Nos primeiros nove meses de 2014, os preços subiram, em média, 2,5%. É a primeira subida homóloga desde 2010. Depois de um período de quebra que coincidiu com a crise económica e o fecho da torneira do crédito, o mercado imobiliário português dá sinais cada vez mais consistentes de retoma. Esta recuperação está a ter reflexo na evolução dos preços de transacção das casas. Dados divulgados ontem pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), demonstram que este barómetros que ajuda a medir a saúde do sector imobiliário subiu em 2014 pela primeira vez nos últimos quatro anos.
A evolução do índice de preços da habitação divulgado ontem pelo INE indica que os preços dos imóveis comercializados no terceiro trimestre deste ano recuaram 0,4%. Esta quebra é, contudo, insuficiente para contrariar a recuperação dos preços das transacções que se vinha a verificar desde o arranque do ano. Entre Janeiro e Setembro de 2014, os preços das casas aumentaram, em média, 2,5%. Trata-se da primeira subida homóloga para este indicador desde 2010.
Luís Lima, presidente da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP), explica que essa evolução está relacionada sobretudo com os imóveis transaccionados a investidores estrangeiros, através dos programas de Autorização de Residência para Actividades de Investimento (Vistos Gold) e do Regime Fiscal para Residentes não Habituais.
"Regra geral, os investidores que procuram o nosso país ao abrigo destes programas são cidadãos em idade de reforma, de classe alta, ou investidores que pretendem rentabilizar o seu investimento em mercados imobiliários seguros, como é o português. Tendo em conta que este tipo de investidores tem um poder de compra elevado, é natural que a procura se foque essencialmente em imóveis de segmentos superiores àqueles que são habitualmente transaccionados no mercado interno", explica Luís Lima. Miguel Poisson, director-geral da ERA Portugal confirma a influência da componente externa sobre o comportamento dos preços no mercado imobiliário, mas salienta que a evolução interna também foi positiva. "No caso nacional destacaria o facto do crédito à habitação ter começado a aparecer no mercado imobiliário, que de facto trouxe uma maior dinâmica ao mercado de compra e venda", explica Miguel Poisson.
O acréscimo do número de imóveis transaccionados em 2014 reforça a evolução positiva no mercado imobiliário. Os dados do INE indicam que nos primeiros nove meses do ano trocaram de mãos um total de 58.681 imóveis. Para além de ser o volume mais elevado desde 2011, é a primeira subida homóloga do número de transacções (+5,7%) que se verifica também desde 2010. Já a previsão da APEMIP é de que o aumento de transacções imobiliárias no total do ano de 2014 se fixe entre os 9 e os 15%.
Os responsáveis das imobiliárias, antecipam ainda que 2015 deverá dar seguimento a essa recuperação do nível de vendas e de preços dos imóveis, com a procura de investidores estrangeiros apesar nessa evolução. Luís Lima alerta que "o potencial destes investidores é enorme, e ainda maior se pensarmos que em grande parte das vezes o seu investimento não se fica só pela compra de um imóvel".
Fonte: Económico
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