26 abril 2014

39 casas vendidas por dia a estrangeiros


No primeiro trimestre do ano foram vendidos 3500 imóveis a estrangeiros, segundo dados da APEMIP. Em Lisboa, os promotores estão a apostar forte nesta área orientada para o luxo.
Portugal está na moda e recomenda-se. Entre janeiro e março deste ano foram vendidas cerca de 3500 casas a estrangeiros, uma média de 39 por dia.

Números avançados pelo presidente da APEMIP (Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal) e que refletem bem o impacto de medidas como os vistos gold, as benesses fiscais para quem residir em Portugal por um período de seis meses ou a simples promoção para mercados até então descurados, como o brasileiro (que durante anos concentrou a sua aposta na habitação secundária em Miami, por exemplo). 

"Destas 3500 casas vendidas a cidadãos estrangeiros destacaria as 800 asseguradas não por chineses ou brasileiros mas sim pelos ingleses que voltaram a comprar em força em Portugal. Os chineses concretizaram 550 negócios e os franceses registaram o mesmo número. Nesta lista seguem-se os alemães com 180 casas e os belgas com 130", especifica Luís Lima, presidente da APEMIP. 

Números que dão conta de um bom começo de ano e que trazem otimismo ao mercado imobiliário. Segundo as estimativas feitas pelo Gabinete de Estudos da APEMIP, até ao final deste ano, o valor investido por estrangeiros em imobiliário português deverá fixar-se entre os 1,5 e os 2 mil milhões de euros. "E isto poderá traduzir num investimento muito maior, já que quando exportamos imobiliário, um euro investido acaba por se multiplicar rapidamente por quatro ou cinco se tivermos em conta que este bem será consumido internamente, acabando estes investidores por alargar o seu investimento a outros sectores como da saúde, hotelaria, restauração ou turismo", reforça o presidente da APEMIP. 

Já a beneficiar folgadamente do fenómeno destes investidores estrangeiros está o fundo Five Stars (fundo especial de investimento imobiliário fechado) que tem como sociedade gestora a ESAF (Espírito Santo Ativos Financeiros). Com sete imóveis no seu portfólio a que correspondem cerca de 100 apartamentos (24 já terminados, os restantes em obra), o Five Stars tem todos estes apartamentos vendidos. "Foi tudo vendido em planta. Cerca de metade, 50 apartamentos, foram comprados por chineses , mas temos muitos franceses e brasileiros e pessoas de outras nacionalidades, até do Curdistão e da Líbia", refere fonte da administração. Todos estes apartamentos já estão destinados ao mercado turístico, após a compra dos investidores. A taxa de rentabilidade, garante a fonte do Fundo Five Stars, é de 6% ao ano. 

Vendidos num ápice 

Um projeto mais recente, ligado a três sócios deste fundo mas pertencente a uma outra sociedade de investimento imobiliário, a Habitat Vitae, promete revolucionar o mercado residencial de luxo da zona do Cais Sodré. O Central Station, em tempos o antigo prédio dos serviços centrais dos CTT, vai ser um edifício habitacional com 103 unidades e também orientado para o alojamento de curta duração. 

Os preços "não estão fechados mas deverão variar entre os €3750 e os €6000 por metro quadrado", refere a mesma fonte, referindo que o imóvel chamar-se-á Eight Building (o oito é um número de sorte para os chineses). 

Este edifício com cerca de 11.000 m2, atualmente acolhe um centro de coworking e cerca de doze empresas, vai avançar para obras este verão. Até lá, terminam os contratos de arrendamento das empresas. Para este prédio, a Habitat Vitae tenciona focar as vendas somente na China, Singapura e Brasil. 

De construção de raiz, uma raridade atualmente em Lisboa, vai nascer junto à Gulbenkian, frente ao El Corte Inglês, o Focus Lx, pertencente à AM48, a mesma promotora do Opera Lx, que está a ser reabilitado para habitação e lojas (no piso térreo) na Avenida da Liberdade. 

O Focus Lx vai ocupar o espaço da Clínica São Lucas, que faliu há algum tempo e da moradia ao lado, onde funciona a Mundinter. 

"Vamos começar a obra em maio e esperamos concluí-la dentro de 20 meses. Há semelhança do Opera Lx, acreditamos que iremos atrair muitos estrangeiros e que teremos mais clientela nacional do que no edifício da Avenida, onde 60% já estão vendidos, a maioria a belgas, brasileiros e franceses", diz António Gonçalves, administrador do AM48. 

Com preços a variar entre os €576 mil e os €1,7 milhões para as tipologias de T1 ao T5, o Focus Lx terá 26 apartamentos. 

A centralidade é também o forte do Mudi, um edifício reabitado na Visconde de Santarém e promovido pela Imogalvão Imobiliária. Luís Soares Franco, sócio da empresa junta-lhe outros trunfos que parecem justificar a afluência significativa de portugueses: o preço mais acessível e a reconversão urbana da avenida Duque de Ávila, que ganhou área pedonal e de lazer. 

"Começámos a comercializar os 33 apartamentos do edifício em julho de 2013 e neste momento já só temos cinco unidades. A maioria dos compradores são portugueses", refere Luís Soares Franco, acrescentando que os preços intercalam entre os 150 mil para os TO e os 850 mil do T3 mais caro. 

Antes da conversão, o prédio acolheu o centro de formação dos CTT mas o Banco Popular era o proprietário do imóvel e veio também a financiar a obra de reabilitação. "Temos interesse em replicar este modelo em outros prédios e já temos várias propostas feitas a entidades bancárias nesse sentido", remata ainda este responsável. 

Fonte: Expresso

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