17 novembro 2014

Lisboa regista maior queda nas rendas das casas


Apesar da descida dos preços das rendas nos últimos anos, ainda existem muitos desequilíbrios entre procura e oferta. Nos últimos anos, a realidade da maioria das famílias portuguesas mudou e o arrendamento tornou-se cada vez mais uma solução a privilegiar. Por um lado, a banca tornou-se mais exigente na concessão de crédito à habitação, mas a instabilidade económica também levou muitos portugueses a afastarem-se da decisão de compra de casa. A dinamização do mercado daí resultante faz com que os preços de arrendamento das casas estejam em queda nos últimos anos, com Lisboa a comandar essa tendência.

Os números do Índice de Rendas Residenciais facultados pelo Confidencial Imobiliário mostram que, entre o início de 2011 e o final do primeiro semestre de 2014, o preço médio dos novos contratos de arrendamento recuou 11% a nível nacional. 

A zona de Lisboa, onde são praticadas as rendas mais elevadas, corresponde àquela em que se assistiu à maior descida de preços nesse período: 14%, revela o mesmo indicador. O Grande Porto também acompanha a tendência, mas com descidas de preços mais curtas: na ordem dos 9%, em média.

No entanto, parece ainda haver muito a fazer para baixar os encargos dos portugueses com o arrendamento. Luís Lima, da Apemip, explicou sexta-feira, na conferência dos 90 anos da Associação de Inquilinos Lisbonenses, que "o paradigma da casa própria está a dar lugar ao arrendamento, mas mais por necessidade do que por opção", alertando que ainda existem muitos desequilíbrios neste segmento. O responsável lembrou que, "há muita oferta onde não há procura e procura onde não há oferta". 

Por exemplo, em Lisboa, a procura de arrendamento ronda os 35,2%, enquanto as vagas disponíveis para arrendar são apenas 25,1%, segundo dados da Apemip e do INE. No Porto, a discrepância ainda é maior: 35,1% no lado da procura e 15,4% do lado da oferta disponível. Para suprir este tipo de desequilíbrios no mercado de arrendamento seriam necessárias, segundo a Apemip, cerca de 50 a 60 mil casas nas principais cidades do país.

Apesar da recente tendência descendente, Luís Lima alertou para a necessidade de uma maior redução do valor dos preços do arrendamento novo para torná-lo numa opção claramente vantajosa. "Há um grande desajustamento face ao ‘stock' de mercado. Enquanto o valor das rendas não for adequado ao dos rendimentos haverá sempre procura pela compra que só não acontece porque o crédito foi limitado", explicou o presidente da APEMIP. Seria assim necessário baixar entre 30% e 40% os valores das rendas nos segmentos médio e médio baixo de forma a tornar os preços competitivos.

De salientar que, no primeiro semestre deste ano, 40% da procura para arrendamento tinha como alvo imóveis com preços inferiores a 300 euros, 38% destinava-se a casas com rendas entre 300 e 500 euros e 13% da procura dizia respeito a preços de arrendamento entre 500 e 700 euros.


Fonte: Económico

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