19 agosto 2014

Seis mil novas famílias deixaram de pagar crédito da casa até Junho


O crédito à habitação é um dos indicadores mais significativos das reais condições económicas das famílias portuguesas.
As dificuldades económicas das famílias portuguesas estão longe de ter chegado a um ponto de inflexão. Os dados divulgados pelo Banco de Portugal mostram que, só nos primeiros seis meses deste ano, quase seis mil novas famílias deixaram de pagar o crédito à habitação. 

Um indicador com uma carga significativa, já que as prestações da casa são a última responsabilidade que uma família deixa de cumprir, depois de todos os outros créditos mas não só, também impostos e segurança social, água, luz, ou até alimentação. "Sabemos por experiência, e porque a história assim o dita, que o crédito à habitação é a última despesa que uma família deixa de pagar. O crédito à habitação é um indicador poderoso e diz-nos que a situação financeira das famílias não está a melhorar, pelo contrário, continua a piorar", comenta Natália Nunes, responsável pelo Gabinete de Apoio ao Sobreendividado da Deco. 

Os dados divulgados vêm confirmar a tendência já registada no primeiro trimestre do ano, quando 4.081 famílias entraram para a lista de incumpridores do crédito à habitação. A estas juntaram-se mais 1.767 famílias no segundo trimestre, para um novo máximo histórico de mais de 151 mil famílias que não conseguem pagar o crédito da casa. O montante em causa é também um recorde, com mais de 2,9 mil milhões de euros vencidos só na habitação. 

Uma tendência que surpreendeu em Março, quando surgiu em contraciclo com o que se vinha a observar desde finais de 2012. Lembrando a história dos números: em 2011, com a chegada da ‘troika', mais de 12 mil famílias deixaram de pagar o crédito à habitação, um valor que caiu para metade em 2012, ou seja pouco mais de seis mil famílias, enquanto 2013 trouxe mesmo uma queda de quase 500 famílias no total do incumprimento da habitação. Ora, em apenas seis meses, os números de 2014 quase igualam o segundo pior ano de sempre, em 2012. "Só mesmo em última instância uma família deixa de pagar estes créditos. E o que leio desta nova vaga de incumprimento na habitação é que estas famílias esgotaram todas as poupanças, todas as alternativas, junto de amigos e familiares, ou mesmo através de outros pequenos créditos como a utilização do cartão. Com certeza existirão aqui muitos casos de desemprego de longa-duração, de pessoas, e de casais, que já não conseguem sequer voltar ao mercado de trabalho. Chega a ser constrangedor", conta a responsável da Deco. 

Fonte: Diário Económico

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