
O ano 2014 foi cheio de surpresa boas mas também muito más para o mercado imobiliário. Marcou pela positiva desde logo pela consolidação da retoma imobiliária após um 2012 e um 2013 negros, esperando-se que este ano o número de casas transacionadas chegue às 87.254. Estimativas cedidas pela APEMIP (Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal) mostram, assim, que por dia e em média foram vendidas 239 casas novas e usadas. Deste total calcula-se que cerca de 50 tenham sido compradas por estrangeiros.
Um número ainda longe das quase 130 mil que foram vendidas ao longo de 2010, mas com um acréscimo positivo quando a comparação se faz com o ano passado, que encerrou com apenas 79.775 imóveis transacionados. Ainda nas novidades positivas que marcaram o ano, mereceu destaque o frenesim que o mercado imobiliário português tem gerado junto dos estrangeiros. Os vistos gold (onde os chineses se evidenciaram), o regime do Residente Não Habitual (que cativa cada vez mais franceses) e também o regresso de quem sempre escolheu Portugal para viver a reforma dourada (os britânicos) permitiram a venda de 23 mil imóveis, 22% do total das 103.300 casas, lojas e escritórios transacionados este ano em Portugal.
Luís Lima, presidente da APEMIP, estima que 80% destes 23 mil imóveis adquiridos por estrangeiros serão habitações "ainda que exista um número crescente de investidores chineses a comprar lojas para arrendar". Uma estimativa que aponta assim para cerca de 18.400 casas compradas pelo mercado externo, uma média que ronda as 50 por dia.
Luís Lima, presidente da APEMIP, estima que 80% destes 23 mil imóveis adquiridos por estrangeiros serão habitações "ainda que exista um número crescente de investidores chineses a comprar lojas para arrendar". Uma estimativa que aponta assim para cerca de 18.400 casas compradas pelo mercado externo, uma média que ronda as 50 por dia.
Fazendo a média, os estrangeiros adquiriram 63 imóveis por dia. Destes 23 mil vendidos ao longo do ano, 23% foram comprados pelos britânicos, 18% pelos chineses, 16% pelos franceses, 7% pelos brasileiros, distribuindo-se os restantes 36% por diversas nacionalidades.
Luís Lima sublinha que "2014 foi o ano da recuperação" mas que poderia ter sido melhor. "Estimamos um aumento de transações a variar entre os 9% e os 15% mas se não fosse os casos dos vistos gold e do BES chegaríamos facilmente aos 25%", diz este responsável. Os estilhaços do caso BES junto do sector imobiliário, em agosto, e o mais recente abalo provocado pelas suspeitas de corrupção do então diretor do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras e do presidente do Instituto dos Registos e Notariado, no mês passado, provocaram um impacto desacelerador no sector.
"Em maio e junho havia um clima de confiança muito positivo junto do mercado interno e externo. Mas em agosto, aconteceu o caso BES, que não é um banco qualquer. E isso foi tremendo para o sector. Só aí ficaram milhares de escrituras bloqueadas", diz Luís Lima. Três meses depois estalou a polémica com os vistos gold. Um caso que lançou a discussão sobre a manutenção desta medida que concede a autorização de residência e o acesso ao espaço Schengen a cidadãos extracomunitários que adquiram um ou mais imóveis de valor superior a meio milhão de euros. "O processo de obtenção de um visto gold não é difícil. Qualquer imobiliária contrata um advogado por €2.500 que trata todo o processo em mês e meio, caso reúna todos os critérios a aprovação. Portanto, nesta polémica recente não sabemos o que se está a passar mas calculo que tenha a ver com a aprovação de vistos que não tinham condições para o ser", vaticina Luís Lima, acrescentando que importante agora é apurar responsabilidades rapidamente.
"Se alguém errou, inclusive algum associado da APEMIP, deve ser penalizado. Mas não faz sentido retirar o programa do imobiliário. Surpreende-me até que se pondere tal coisa pois pensei que já se tinha percebido a importância dos vistos gold para o sector".
