Vistos dourados: Tabela especial para chineses

Há agências imobiliárias que têm duas tabelas de preços para as mesmas casas. Uma para portugueses; outra para chineses, que precisam de investir no mínimo 500 mil euros para terem direito a vistos dourados. E, caso vendam a imigrantes as casas por preços muito acima dos valores reais, chegam a cobrar 40% de comissões aos donos. Outros 10%, em luvas, são pagos a altos funcionários do Estado por desbloquearem vistos dourados. 

Isto porque escritórios de advogados e agências imobiliárias angariam milionários chineses, assegurando-lhes os vistos num esquema de compra das casas com 'chave na mão'. Pacote completo, sem perdas de tempo: se os imigrantes lhes confiarem mais de 500 mil euros, prometem mover influências junto de altos funcionários do Estado com poder de atribuição de vistos. 

Há suspeitas, na investigação do Departamento Central de Investigação e Ação Penal e da Polícia Judiciária, de que as influências são mesmo exercidas. E a corrupção ocorre quando há pagamento de luvas milionárias - com percentagens das fortunas que sobram entre os valores reais dos imóveis e os valores, muito superiores, que os imigrantes pagam.

Presidente do IRN na mira da investigação 

António Figueiredo, presidente do Instituto de Registos e Notariado, que o CM tentou contactar, sem sucesso, diz à `Sábado' estranhar as suspeitas que recaem sobre si no processo de corrupção sobre a atribuição de vistos dourados. Mas a investigação incide, por exemplo, no facto de a sua filha ser sócia-gerente da empresa que tem o nome de Golden Vista Europe. A firma, cuja morada da sede é um mistério, é especializada na compra e venda de casas. Entre os sócios de Ana Figueiredo estão dois cidadãos chineses.

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Fonte: Correio da Manhã