11 fevereiro 2015

Espaços de Negócios: próximos desafios


Ultrapassados que estão os piores desempenhos de actividade nos vários segmentos do mercado imobiliário, num contexto de recuperação dos indicadores de actividade (volume de vendas; m² colocados e número de transacções) é tempo de nos debruçarmos sobre a consistência da recuperação em curso, com enfoque particular nos mercados de escritórios e retalho.


Começando pela consistência da recuperação no respeitante aos factores endógenos da economia portuguesa, tudo aponta para que o rumo da recuperação seja mantido. As previsões de evolução dos principais indicadores económicos (PNB e sua composição; desemprego e inflação) apresentam-se favoráveis à sustentabilidade do crescimento dos indicadores de actividade de colocação de escritórios e de retalho, embora previsivelmente a ritmos inferiores aos verificados de 2013 para 2014, dado o significativo crescimento que registaram.

Dos factores exógenos, Angola e Grécia à parte, por motivos diferentes, as expectativas são igualmente positivas, fruto da recuperação nossos principais parceiros económicos, sendo que os efeitos das recentes decisões do BCE, ainda não se encontram impactados nas previsões de evolução dos indicadores nacionais. 

É nesta envolvente que aos segmentos de escritórios e retalho irão ser colocados desafios diferentes. 

O mercado de escritórios encontra-se num impasse fruto do estigma teórico de cerca de 550.000 m² disponíveis na cidade de Lisboa. Teórico porque ao analisarmos a qualidade desses espaços verificamos que a maior parte dos escritórios disponíveis (cerca de 85-90%) se encontram desenquadrados dos requisitos das procuras existentes e a capacidade de resposta a procuras de áreas de uma dimensão razoável (2-5.000 m²) é reduzida e muito limitada para áreas de maiores dimensões (acima dos 5.000 m²). 

O desajustamento é também alimentado pela incapacidade de um número significativo de proprietários investirem nos seus activos, conferindo-lhe as condições que as empresas procuram encontrar para mudar os seus escritórios, fruto da falta de meios financeiros próprios para o fazerem, da dificuldade em acederem ao crédito e de manterem elevadas expectativas quanto ao valor de venda dos seus activos, que constituem um impedimento a que outros façam aquilo que não têm meios para fazer. 

Por sua vez ao segmento de comércio apresentam-se desafios diferentes. 

Num contexto em que não há praticamente lugar para novos centros comerciais acima dos 40.000 m², para alguns espaços desta categoria, bem como retail parks o encerramento será uma imperatividade, a menos que consigam reestruturar-se proporcionando uma oferta diferenciadora. 

Na cidade de Lisboa é de sublinhar a dinâmica de crescimento do comércio de rua, a qual não se tem confinado às melhores localizações (prime) e na do Porto a entrada das insígnias de luxo que parecem estar a privilegiar a Av. dos Aliados para a sua fixação.

São desafios estimulantes que apelam à necessidade de um apoio profissional qualificado de forma a permitir a maximização do valor dos activos imobiliários. Neste âmbito é de sublinhar que Portugal está muito bem servido pelas empresas associadas da ACAI (Associação de Consultores e Avaliadores Imobiliários). por Paulo Silva, Presidente da ACAI - Associação de Consultores e Avaliadores Imobiliários

Fonte: Público

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