25 março 2014

Mais crédito para casas que não são da banca faz subir "spreads"


Aumento na concessão de crédito para compra de imóveis fora da carteira dos bancos faz aumentar "spreads" implícitos nos financiamentos.

As taxas implícitas no crédito à habitação voltaram a subir no mês passado, agravando-se pelo sexto mês consecutivo. Um aumento explicado pela subida das taxas de mercado, mas no caso dos novos financiamentos é também reflexo da prática de "spreads" mais elevados. Não que os bancos os tenham agravado, pelo contrário. Mas antes pelo facto de mais empréstimos terem sido concedidos para a aquisição de imóveis que não são da banca, logo sem condições promocionais.

De acordo com os dados do INE, as taxas implícitas no crédito para a compra de imóveis subiram pelo sexto mês consecutivo, para 1,432%. Aumentaram em 1,2 pontos-base face a Janeiro, mas quando analisados os empréstimos contratados nos últimos três meses, o agravamento foi bem mais expressivo: 11,9 pontos-base, ascendendo a 3,073%. A taxa implícita nestes novos financiamentos está em níveis de Maio.

Nos créditos mais recentes, não foi só a Euribor a tornar o financiamento mais oneroso. Os "spreads" também subiram (de 2,648% em Janeiro para 2,744% em Fevereiro, descontando o impacto dos indexantes de mercados), reflexo do aumento da concessão de crédito pelos bancos para outros imóveis além dos seus. "As transacções via mercado tradicional estão a aumentar substancialmente", diz Beatriz Rubio, CEO da RE/MAX Portugal. "Temos registado um ligeiro aumento da actividade de crédito à habitação, por parte de alguns bancos, fora das suas carteiras de imóveis", refere Ricardo Sousa.

Nos imóveis que têm em carteira (por incumprimento), os bancos tendem a apresentar soluções de financiamento mais atractivas, nomeadamente "spreads" especiais que variam entre 1% e 2%. O aumento do crédito, "associado à diminuição do peso nas transacções dos imóveis de instituições financeiras terá influenciado, embora ligeiramente, o incremento das taxas implícitas", acrescenta o administrador da Century 21 Portugal.

Margens a descer

Embora tenha havido uma subida dos "spreads" implícitos nos novos créditos, não quer isto dizer que os bancos estão a cobrar mais para concederem o financiamento. Antes reflecte um regresso à normalidade do mercado, com os dados do INE a revelarem uma aproximação progressiva das margens praticadas pelas instituições financeiras àquelas que são apresentadas pelos bancos nos seus preçários – antes era altamente influenciado por "spreads" especiais. A média dos "spreads" mínimos, nos preçários, ronda os 3,2%, após as descidas recentes.

"Desde o início de 2014 temos verificado que os ‘spreads’ têm vindo a descer ligeiramente. Neste momento já há entidades a praticar ‘spreads’ inferiores a 3%", conta o responsável pela Century 21. Com efeito, de acordo com os preçários, depois do BES em meados do ano passado, já este ano o BCP, Crédito Agrícola e Banco Popular baixaram as taxas mínimas. E mais recentemente foi a vez do Santander Totta cortar o "spread" mínimo para 2,99%. 

Esta evolução "é interessante e positiva, porque demonstra que o sistema financeiro está, gradualmente, a voltar a financiar a aquisição de habitação", diz Ricardo Sousa. "Não só se está a verificar uma redução dos ‘spreads’, como também se nota uma muito maior apetência por parte dos bancos para o crédito habitação. Este facto demonstra que o mercado está novamente a ‘mexer’ e os clientes estão mais confiantes pois a procura aumentou", conclui Beatriz Rubio.

Fonte: Negócios

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