17 julho 2014

Ritmo de abertura de lojas na Avenida da Liberdade duplica em cinco anos


A Avenida da Liberdade reemergiu nos últimos anos como um destino de comércio de luxo e, até final do ano, cerca de 40 lojas terão inaugurado nos últimos 5 anos, duplicando o ritmo de aberturas registadas nos 10 anos anteriores. Também a habitação está a ganhar terreno nesta artéria que liga o Marquês de Pombal aos Restauradores.

A julgar pelas contas de Patrícia Araújo, Head of Retail da JLL, este ano deverão abrir 10 novas lojas na Avenida da Liberdade, duas das quais já inauguradas. A confirmarem-se estas aberturas, no final do ano o número de lojas abertas nesta avenida nos últimos 5 anos (i.e. de 2010 a 2014, inclusive) ascenderá a 37, mais que duplicando (117%) as 17 lojas inauguradas no período de 10 anos compreendidos entre 2000 e 2009, segundo números apresentados por Sandra Campos, Partner e Diretora de Retalho da Cushman & Wakefield (C&W), também em declarações ao PI. 

Depois da abertura da loja Luís Onofre e da flagship store da Tricana, este ano são ainda esperadas as inaugurações de novos espaços da Ermenegildo Zegna, da Hugo Boss - que está presente mas alarga a oferta -, da Boutique dos Relógios Plus, da Guess, da Hacket, da Juliane Herc ou da COS. A Fendi Casa Collection vai também chegar à avenida, mas não tem ainda data confirmada para abertura, revelou a JLL.

E a procura por espaços de comércio na Avenida da Liberdade não parece dar sinais de abrandar, com as rendas a refletirem esta tendência de subida e valores que se situam entre os 75 e os 85 euros/m², chegando mesmo a 100 euros em alguns casos pontuais. “Temos neste momento em negociação cinco localizações com marcas internacionais”, avança Carlos Récio, Diretor de Agência de Comércio da CBRE, explicando contudo que “a eventual abertura de insígnias estará dependente da evolução de um projeto que poderá significar a disponibilização de um conjunto de espaços na avenida”. Mas “se tal não acontecer, neste momento, a disponibilidade de espaços na avenida é reduzida, já que existem edifícios a serem remodelados, mas a abertura de lojas só poderá concretizar-se em 2015 ou mesmo em 2016”, explica. 

Também Tiago Mendonça de Castro, Sócio- Coordenador da área de Prática de Direito Imobiliário da sociedade de advogados PLMJ, nota que “estando a oferta de espaços na avenida bastante reduzida, a procura por parte de operadores de retalho mantém-se estável, havendo mesmo uma competição e fila de espera pela localização ou até, pela vizinhança ideal que alavanque a capacidade de atração da clientela-alvo a que este tipo de lojas se destina”. O advogado avança que a firma está a dar apoio jurídico a multinacionais francesas, italianas, americanas e portuguesas na instalação de novas lojas de retail de luxo, nos segmentos de vestuário, acessórios, relojoaria e joalharia, além de novos estabelecimentos hoteleiros e de restauração, e ainda a investidores e promotores imobiliários, bem como construtores nacionais em projetos de reabilitação de edifícios. A empresa lançou inclusive um serviço - Lisbon Investment and Avenida Luxury Retail Projects - de assessoria jurídica para projetos de investimento, quer na área imobiliária quer de retalho, por um lado acompanhando o interesse de investidores e retalhistas nesta artéria, mas sobretudo porque esta zona “contempla diversas especificidades legais no que toca a implementação de projetos de investimento”, já que “as regras flexíveis do licenciamento Zero não são genericamente aplicáveis, desde logo porque se trata de uma zona de proteção especial e pelo facto de nesta área se situarem vários edifícios classificados”, refere o advogado.

Habitação ganha espaço

A nova lei do arrendamento, que “pôs o mercado de comércio de rua a funcionar”, nas palavras de Patrícia Araújo, o investimento em reabilitação urbana e o aumento do número de turistas em Lisboa, que “começa a ser visto também como um destino de compras” diz Carlos Récio, foram os principais fatores a contribuírem para que a Avenida da Liberdade voltasse a estar no mapa do investimento quer de imobiliário quer de retalho.”Apesar do investimento pontual por parte de alguns retalhistas”, para Eduardo Fonseca, Diretor do Departamento de Escritórios da Aguirre Newman, o “ponto de viragem foi a junção” destas três realidades.

Para Sandra Campos “o conjunto de retalhistas do segmento de luxo já aqui instalados, o glamour próprio da avenida e o facto de vários dos principais hotéis estarem presentes” contribuem para criar o “destino avenida”. Os turistas chineses, brasileiros e angolanos são os principais clientes das marcas presentes na avenida e são também os que frequentam as empresas e hotéis aí instalados. Além dos franceses, estas são também as principais nacionalidades interessadas na compra de habitação na Avenida, um segmento que até à data era praticamente inexistente nesta artéria, mas que tem vindo a ganhar sobretudo devido aos projetos de reabilitação de edifícios. Além disso, “nos últimos anos, tem-se verificado a tendência de substituição de escritórios por habitação nesta zona da cidade, já que estes últimos produtos permitem comercializações (venda) em projeto que os primeiros dificilmente acomodam (em arrendamento)”, diz Eduardo Fonseca.

Ainda assim, a oferta de habitação é reduzida, diz Rui Pereira da Silva, Administrador da Cobertura. “A procura tem superado todas as expetativas e as poucas oportunidades que surgem têm sido colocadas com bastante rapidez e facilidade”. Também Rafael Ascenso, Sócio Gerente da Porta da Frente/Christie’s, nota que “não existe praticamente oferta de habitação na principal artéria do país”, frisando que a localização continua a ser o principal argumento de venda.

Fonte: Público Imobiliário

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