A emergência de uma procura com novas características está a mudar o mercado imobiliário de Angola, que atravessa uma nova fase de desenvolvimento, na qual se tem vindo a caminhar para um maior equilíbrio entre as forças de procura e da oferta, procurando-se uma maior adequabilidade ao que são as necessidades reais de uma economia onde começa a despontar uma classe média com maior poder de compra.
Trata-se de uma procura que é, por um lado, mais abrangente - isto é, que integra uma maior base de consumidores, devido, sobretudo, à emergência da classe média e à maior abertura no acesso ao financiamento bancário - mas também mais cautelosa.
O primeiro reflexo de uma procura com estas características foi precisamente o abrandamento no ritmo de vendas de imóveis em planta e mais importante, um impacto nos valores do imobiliário neste país, esperando-se que estes estabilizem face a períodos anteriores com maior desequilíbrio.
Esta nova fase do mercado imobiliário de Angola caracteriza-se também por esse maior equilíbrio entre a oferta e a procura nos diversos segmentos e, além disso, por uma maior profissionalização da indústria imobiliária e a criação e introdução de diversos mecanismos criados pelo Governo para, por um lado, garantir o acesso mais abrangente da população a produtos imobiliários, mas que terá, também, um impacto importante na captação de investimento institucional.
A habitação é um dos segmentos onde já se denota um maior acesso a produtos imobiliários, com o desenvolvimento de vários projetos governamentais nos quais se tem aplicado o modelo de Renda Resolúvel, permitindo que as classes média e média-baixa pudessem suprir necessidades de habitação. Ainda assim, o imobiliário habitacional em Luanda continua a ser marcado pelo desajuste entre oferta e procura, mantendo-se o défice habitacional para a classe média. Neste mercado predominam os produtos direcionados para as classe média-alta e alta, sendo notório um abrandamento do ritmo de vendas, razão pela qual também as técnicas de comercialização têm vindo a evoluir.
Adicionalmente, o crescimento da economia tem também motivado uma maior atividade empresarial, quer por via da entrada de empresas multinacionais, quer por via do reforço do tecido empresarial doméstico, o que tem sustentado a procura de espaços de escritórios. Para este mercado, e não obstante se verificar algum abrandamento face a anos anteriores, a Proprime estima que nos próximos quatro anos se vá continuar a assistir a um caminho de satisfação de procura, o que, progressivamente, deverá resultar num equilíbrio entre as duas forças e no respetivo ajuste de preços.
Estes fatores conjugados fazem igualmente notar a ainda escassa oferta de espaços comerciais modernos e estruturados, assim como de um imobiliário industrial mais vasto para dar resposta a necessidades de consumo emergentes diferentes das que existiam há uma década.
De acordo com a Proprime, o retalho em Angola continua a ser dominado por conceitos e formatos tradicionais, principalmente de lojas isoladas: embora existam já alguns centros comerciais e um retail park, é notória a escassez de empreendimentos neste formato com um mix de lojas mais atual e de marcas internacionais e sobretudo de projetos que possam dar resposta às novas necessidades de consumo da classe média. Com os indicadores económicos e o crescimento da classe média, é expectável a entrada de novos retalhistas internacionais em Angola, bem como um aumento do investimento nesta área.
No que respeita ao setor industrial, a indústria é também uma das áreas da economia com maior potencial de crescimento, com uma aposta clara do Governo em criar condições básicas para aumentar o investimento nesta área, incluindo na melhoria de infraestruturas, acessibilidades e criação de medidas para o investimento estrangeiro, impulsionando ainda a criação de Polos de Desenvolvimento Industrial (PDI).
No turismo, a palavra de ordem é também a desadequação entre oferta e procura, sendo óbvio o potencial de desenvolvimento que o mercado angolano tem nesta área e que vai muito além do segmento corporate. Atualmente, este setor é fortemente marcado pelo segmento de business/ corporate, sendo Luanda o principal mercado neste âmbito. Benguela e Lobito são zonas com grande potencial, mas que carecem ainda de oferta turística e hotelaria. O Governo está, contudo empenhado em transformar o turismo num motor de desenvolvimento económico.
Fonte: OJE
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