11 fevereiro 2015

“Ainda não encontrámos o parceiro para a aventura da Century 21 em Moçambique”


O mercado residencial interno está a recuperar. Os bancos estão a ajudar com novas soluções para clientes e com os spreads a caírem abaixo do 3%, afirma Ricardo Sousa, o CEO da Century 21. A nível externo a operação Moçambique espera o parceiro certo para arrancar.


O que vai ser diferente em 2015 no mercado residencial nacional? Falo de dinâmicas de mercados e de arrendamentos?
Vai continuar a cultura de proprietário. O mercado de arrendamento vai continuar a perder versus o mercado de compra e venda, à semelhança do que aconteceu em 2014. Sobre as transações a nossa expetativa é que aumente. Os preços vão manter-se estáveis. As bolsas de oferta que existem em Lisboa com alguns aumentos mais fortes não se podem replicar no resto do país. Acredito ainda que no caso do crédito à habitação vai continuar a haver restrições, mas haverá mais volumes do que no ano anterior. Não voltaremos ao nível que tínhamos antes desta crise, mas claramente vai aumentar. Todos os principais bancos nacionais estão a trabalhar connosco e com objetivos de crescimento de 50% de média em volume do crédito a conceder para 2015 (vs 2014). O crédito à habitação vai claramente continuar a crescer.

Os bancos continuam com muito stock para vender?
Há menos stock no residencial, mas ainda vamos ver durante algum tempo a entrada de imóveis em carteira, embora com um ritmo bastante inferior ao do ano passado e, acima de tudo, vamos ver canais de distribuição bastante oleados. O residencial não é hoje um problema nos imóveis na banca.

A Century 21 continua com contratos com a banca para colocar imóveis?
Claro. A banca portuguesa, ao contrário da espanhola, tem tido um comportamento muito inteligente ao tratar este tema. A relação que eles estabeleceram permitiu-lhes escoar bem estes imóveis e continuamos com um volume de negócios não só relevante, mas sobretudo com uma perspetiva em alta para os próximos anos.

Os spreads no crédito hipotecário têm estado a baixar? Quais as expetativas?
Os spreads vão continuar a baixar e os produtos que estão a ser preparados e lançados antecipam uma guerra de preços nos spreads. Estamos a concretizar transações abaixo de 3% quando há seis meses/1 ano se pagava (spreads) acima de 4% e chegámos a fechar operações a 5%. Atualmente já temos vários contratos abaixo de 3%. Temos produtos muito interessantes que permitem a pessoas com crédito de habitação contratado, vender e comprar outra casa mantendo praticamente as mesmas condições do crédito na compra de uma nova casa. Poderá em alguns casos existir agravamentos, mas ficarão claramente abaixo das condições de um novo crédito.
Começamos a ver em 2014 e perspetivamos que em 2015 se assista a um regresso de pessoas ao crédito à habitação. A banca está a transmitir mensagens de confiança e há abertura de negociação para transferência de condições contratuais. O crédito à habitação que concederam no passado é prejuízo. Eles (bancos) compraram dinheiro a três meses e emprestaram a 40 anos. Logo têm muito interesse em reciclar as carteiras de crédito que existem.
A tendência para 2015 é que a classe média que sofreu mais, e que de alguma forma vai continuar a sofrer, poderá regressar de forma progressiva ao mercado, pois tem mais incentivos do que tinha. Esta é uma das tendências para 2015.

Neste ano a operação Century 21 Espanha vai ultrapassar a portuguesa?
No ano de 2015 o número de unidades abertas em Espanha irá aproximar-se das nacionais, mas em volume de negócios será ultrapassado pelo mercado espanhol em 2016. O mercado vizinho está globalmente quatro vezes acima do nosso em número de transações, enquanto a nível de valor médio de imóvel estará 40% a 50% acima do nosso. É um mercado natural muito grande.

Quais as principais operações da Century 21 em Espanha?
São a Catalunha, província de Barcelona, província de Las Palmas e Santa Cruz de Tenerife. Madrid é a zona de expansão natural onde estamos com um forte enfoque. Já temos duas unidades piloto. Vamos abrir no centro de Madrid e expandir para o resto da cidade.

Como se tem comportado a operação da Catalunha, tendo em conta que tem sido uma província com questões políticas relevantes e que poderão afetar as decisões de investimento?
Em termos gerais a Catalunha está a crescer 19% (homólogo), enquanto Madrid está a crescer 45%. Temos aqui duas velocidades, com Madrid a liderar claramente o mercado de Espanha.
Quando chegámos à Catalunha em 2010, esta já estava claramente a recuperar e com uma dinâmica recessiva que tínhamos nas outras regiões e também não caiu tão fundo como a costa do Mediterrâneo. A velocidade deles tem a ver com a menor queda dos anos anteriores. Sobre a questão da instabilidade política, aquilo que sentimos foi que o tema não revelou um problema até ao momento. O que sentimos no mercado internacional é que a marca Barcelona é muito forte. O mercado francês só vê Barcelona e há uma comunidade de investidores internacionais que em Espanha só vê Barcelona. Houve uma pequena desaceleração do mercado russo.
O impacto sobre uma possível independência não seria muito relevante sobre o mercado imobiliário. No entanto, o mercado nacional irá sofrer porque empresas que estão na Catalunha poderiam optar pela deslocalização para outras zonas de Espanha por razões óbvias. Mas, repito, o mercado imobiliário de Barcelona vive por si só, seja de nacionais, seja de residentes internacionais. Triplicámos naquele mercado, embora sejamos ainda uma start-up.

Como estão a correr as restantes operações internacionais da Century 21? Vão manter Cabo Verde?
O mercado de Cabo Verde está a sofrer, quer a nível de mercado nacional, quer externo o qual, deixou praticamente de existir. Mas iremos manter a operação. Angola está consolidada e há grande expetativa quanto a toda esta situação. Moçambique tem despertado muito interesse, temos tudo preparado, mas ainda não encontrámos o parceiro adequado para a aventura empresarial. Este será um mercado onde não iremos diretamente, mas conhecemos o potencial e estamos preparados para apoiar o futuro parceiro. A marca a nível internacional está muito focada em África. Temos uma presença consolidada no mercado asiático, na Europa, onde ainda há zonas de expansão, enquanto África é um foco estratégico e nós temos uma posição privilegiada.

Fonte: OJE

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