"Em maio e junho havia um clima de confiança muito positivo junto do mercado interno e externo. Mas em agosto, aconteceu o caso BES, que não é um banco qualquer. E isso foi tremendo para o sector. Só aí ficaram milhares de escrituras bloqueadas", diz Luís Lima. Três meses depois estalou a polémica com os vistos gold. Um caso que lançou a discussão sobre a manutenção desta medida que concede a autorização de residência e o acesso ao espaço Schengen a cidadãos extracomunitários que adquiram um ou mais imóveis de valor superior a meio milhão de euros. "O processo de obtenção de um visto gold não é difícil. Qualquer imobiliária contrata um advogado por €2.500 que trata todo o processo em mês e meio, caso reúna todos os critérios a aprovação. Portanto, nesta polémica recente não sabemos o que se está a passar mas calculo que tenha a ver com a aprovação de vistos que não tinham condições para o ser", vaticina Luís Lima, acrescentando que importante agora é apurar responsabilidades rapidamente.
"Se alguém errou, inclusive algum associado da APEMIP, deve ser penalizado. Mas não faz sentido retirar o programa do imobiliário. Surpreende-me até que se pondere tal coisa pois pensei que já se tinha percebido a importância dos vistos gold para o sector".
O número de imóveis vendidos a chineses durante este ano revela o impacto desta medida junto do mercado e o seu efeito multiplicador. Segundo a APEMIP, os chineses adquiriram 4.140 imóveis durante o ano. E, segundo dados oficiais, desde a entrada em vigor desta medida, em outubro de 2012, e igual mês deste ano, foram concedidos 1.681 vistos por aquisição de imóveis. "Isto significa que o potencial de um visto gold é multiplicado por quatro ou cinco. Ou seja, há neste momento muitos investidores chineses que compram dois ou três imóveis. E há aqueles que até compram prédios inteiros com 30 ou 40 frações. Ou seja, não se trata só de obter o visto. Eles estão a investir muito só para rendimento", sublinha o responsável.
Portugueses asseguram 80% do mercado
A agitação provocada pelas detenções de Jarmela Paios e António Figueiredo no início de novembro trouxeram uma acalmia súbita ao sector durante esse mês. Mas os resultados de outubro - "que foram excelentes" - e o retomar do ritmo normal de transações, já em dezembro, acabaram por cumprir a regra das compensações.
O que leva Luís Lima a dizer que Portugal continua na moda. "Temos um potencial enorme. O que sei é que o mercado está a ficar mais maduro, mais imune e aguenta tudo". Apesar do grande estímulo gerado pelos estrangeiros, os portugueses continuam a absorver cerca de 80% das vendas de casas. O fenómeno ainda recente das dações de imóveis e da perda das casas a favor dos bancos devido a incumprimentos das prestações bancárias, não parece ter ficado na memória e muitos recorreram ao financiamento da banca. "Os bancos começam a lidar com o mercado de forma normal. Já concedem crédito à habitação que não seja só para os seus ativos.
As taxas de juro já são bastante razoáveis. Isso tudo ajuda o mercado a resistir", diz o presidente da APEMIP. Se não fosse o caso BES, reforça, ainda haveria mais movimentações. "Em junho tive a indicação de que um dos maiores bancos nacionais ia fazer uma grande campanha durante o mês de agosto para captar mais crédito à habitação. Mas por causa do BES, não avançou. Mas também não é preciso porque os clientes estão na mesma a entrar e a pedir crédito à habitação". Para 2015, a perspetiva é de crescimento. "Só espero é que não aconteça mais nenhum polémica no país", remata Luís Lima.
As taxas de juro já são bastante razoáveis. Isso tudo ajuda o mercado a resistir", diz o presidente da APEMIP. Se não fosse o caso BES, reforça, ainda haveria mais movimentações. "Em junho tive a indicação de que um dos maiores bancos nacionais ia fazer uma grande campanha durante o mês de agosto para captar mais crédito à habitação. Mas por causa do BES, não avançou. Mas também não é preciso porque os clientes estão na mesma a entrar e a pedir crédito à habitação". Para 2015, a perspetiva é de crescimento. "Só espero é que não aconteça mais nenhum polémica no país", remata Luís Lima.
Fonte: Expresso
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