Quando está quase tudo em ruínas é difícil ver a estrada ao fim do caminho. A InvestLisboa não faz promessas mas ajuda a procurar soluções que passam por avaliações do antes e do depois.
É um daqueles senhorios que têm um prédio devoluto ou semi devoluto e não sabem o que lhe hão-de fazer? A InvestLisboa tem uma solução à sua medida. Não promete mundos e fundos, não tem daqueles sacos de financiamento ilimitados, mas tem o mais importante: os instrumentos para concretizar o sonho. Sabe avaliar o potencial que tem em mãos, fazer um levantamento do que existe, projetar o que pode valer depois de recuperado e uma equipa por trás que, se quiser, até pode passar da ideia à prática.
"Os imóveis devolutos da cidade são uma das suas maiores chagas", diz Rui Coelho, director-executivo da InvestLisboa. "Numa cidade como Lisboa, o impacto é muito grande na atividade económica. E sempre que há uma recuperação os espaços ficam disponíveis para a cidade."
Atualmente, Lisboa não tem espaços disponíveis. Ou, por outra, tem. Mas a esmagadora maioria não é adequada à procura. São fora de mão e os mais apetecíveis praticam preços impensáveis.
"A situação está a melhorar muito com a nova lei das rendas mas também com o esforço que a Câmara de Lisboa tem vindo a fazer para apoiar os senhorios que não têm capacidade para recuperar os seus imóveis", diz a mesma fonte. "O nosso interesse é que no fim o prédio seja reabilitado."
A campanha deste ano conta com um novo parceiro, a Renda Zero, que ganhou um projecto na Mouraria e tem um conceito diferente, que consiste numa plataforma na internet que estabelece um acordo no sentido de encontrar inquilinos para trocar rendas pela reabilitação por um período determinado.
"É um projeto de chave na mão, no sentido em que os inquilinos podem também definir o tipo de acabamentos. Mantemos o serviço de apoio dos arquitetos e dos advogados, mas queremos dar o máximo de informação quer aos inquilinos quer aos proprietários", diz Rui Coelho.
Este ano, a divulgação do evento passa por uma campanha do projeto que será divulgada no fim do mês no salão nobre da Câmara do Comércio e Indústria, onde todos os proprietários são convidados a participar.
Os destinatários são senhorios em nome individual mas também aqueles que são proprietários de imóveis devolutos ou semidevolutos que estão em fase de partilhas ou litígio. O objetivo é sempre apresentar soluções de rentabilidade para património que não está a ser equacionado da melhor forma do ponto de vista das mais-valias.
"Este ano vamos utilizar as redes digitais para divulgar o encontro", diz a mesma fonte. "Falta-nos o apoio financeiro, porque os bancos ainda não estão devidamente atraídos para a vertente da reabilitação urbana, mas esperamos em próximas edições contar com o apoio destas instituições."
O projeto da InvestLisboa passa por fazer um levantamento exaustivo dos imóveis a recuperar, essencialmente no que diz respeito a tudo o que tem a ver com a documentação legal, como escrituras nas conservatórias do registo predial e nas Finanças.
Em segundo lugar, a entidade faz uma estimativa do valor do imóvel no estado actual, o preço das obras da reabilitação e quanto pode valer no fim da recuperação. Ao mesmo tempo, equaciona os incentivos fiscais à reabilitação, tendo em conta todos os apoios atualmente em vigor.
Nesta edição, a InvestLisboa vai aceitar imóveis que se localizem na parceria de reabilitação urbana, com excepção do Parque das Nações, porque é uma área de Lisboa onde a construção é recente, Monsanto e a zona circundante do aeroporto da capital.
"Este ano gostaríamos pelo menos de dobrar o número de candidaturas do ano passado, ou seja, termos 30 imóveis a recorrer a esta iniciativa", diz ainda Rui Coelho. "Este é nosso objetivo, chegarmos a cerca de 30 proprietários privados com prédios devolutos em Lisboa que queiram apostar neste serviço."
Nas edições anteriores não foi possível traçar um perfil de quem recorre a este tipo de consultoria. Segundo a InvestLisboa, são oriundos de todas as classes sociais, dos mais pobres aos mais ricos. "O único denominador comum é que todos eram particulares", explica ainda Rui Coelho. "Havia imóveis que pertenciam a vários proprietários, outros a um único, e eram oriundos dos mais diversos extractos."
Em 2013 foram recebidas 14 candidaturas para 10 325 metros quadrados
Zonas históricas de Lisboa foram o alvo da maioria dos projectos
A Invest Lisboa, a RegenUrb e a Matelier concluíram o ano passado a primeira fase do projeto Consultório de Imóveis, apresentando os relatórios técnicos, elaborados gratuitamente, aos proprietários e analisando com eles as várias opções disponíveis para a reabilitação dos imóveis.
Em 2013 foram recebidas 14 candidaturas de imóveis devolutos nas zonas históricas de Lisboa, representando 10.235 metros quadrados de área bruta coberta que, para serem reabilitados, necessitam de um mínimo de 5,5 milhões de euros de investimento.
Rui Coelho, director-executivo da Invest Lisboa, descreve esta primeira fase como uma primeira experiência. “Apresentámos individualmente os relatórios e as conclusões aos proprietários, explicando que este era o início de um processo em que o objectivo é o de rentabilizar e reabilitar os seus imóveis”, disse.
“Ouvimos os proprietários sobre os seus interesses e disponibilidade para investir e explorámos várias ideias. Posteriormente visitámos alguns imóveis e vamos prosseguir o trabalho com os proprietários que o desejarem. Vamos também procurar investidores nos casos em que o desejo dos proprietários é a venda dos imóveis. Para a Matelier e RegenUrb, duas das empresa associadas ao projeto, “foi muito gratificante participar no Consultório de Imóveis, pois sentimos que o nosso trabalho ajudou os proprietários a identificar os problemas e potencialidades dos seus imóveis e também nos ajudou a perceber melhor os problemas jurídicos ou de financiamento que afetam grande parte dos imóveis, pelo que estamos agora mais preparados para elaborar estratégias caso a caso. Acreditamos também que do Consultório dos Imóveis irão resultar novos projectos de reabilitação em Lisboa”.
Para a Invest Lisboa, tratou-se da validade da premissa com que partiu para o novo projeto: a existência de informação detalhada sobre os imóveis devolutos é o primeiro passo para se poder preparar a sua reabilitação. E face aos resultados desta primeira fase decidimos, em conjunto com a Matelier e a RegenUrb, lançar uma nova edição deste programa”. Por enquanto o número de senhorios que recorre ao projeto ainda não é muito elevado, mas a InvestLisboa espera um impacto elevado nos próximos anos.
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Fonte: iOnline
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