Fernando Guedes de Oliveira revela que o mercado dos ativos recuperou mais depressa do que o das vendas dos lojistas. O gestor duvida, no entanto, que se atinjam novamente os níveis de vendas pré-crise.
A Sonae Sierra espera continuar em trajectória ascendente em 2015, depois de entrar em alguns mercados novos. O CEO da gestora de centros comerciais da Maia, Fernando Guedes de Oliveira, diz que o próximo ano é para consolidar mercados e admite que consiga finalmente entrar na Colômbia com um projeto de investimento.
2014 foi um ano de recuperação para a Sonae Sierra?
O acontecimento mais importante foi a recuperação dos mercados do Sul da Europa onde nós temos a maioria dos nossos activos, à exceção do Brasil. Falo de Portugal, Espanha e Itália, que têm um peso muito significativo no nosso portefólio. A recuperação desses mercados, a velocidades diferentes, foi talvez o factor mais marcante de 2014.
Não estava à espera que fosse tão rápido?
Estávamos à espera que se confirmassem as tendências a que já vínhamos assistindo no segundo semestre de 2013, quando se começou a perceber o aumento do consumo em Portugal. O País recuperou bem, estamos com as vendas dos nossos lojistas, numa base "like for like" [comparável], com 6,8% de crescimento nos primeiros nove meses. Itália também está a crescer 4%, mas Espanha já foi um pouco mais decepcionante porque as vendas lá estão "flat". A boa notícia é que pararam de decrescer comparativamente ao ano anterior.
Conseguiram compensar os problemas dos anos anteriores?
Não. Ainda vai demorar muitos anos.
0 imobiliário foi muito afetado por esta crise. Como é que isso se reflectiu na empresa?
O imobiliário de retalho foi afetado em dois aspectos, nomeadamente no consumo e no valor dos ativos, devido à expansão das taxas de capitalização. Ou seja, face a um mercado de investimento parado, a tendência foi que subissem [as taxas] e isso desvalorizou os activos. Acho que a recuperação do valor dos ativos vai ser mais rápida que a das vendas dos nossos lojistas. A queda foi muito grande e a recuperação vai demorar uns anos, se é que alguma vez voltaremos a atingir os níveis pré-crise.
Dos mercados em que entraram, qual é o mais promissor?
Depende do que estamos a falar. Se é de serviços para terceiros ou de investimentos próprios da Sonae Sierra. Em termos de serviço para terceiros, acho que é inevitável dizer que a China é o mercado com mais potencial. Vai ser o maior de retalho. No que diz respeito a investimento nos novos mercados. fizemos agora um em Marrocos. Continuamos a tentar fazer o mesmo na Colômbia. Mas não espero que em 2015 façamos ou anunciemos investimentos em novos mercados. Vamos estar muito ocupados na gestão proactiva do nosso portefólio.
Já tem alguma data precisa para a concretização do projeto na Colômbia?
Nós estamos a analisar várias oportunidades. Algumas estão mais quentes. E esperamos concretizar em inícios de 2015.
O que é que tem travado a entrada na Colômbia?
A concretização das oportunidades. A Colômbia está hoje no estado em que estaria o Brasil há cinco anos. Não é assim tão diferente. E nós já lá estamos há três anos, conhecemos bem o mercado. É uma questão de se concretizarem as oportunidades. Isso é na Colômbia como em qualquer outro mercado.
Há novidades para 2015?
Temos expectativas de fazer mais investimentos em Marrocos, por exemplo. Não pensamos fazer na China. É neste momento um mercado de prestação de serviços. Diria o mesmo da Rússia. Isso não invalida que daqui a quatro ou cinco anos mudemos de opinião.
A banca acredita nos centros comerciais?
Sim, claro. Estamos a falar de ativos em operação. E esses ternos conseguido refinanciar e Vamos continuar a refinancia-los. Se me falar em financiamento para desenvolver novos projetos durante estes últimos quatro anos, foi mais difícil.
Quais os principais desafios da Sonae Sierra para 2015?
Queremos continuar a crescer internacionalmente, mas não estamos a pensar abrir novos mercados quer de investimento, quer de prestação de serviços para terceiros. Temos expetativas de conseguir reciclar mais capital do que o que temos vindo a fazer. Ou seja queremos vender participações nos ativos existentes para financiar novos projetos. Temos expetativas de conseguir voltar ao ritmo de reciclar mais capital do que o que temos vindo a fazer. Ou seja queremos vender participações nos ativos existentes para financiar novos projetos. Temos expetativas de conseguir voltar ao ritmo de reciclagem de capital de que precisamos para crescer.
Temos também que consolidar as plataformas de serviços para terceiros. E de voltar a fazer "development" de novos projectos ao ritmo a quem gostaríamos. Ternos um projecto em construção na Roménia e duas expansões no Brasil. Vamos iniciar mais um projeto em Espanha, em Málaga. E iniciar em Marrocos.
PERFIL - Um homem da casa
Fernando Guedes de Oliveira assumiu a presidência da Sonae Sierra em 2010, substituindo Álvaro Portela à frente dos destinos da empresa. Licenciado em Engenharia Civil pela Faculdade de Engenharia do Porto, tem um MBA feito no antigo ISEE (que agora é a Porto Business School). Além disso, conta com um Advanced Management Development Program da Harvard University Graduate School of Design (EUA) e ainda um Advanced Management Program da mesma instituição.O gestor entrou na Sierra em 1991 e foi nomeado, oito anos depois, como diretor para o desenvolvimento na Europa. Em 2000 passou a integrar o conselho de administração como diretor-executivo, com os pelouros da Expansão, Desenvolvimento, Conceção e Arquitetura de Centros Comerciais na Europa.
Fonte: Negócios
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