06 outubro 2014

Encontre o "spread" mais baixo para comprar casa


De "spreads" de quase 4%, os bancos estão agora a cobrar margens de pouco mais de 2% no crédito à habitação. É um sinal de abertura ao financiamento para a compra de casa, mas não significa que todos consigam estas taxas baixas. Saiba o que é preciso para ter um "spread" mínimo.

Após anos de torneira fechada para o crédito à habitação, a banca volta, aos poucos, a emprestar dinheiro a quem procura comprar casa. Há mais financiamento, mas não a custo quase zero como há alguns anos. Os "spreads", que há bem pouco tempo chegavam a 4%, estão mais baixos. São já várias as instituições financeiras que apre-sentam nos preçários margens de pouco mais de 2%. Mas consegui-las nem sempre é tarefa fácil. 

O Negócios procurou através dos simuladores disponibilizados pelos bancos a fórmula para chegar às taxas mais baixas anunciadas pelas instituições que operam no mercado nacional. Num total de 12 bancos, só na CGD, BCP, Novo Banco, Montepio e Crédito Agrícola não foi possível chegar à margem mínima - poderá sê-lo aos balcões. Mas nos restantes sete foi. E qual o ponto comum a todos? Créditos de valores elevados para casas de centenas de milhares de euros. 

Desde sempre que o rácio entre o valor financiado e o da avaliação do imóvel teve grande impacto no "spreads" apresentado pelos bancos aos seus clientes. 80% era, tendencialmente, o normal. Actualmente, para os "spreads" mínimos é imprescindível fixar-se por metade do valor. E que o empréstimo seja elevado. É que os bancos querem garantir que o financiamento que concedem lhes gera receita. Daí que, nas simulações realizadas pelo Negócios, para chegar ao "spread" mínimo, o valor das habitações teve de ser sempre superior a 150 mil euros. 

A conjugação destes dois factores permitiu, por exemplo, chegar à margem mínima do Santander Totta, do BPI e do BIC. No Totta, os 2,49% de "spread" exigiram um crédito de 200 mil com uma avaliação de 400 mil euros. O mesmo empréstimo deu a taxa mais baixa, de 2,5%, no BPI. No BIC, os 2,7% foram alcançados com 250 mil euros de crédito e o dobro de avaliação. 

Bónus a um clique 

É o rácio entre o crédito e a avaliação que dá o mote para se chegar às margens mais baixas que se podem obter. Contudo para se garantir esses "spreads" de pouco mais de 2% é prescindível aumentar o grau de relacionamento com a instituição. Como? Adquirindo outros produtos. Desde o básico, como a domiciliação de vencimentos, ao pagamento de serviços básicos. Mas não só. 

Nas simulações realizadas, as poupanças pesam no cálculo (especialmente as mais elevadas), mas o cartão de crédito também (não é só tê-lo, é preciso usá-lo). E além dos seguros de vida e da habitação, muitos bancos exigem também a aquisição de outros como o de crédito, de saúde e mesmo do automóvel. Contudo, nem sempre vale a pena subscrever tudo o que lhe oferecem só para ter "spread" mínimo.

Custos "escondidos" 

O "spread" é sempre uma boa forma de ver se o empréstimo que é apresentado é, ou não, atractivo. Contudo, para ter a certeza que está a fazer a melhor escolha tem de olhar para a TAER. É a Taxa Anual Efectiva Revista, que considera todos os custos associados ao empréstimo, mas que tende a ser menosprezada. A título de exemplo, o mesmo crédito de 150 mil euros (para um imóvel de 300 mil), com o mesmo "spread" de 3%, apresenta uma TAER de 4,335% no Deutsche Bank e de 4,11% no Montepio. Ou seja, o custo dos produtos associados encarece o primeiro empréstimo.

