
Depois da descida do BCP, foi a vez da CGD rever em baixa as taxas cobradas nos empréstimos para a compra de casa própria. Reduziu em 75 pontos base o "spread" mínimo, colocando a margem abaixo dos 2%. A Caixa Geral de Depósitos (CGD) esmagou o "spread". Depois do corte do BCP, no arranque deste mês, o banco do Estado avançou esta semana com uma descida expressiva na margem mínima exigida aos seus clientes para a concessão de crédito à habitação. É o primeiro banco a apresentar uma taxa abaixo dos 2%, abrindo a porta, dizem os economistas, a que outros sigam o exemplo, na tentativa de reavivar um negócio que lhes permita gerar lucros.
Este é um corte expressivo que, contudo, não surge como uma surpresa tendo em conta a baixa taxa paga na emissão de obrigações hipotecárias realizada em Janeiro. "Financiando-se a CGD com estes ‘spreads’ [pagou 1,09%], podemos esperar que tenha condições para financiar tanto famílias como as empresas com ‘spreads’ mais baixos", disse João Nuno Palma, administrador financeiro da CGD, ao Negócios. "Este nível de financiamento vai permitir-nos sermos mais competitivos no crédito hipotecário", rematou.
Melhor oferta
Com a redução aplicada ao "spread", a CGD passa a ter a taxa mais baixa no mercado português. Destronou o Banco Popular, que tem um "spread" de 2,25%, mas também o BCP que nas últimas semanas tinha demonstrado a maior aposta no mercado do crédito à habitação com uma redução do "spread" para o mesmo patamar: 2,25%, de 2,5%.
Esta semana, também o Santander Totta fez uma actualização da margem mínima que passou de 2,49% para 2,44%.
"Os ‘spreads’ estavam elevados", diz Paula Carvalho. Estes cortes "inserem-se num percurso de normalização, em linha com a melhoria das condições de financiamento da banca", nota a economista-chefe do BPI. Neste sentido, "atendendo à escassez de alternativas de aplicação de fundos e de realização de negócio, é possível que essa tendência [de redução de ‘spreads’] se estenda ao sector", diz Paula Carvalho. "É de esperar que os ‘spreads’ continuem a baixar", diz Filipe Garcia. "A dúvida é sobre as restantes condições de financiamento, nomeadamente indexantes, e nas percentagens de empréstimo concedido face ao valor dos imóveis", diz o economista da IMF.
Renovar aposta
"Algumas das condições para a concessão de crédito têm vindo a melhorar", nota Paula Carvalho. "Em particular, no segmento das famílias, a queda da taxa de desemprego e o recuo dos níveis de endividamento, para além de um aumento da procura por financiamento", diz. Estas mudanças "justificam que os bancos apostem de novo neste segmento, o do crédito à habitação", refere a economista.
"Durante os últimos anos os bancos estiveram a digerir carteiras de malparado no imobiliário, algo que em alguns casos já poderá permitir acomodar mais risco", sublinha Filipe Garcia. E remata: "há que ter a noção que os bancos têm de emprestar dinheiro para poderem ser rentáveis". Ou seja, só assim conseguem gerar margem, o que poderá fazer aumentar os seus resultados.
Fonte: Negócios
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