipotecas 'jumbo' de 30 anos, por menos do que os empréstimos padrão.

Peter Zalewski, da Condo Vultures, consultora imobiliária na Flórida, revelou à BBC que se trata de uma especulação mais focada. “Na bolha anterior, professores, bombeiros, empresários, taxistas, todos estavam envolvidos. O que vemos agora são nichos: imóveis que valem um milhão de dólares, por exemplo para os americanos ricos ou estrangeiros e investidores institucionais”, explicou.

Em cidades como Nova Iorque, Los Angeles, San Francisco, Miami e Washington, a pressão sobre os preços é muito maior do que em outras áreas. Em Sacramento, por exemplo, o aumento bateu 34,1%, em Las Vegas, 33,3% e em Riverside, Califórnia, 31%.

Brasil também em risco

O Brasil é outro dos países onde Shiller prevê uma bolha. Numa palestra da BM&FBovespa em Setembro, apontou o aumento ininterrupto dos preços imobiliários, nos últimos cinco anos, enquanto ocorre exactamente o oposto nos países mais ricos, em crise.

Também Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central, afirmou em Novembro que o Brasil enfrenta uma bolha imobiliária. Para o economista, o facto ocorre “claramente em algumas regiões do Rio de Janeiro e de São Paulo”.

O economista Nouriel Roubini, famoso por prever a crise financeira de 2008, num artigo publicado no Project Syndicate, avisa que estão a aparecer bolhas em grandes centros urbanos do Brasil, Turquia, Índia e Indonésia. Também o Canadá, Nova Zelândia, França, Alemanha e outros países europeus são exemplos apontados. “Os sinais: aumentos constantes em relação à renda total e de dívida imobiliária em relação a dívida total”, explica.

Até no Reino Unido está a ocorrer o fenómeno. A imobiliária Savills revela que 38% das moradias do centro de Londres estão a ser compradas por estrangeiros. Ainda no início deste mês o novo presidente do Banco da Inglaterra, Mark Carney, explicou no The Guardian que teve de intervir ao desviar para pequenas e médias empresas os fundos de ajuda destinados ao sector imobiliário.

Portugal nunca teve bolha

Em Portugal, todos os especialistas defendem que nunca tivemos uma bolha imobiliária. Aliás, o nosso mercado é muito apetecido neste momento, onde o património tem vindo desvalorizar. Luís Lima, presidente da APEMIP, afirma que Portugal é objectivamente seguro, sem sombra de bolha imobiliária nos últimos anos, e que interessa a investidores nacionais e estrangeiros. “Estou esperançado com o fim da retracção de alguns investidores imobiliários e o nosso mercado assume-se como apetecível”, explica.

Fonte: SOL

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