VÁRIAS SIMULAÇÕES, NEM SEMPRE COM SUCESSO 
O Negócios realizou várias simulações nos "sites" de 12 bancos para tentar chegar aos "spreads" mínimos que estes apresentam nos preçários. Utilizou sempre dois titulares, administrativos (a termo fixo), com salário bruto anual de 70.000 euros que pretendem um crédito a 30 anos com Euribor a seis meses. O valor do empréstimo variou de forma a conseguir o "spread" mais reduzido, o que nem sempre foi possível. Veja o resultado para cada banco. 
  • DEPÓSITO BAIXA TAXA NO DEUTSCHE BANK O Deutsche Bank não tem dos "spreads" mínimos mais baixos (é de 3%), mas não é difícil atingi-lo. Terá de associar um crédito de 150 mil para uma casa de 300 mil. E subscrever o seguro de vida Zurich Grupo, um seguro multirriscos e um seguro de proteção ao crédito. Além disso, o banco pede um depósito a prazo de 25 mil euros. 
  • BIC DÁ TAXA BAIXA COM POUCOS PRODUTOS O BIC publicita um "spread" mínimo de 2,7%. E é possível obtê-lo num financiamento de 250 mil euros em que a casa esteja avaliada no dobro. Isto e possuir cartão de débito e domiciliação de vencimento, domiciliação de dois ou mais pagamentos, aderir aos documentos digitais e BIC Net Particulares. Além de ter o BIC Vida e o BIC Multirriscos Habitação. 
  • AVALIAÇÃO ELEVADA DÁ TAXA BAIXA NO BPI Com um rácio entre o financiamento de 200 mil euros equivalente a 50% da avaliação da casa, o BPI apresenta a taxa mínima de 2,5%. Mas para a ter precisa ainda de domiciliar ordenados, duas despesas, ter seguro de vida e multirriscos (associado à casa), seguro de saúde, automóvel e também cartão de crédito BPI Universo. 
  • POPULAR CUMPRE "SPREAD" MÍNIMO O banco anuncia uma taxa de 2,25%. E foi essa a obtida num crédito de 150 mil euros para uma casa de 250 mil. Para lá chegar, além do rácio baixo, o banco exige domiciliação de vencimentos, cartão de débito e crédito e domiciliação de dois pagamentos. Além disso necessita de seguro de vida na Eurovida e do multiriscos da Popular Seguros. 
  • SIMULADOR TRAVA TAXA MÍNIMA DO BCP Nas simulações realizadas através do "site" do BCP não foi possível chegar aos 2,5% de "spread" mínimo. O mais baixo foi de 3,5%, alcançado num empréstimo de 150 mil euros em que o valor do imóvel ascende a 250 mil euros. Isto porque o simulador não permite adicionar produtos associados. Talvez ao balcão o "spread" possa ser inferior.
  • NOVO BANCO LONGE DA TAXA MÍNIMA O Novo Banco tem no preçário um "spread" mínimo de apenas 2,75%. Nas simulações realizadas, a margem mais baixa foi de 3,7% num crédito de 150 mil num imóvel de 250 mil euros. E pressupõe a domiciliação do vencimento, duas domiciliações de pagamentos, seguro da casa, seguro de vida, além de depósitos a prazo. 
  • CGD COM TAXA DE QUASE 4% A CGD oferece um "spread" mínimo de 2,5%, mas nas simulações realizadas não foi possível obtê-lo. O melhor foi de 3,8% num crédito de 150 mil euros (para uma casa de 300 mil euros) com a adesão ao cartão de débito e crédito, Caixa Directa e domiciliação de salário. Também a contratação de seguro de vida e multirriscos, de saúde e de desemprego.
  • SEM PRODUTOS, BANIF DÁ TAXA MINIMA O Banif tem um "spread" mínimo de 3,60% no seu preçário. Na simulação realizada, essa foi a margem alcançada com base num empréstimo de 150 mil euros em que o valor do imóvel seria de 300 mil euros. Este "spread" não exige, tendo em conta a informação apresentada na Ficha de Informação Normalizada, a subscrição de quaisquer produtos. 
  • MONTEPIO PERTO DA TAXA MAIS BAIXA O Montepio apresenta como taxa mínimo os 2,9%. Nas simulações realizadas não foi possível obtê-lo. Num crédito de 150 mil para uma avaliação de 300 mil, ofereceu um "spread" de 3% para um cliente associado, com domicialiação do ordenado e dois pagamentos, serviços online, cartão de débito, depósitos de mais de 5.000 euros e um seguro de proteção da casa ou do crédito. 
  • QUASE NO "SPREAD" MÍNIMO DO C. AGRÍCOLA No Crédito Agrícola não foi possível chegar aos 2,45% anunciados. Num crédito de 150 mil para uma casa de 300 mil euros, o banco apresentou uma taxa de 2,77% assumindo que o cliente é associado, domicilia salário e pagamentos, tem depósitos a prazo e seguros de vida e multirriscos. Estes produtos encolheram em 0,43 pontos percentuais a taxa base. 
  • BARCLAYS COM TAXA BAIXA EM CRÉDITO ALTO Para chegar aos 2,65%, o Barclays exigiu um crédito de 300 mil para uma casa de 600 mil euros (2,75% num crédito de 200 mil). Isto associado à domiciliação de ordenados, de dois pagamentos, um saldo médio mensal superior a mil euros, bem como a subscrição de um seguro de vida e do multirriscos para a habitação.
  • TOTTA GARANTE TAXA DE 2,49% Para ter a taxa de 2,49%, num credito de 200 mil (50% do valor do imóvel), o Santander Totta exige a domiciliação do ordenado e três outros serviços, entre eles o pagamento de despesas, cartão de crédito (utilização de 100 euros por trimestre), crédito pessoal de mais de mil euros, produtos de poupança de mais de mil euros, seguros de vida, desemprego e saúde.
Fonte: Negócios

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