10 dezembro 2014

Crise não chegou ao luxo. Só na Europa criou 100 mil empregos em três anos


No próximo ano, a Avenida da Liberdade vai contar com, pelo menos, sete novas lojas de marcas de luxo. É a continuação de uma tendência de crescimento que se verifica desde o ano passado, que se acentuou este ano e que, seguramente, será para continuar no próximo. "Neste momento, o [sector do luxo] só não cresce mais porque não temos uma oferta suficientemente adequada aos requisitos exigidos pela procura", diz Sandra Campos, diretora de retalho da consultora imobiliária Cushman & Wakefield.


É que, segundo a mesma responsável, "falta fazer a reabilitação de muitos imóveis, em várias partes da cidade, para criar espaços novos; e falta, por outro, apurar os primeiros resultados da alteração à lei do arrendamento". Não fosse isso e "teríamos registado um número ainda maior de aberturas".

Os números são estes: abriram 10 lojas na Avenida da Liberdade no ano passado e oito este ano. Para o próximo ano, já há lista de espera para abrir novos espaços na avenida mais cara da capital portuguesa. Mas o comércio de rua está vivo para lá da avenida e, entre 2013 e 2014, abriram nas principais (e mais caras) zonas de retalho de Lisboa, incluindo o Chiado, a Rua Castilho, a Baixa e o Príncipe Real, quase 70 novas lojas.

Portugal acompanha assim a tendência europeia, que deixa claro que, no luxo, não há crise. No ano passado, o sector do luxo respondia diretamente por cerca de 1,1 milhões de empregos na Europa, mais 11% do que em 2010. Contando com os postos de trabalho para os quais contribui indiretamente, o número sobe para 1,7 milhões, contra 1,5 milhões em 2010. Nestes três anos, de acordo com um estudo encomendado pela Aliança Europeia das Indústrias Culturais e Criativas à consultora Frontier Economics, as marcas de carros, vinhos e moda de luxo criaram 100 mil empregos.

Ao todo, as indústrias topo de gama arrecadaram, na Europa, 547 mil milhões de euros em vendas no ano passado, mais 119 mil milhões, ou 28%, do que em 2010, representando já 4% do produto interno bruto da União Europeia. Juntas, as indústrias de luxo representavam em 2013 a sétima maior fonte de receitas da UE e a vigésima maior do mundo, acrescenta o estudo.

Os números são divulgados numa altura em que as economias de alguns dos principais mercados emissores de turistas - e consumidores de luxo - dão sinais de desaceleração.

É o caso da China, onde a queda da procura interna no terceiro trimestre levou a que a economia crescesse 7,3%, o menor aumento em cinco anos. Nada que se reflita em Portugal. "Os chineses continuam a ser os principais clientes deste tipo de marcas", diz Patrícia Araújo, responsável de retalho da consultora JLL - Jones Lang Lasalle. Brasileiros, angolanos e russos fecham o pódio dos principais consumidores de bens de luxo em Portugal, gastando, em média, 871 euros em cada compra.

É em Lisboa, acrescenta Patrícia Araújo, que se concentra este mercado. Mesmo no Porto, particularmente na zona dos Clérigos, encontram-se apenas algumas marcas premium, mas ainda poucas de luxo. Por uma razão simples: Lisboa não só é a capital e a maior cidade como "está na moda, tem recebido prémios internacionais e é muito procurada por turistas". Tudo isto, diz a responsável, "faz com que as marcas olhem para Lisboa mais atentamente, nomeadamente para a Avenida da Liberdade, que é um local que tem vindo a reabilitar-se". Neste momento, não duvida: "Lisboa está na mira deste tipo de marcas".

Reino Unido vai ultrapassar Itália

Em 2018, o Reino Unido deverá representar o maior mercado de retalho de luxo da Europa, ultrapassando a Itália, atualmente o maior mercado europeu do luxo. Hoje, e de acordo com um estudo da consultora Conlumino, o retalho de luxo europeu vale 111,8 mil milhões de dólares (quase 91 mil milhões de euros). Até 2018, este número deverá aumentar para 149,8 mil milhões de dólares (122 mil milhões de euros). Até lá, o Reino Unido deverá ultrapassar Itália e França e passar a representar 19,6% deste mercado, contra a quota de 15,8% que hoje detém.

Isto porque, para além de ser um destino turístico de referência, o Reino Unido é "um grande centro financeiro", que atrai indivíduos de todo o mundo para viver e trabalhar no país. Ao mesmo tempo, refere o estudo, é "um local mais seguro" para os cidadãos de economias menos estáveis, como a Grécia e a Rússia, investirem em imobiliário. E, ao contrário do que se verifica em Itália e França, a procura interna não foi afetada por uma contração da economia.

Alemanha, Rússia e Espanha, atualmente em quarto, quinto e sexto lugares, deverão manter as suas posições durante os próximos quatro anos, prevê a Conlumino. No top 10, a novidade será a Polónia, que em 2018 deverá roubar o lugar à Noruega.

A moda, particularmente o vesturário, a joalharia e relojoaria e as bebidas mantêm-se como os principais sectores do luxo, representando 24%, 18% e 15% do total de vendas, respetivamente.

Fonte: Dinheiro Vivo

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