Aumento na concessão de crédito para compra de imóveis fora da carteira dos bancos faz aumentar "spreads" implícitos nos financiamentos.
As taxas implícitas no crédito à habitação voltaram a subir no mês passado, agravando-se pelo sexto mês consecutivo. Um aumento explicado pela subida das taxas de mercado, mas no caso dos novos financiamentos é também reflexo da prática de "spreads" mais elevados. Não que os bancos os tenham agravado, pelo contrário. Mas antes pelo facto de mais empréstimos terem sido concedidos para a aquisição de imóveis que não são da banca, logo sem condições promocionais.
De acordo com os dados do INE, as taxas implícitas no crédito para a compra de imóveis subiram pelo sexto mês consecutivo, para 1,432%. Aumentaram em 1,2 pontos-base face a Janeiro, mas quando analisados os empréstimos contratados nos últimos três meses, o agravamento foi bem mais expressivo: 11,9 pontos-base, ascendendo a 3,073%. A taxa implícita nestes novos financiamentos está em níveis de Maio.
Nos créditos mais recentes, não foi só a Euribor a tornar o financiamento mais oneroso. Os "spreads" também subiram (de 2,648% em Janeiro para 2,744% em Fevereiro, descontando o impacto dos indexantes de mercados), reflexo do aumento da concessão de crédito pelos bancos para outros imóveis além dos seus. "As transacções via mercado tradicional estão a aumentar substancialmente", diz Beatriz Rubio, CEO da RE/MAX Portugal. "Temos registado um ligeiro aumento da actividade de crédito à habitação, por parte de alguns bancos, fora das suas carteiras de imóveis", refere Ricardo Sousa.
Nos imóveis que têm em carteira (por incumprimento), os bancos tendem a apresentar soluções de financiamento mais atractivas, nomeadamente "spreads" especiais que variam entre 1% e 2%. O aumento do crédito, "associado à diminuição do peso nas transacções dos imóveis de instituições financeiras terá influenciado, embora ligeiramente, o incremento das taxas implícitas", acrescenta o administrador da Century 21 Portugal.
Margens a descer
Embora tenha havido uma subida dos "spreads" implícitos nos novos créditos, não quer isto dizer que os bancos estão a cobrar mais para concederem o financiamento. Antes reflecte um regresso à normalidade do mercado, com os dados do INE a revelarem uma aproximação progressiva das margens praticadas pelas instituições financeiras àquelas que são apresentadas pelos bancos nos seus preçários – antes era altamente influenciado por "spreads" especiais. A média dos "spreads" mínimos, nos preçários, ronda os 3,2%, após as descidas recentes.
"Desde o início de 2014 temos verificado que os ‘spreads’ têm vindo a descer ligeiramente. Neste momento já há entidades a praticar ‘spreads’ inferiores a 3%", conta o responsável pela Century 21. Com efeito, de acordo com os preçários, depois do BES em meados do ano passado, já este ano o BCP, Crédito Agrícola e Banco Popular baixaram as taxas mínimas. E mais recentemente foi a vez do Santander Totta cortar o "spread" mínimo para 2,99%.
Esta evolução "é interessante e positiva, porque demonstra que o sistema financeiro está, gradualmente, a voltar a financiar a aquisição de habitação", diz Ricardo Sousa. "Não só se está a verificar uma redução dos ‘spreads’, como também se nota uma muito maior apetência por parte dos bancos para o crédito habitação. Este facto demonstra que o mercado está novamente a ‘mexer’ e os clientes estão mais confiantes pois a procura aumentou", conclui Beatriz Rubio.
Fonte: Negócios
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