No Chiado, em Lisboa, os preços de algumas casas chegaram a valorizar 150% no ano passado. A alteração do perfil de quem está a comprar casas em Portugal fez crescer o preço médio dos imóveis transacionados no mercado. A conclusão chega de um estudo da rede imobiliária Century 21 e do Confidencial Imobiliário (empresa fornecedora de dados para os profissionais do sector) que aponta para um crescimento de 40% no valor médio dos imóveis transacionados no ano passado no país.
"2014 marcou o regresso da classe média ao mercado que se veio juntar aos estrangeiros que já procuravam o nosso país para comprar casas. Este perfil de clientes está a selecionar imóveis mais caros", diz Ricardo Sousa, administrador da Century 21, para justificar este aumento significativo nos imóveis transacionados no país, num estudo que cruza não só os resultados da rede Century 21 mas também a amostra de mercado selecionada pelo Confidencial Imobiliário de cerca de 15 mil imóveis.
Em algumas zonas é muito evidente a variação dos preços quando é feita a comparação homóloga entre 2013 e 2014.
No Chiado, por exemplo, o valor médio dos imóveis transacionados ronda os €340 mil, mas o crescimento dos preços chegou aos 150%, de acordo com o estudo. "O Chiado tem registado níveis de procura muito elevados por parte do segmento médio-alto. Em 2013, um apartamento T3 custava aqui cerca de €300 mil, hoje o preço facilmente vai até um milhão de euros, o que justifica esse crescimento significativo", explica Ricardo Sousa.
Na zona do Castelo, a situação é semelhante. Ainda que a média dos imóveis transacionados (e que inclui casas usadas e reabilitadas) se situe em pouco mais de €184 mil, há apartamentos T3 reabilitados a serem vendidos por €600 mil que em 2013 estavam abaixo dos €300 mil, diz o mesmo responsável.
Já a norte, os preços não sofreram acréscimos muito elevados porque o principal motor de recuperação do sector tem sido o mercado doméstico. Assim, e não só a norte mas também no Algarve, a evolução dos valores é explicada pelos baixos preços que existiam em 2013 motivados pela quantidade de imóveis transacionados pela banca. Com a regularização do mercado em 2014, os preços sofreram acréscimos de 25% no Porto ou 26% em Tavira.
A Century 21 apresentou este estudo na convenção anual da rede que decorreu na semana passada no Estoril e onde foram também divulgadas as contas da rede em 2014.
Assim, a Century realizou no ano passado 5.580 transações de venda de imóveis e mediou um volume de negócios de mais de €397 milhões. A sua faturação atingiu os €14,5 milhões, o que representa 26% de crescimento em relação ao ano anterior. Os estrangeiros representaram 27% dessa faturação, com destaque para os franceses.
Diz o responsável da rede que "França foi o país que mais contribuiu para este crescimento do negócio dos mercados internacionais, a liderar com cerca de 45% das transações, seguida pelo Reino Unido com 28% e pela Bélgica com 16% das transações internacionais da Century 21 Portugal".
O impacto dos franceses nas contas do grupo em Portugal motivou o convite ao responsável da rede em França para estar presente na convenção. Laurent Vimont, CEO da Century 21 França, lembrou que uma boa parte dos franceses que estão agora a investir em Portugal são os mesmos que por regra investiam em Paris, Biarritz, Nice, Normandia ou Bretanha. "Mas o preço de investimento é aqui muito diferente. Em Biarritz compram um apartamento de 80 m2 por €300.000. E em Paris, em média, com €400.000 apenas um T1 com uma área que não vai além dos 47 m2. Aqui, com esses valores, compram uma moradia. Num lugar onde podem contar com a hospitalidade portuguesa, com um clima fantástico e um custo de vida mais baixo", sublinhou Laurent Vimont.
Valor médio de imóveis transacionados 2013/2014
Lisboa (T3) Valor Variação
- Chiado - €339.167 (+150%)
- Castelo - €184.835 (+64%)
- Eixo Marquês/Avenida - €490.306 (+52%)
A.M. Porto (T2)
- Porto - €138.095 (+25%)
- Guimarães - €67.808 (+22%)
- Matosinhos - €99.042 (+21%)
A.M. Algarve (T2)
- Tavira - €66.380 (+26%)
- Albufeira - €138.095 (+11%)
- Faro - €67.808 (+9%)
Fonte: Expresso
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