16 fevereiro 2014

Vistos gold estão a servir para 'enganar' chineses


Situação preocupa AIP que prepara missão à China no próximo mês.
O fenómeno dos vistos gold e dos milhões trazidos pelos chineses está a ser aproveitado por algumas mediadoras e promotores imobiliários para a prática especulativa de preços nos imóveis. Situações que, segundo o Expresso apurou junto de várias empresas de mediação que cobrem o mercado residencial em Lisboa, envolvem intermediários chineses que cobram comissões muito elevadas, na ordem dos 20%/25% e que imputam esse valor ao preço final a pagar pelo cliente. Sem o devido conhecimento deste. 

"Aparecem neste momento em Portugal dois tipos de clientes chineses", conta um dos mediadores imobiliários que pede para não ser identificado: "Os que vêm sozinhos, começam a ver casas, Passam por uma agência e por outra, andam essencialmente à procura de yields e não se fazem rogados até tomar a decisão onde investir. Fazem jus à ideia que se tem dos chineses como grandes negociadores. Este cliente é como outro qualquer e faz um negócio dentro das leis do mercado. Mas depois há os outros que vêm acompanhados por mediadores ou angariadores de negócios chineses. Esse agente exige à mediadora portuguesa uma comissão de valore astronómicos. E neste momento há chineses a pagar €520 mil por apartamentos que valem €350 mil, por exemplo" adianta este mediador. Outro mediador, também de uma agência pertencente a uma rede imobiliária de grande expressão em Portugal, reforça: "Estes chineses são colocados em aviões, aterram em Lisboa, e durante 48 horas apenas visitam as casas que os interniediários mostram. "É o que se está passar. Ficam ocupados 24 horas por dia e saem do país sem uma noção do mercado, confiando apenas e inteiramente em quem os traz para cá". 

Uma situação que está a provocar mal-estar no sector até porque os chineses representam 66% dos vistos gold emitidos até agora, um peso muito significativo que se deverá manter ou até aumentar este ano e que ninguém, no mercado imobiliário português, quer perder. 

Um tema que tem sido seriamente discutido nos preparativos da próxima missão da Fundação AIP à China que vai marcar presença num dos mais importantes eventos para captação de investimento chinês a realizar já no próximo mês em Xangai. 

433 vistos gold emitidos 

A comitiva, que inclui 12 empresas e entidades portuguesas entre promotores e vários bancos (como o BCP, CGD ou o BES) e também o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, tem a missão de dar a conhecer o grande potencial que existe atualmente no imobiliário português, mas não só: a organização quer, acima de tudo, mostrar que o mercado português é seguro e fiável. "Queremos transmitir a ideia aos investidores chineses que podem comprar cá sem haver exageros de overprice" , sublinha Luís Lima, presidente do Conselho Estratégico do Salão Imobiliário de Portugal, em entrevista ao Expresso e que reuniu vários outros elementos da comissão organizadora das feiras da AIP.

Jorge Oliveira, diretor da área de Feiras da AIP, reforça: "Temos conscíência da pequena gota que está a desaguar em Portugal comparado com o potencial que a China tem como um todo. Esta visita, além de dar um incremento às empresas, tem também o objetivo claro de mostrar ao mercado chinês - e esta é uma visita com caráter oficial que as oportunidades de negócio que existem no mercado português são credíveis e fiáveis. Queremos transmitir confiança aos investidores chineses, o que é para nós um ponto muito importante". Basta ver os números dos vistos emitidos até agora para se perceber a importância dos chineses na captação de investimento: em 654 vistos gold, 433 foram para chineses.

Fonte: Expresso

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