Os resultados do PHMS de Maio de 2014 destacam que os preços das casas - pela primeira vez nos 4 anos de existência do inquérito - se encontram perto de estabilizar no nível mais alto registado. Porém, é preciso ter em conta o elevado peso atribuído aos resultados a nível nacional nesta leitura.
Isto porque, em primeiro lugar, os construtores têm encontrado melhores condições de mercado que os agentes, com os preços da construção nova a subir, contrastando com o verificado para as casas em segunda mão. Em segundo lugar, os preços continuam a cair no Porto, tendo-se verificado aumentos apenas no Algarve, embora os dados para este mercado sejam bastante voláteis (numa base mensal).
No entanto, outros indicadores de mercado considerados no inquérito continuam a dar sinais de que os preços irão estabilizar, no sentido lato da palavra, durante a segunda metade do ano.
Segundo Ricardo Guimarães, Director da Ci, “O desafio para o mercado é consolidar a potencial estabilização observada neste momento pelos Agentes. Estes reportaram um aumento da procura por parte de compradores potenciais, especialmente em mercados que beneficiam de atividade sazonal, como o Algarve. Para os outros mercados, a eventual pressão fiscal adicional sobre o rendimento das famílias é apontada como um risco.”
De facto, o interesse dos compradores e a atividade no mercado de compra e venda têm vindo a crescer de forma consistente desde o início de 2014. Entretanto, as expetativas relativas a preços abandonaram o território negativo pela primeira vez desde que o inquérito foi lançado em 2010, sendo que as expectativas relativas a vendas se mantiveram oscilantes.
O índice de confiança nacional, uma medida composta das expectativas de vendas e preços, situou-se em +15, seguindo o valor recorde de +16 atingido no último mês. Este resultado marca a sétima leitura positiva sucessiva do indicador.
No setor de arrendamento a procura por parte dos arrendatários continua a crescer, o que em conjunto com as novas quedas nas instruções por parte dos proprietários está a ajudar a moderar a pressão para a baixa das rendas.
Portugal, ao contrário de Espanha, não passou por um boom imobiliário no período que antecedeu a crise financeira global, pelo que é importante realçar que as rendas sofreram quedas bastante acentuadas. Algumas evidências sugerem que, em parte, tal resultou de um desencontro entre o tipo de casas em oferta e o tipo de casas procuradas, sendo que outro possível factor explicativo seja a fácil acessibilidade por parte dos arrendatários.
De acordo com Josh Miller, Economista Sénior do RICS: “Os resultados do inquérito de Maio sugerem que a tendência negativa observada para os preços das casas pode estar perto de terminar, enquanto os níveis de atividade parecem estar prestes a melhorar no curto prazo. A recuperação económica precisa de fornecer um maior apoio para que este cenário promissor se desenvolva em pleno.”
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