19 fevereiro 2015

Principais tendências previstas no sector de imobiliário para 2015



Portugal tem vindo a recuperar sustentadamente a confiança dos investidores, tanto nacionais como estrangeiros, na sequência da saída da Troika de Portugal, em 2014. Ao longo do ano transato, foi-se observando a consolidação, algo expressiva, da melhoria dos indicadores económicos e um forte incremento do volume de investimentos no sector imobiliário, sobretudo por parte de investidores estrangeiros, incluindo fundos e outros investidores institucionais, que – depois de Espanha - voltaram a focar-se em Portugal como “mercado alvo”.

Esta tendência deverá ser muito visível em 2015, pelo que o presente ano é encarado com muito otimismo. É expectável que o volume de negócios no sector imobiliário possa ultrapassar a fasquia dos 1.000 milhões de euros, o que há dois anos atrás era um número impensável.

Destacamos, neste ano que agora se inicia, os seguintes movimentos ou tendência do mercado imobiliário português:

1. Destaque para a Reabilitação Urbana
Tem vindo a observar-se um crescimento considerável deste sector, com aumento do nível de atividade das empresas dedicadas à reabilitação urbana, e um consequente aumento de imóveis adquiridos e intervencionados para reconversão e revenda.

Destacamos para este efeito as intervenções que têm vindo a ser realizadas nas zonas históricas das principais cidades do país, com particular destaque para Lisboa e Porto, com intervenções que extravasam a estética dos edifícios, implicando por vezes novas formas de pensar os fins estabelecidos para os imóveis, em muitos casos convertidos em Hotéis de charme ou habitação destinada ao segmento de luxo. Estes investimentos têm substituído a tradicional “construção nova” e têm contribuído para a regeneração das cidades, imprimindo uma nova dinâmica e qualidade urbanística ao excecional parque de imóveis que se encontravam degradados ou abandonados, muitos dos quais localizados em zonas prime de Lisboa e Porto.

Em acréscimo, acreditamos que o novo ciclo de apoio comunitário na área de reabilitação e da eficiência energética, no âmbito do “Portugal 2020”, poderá consubstanciar um importante incentivo para alavancar investimentos na área da reabilitação urbana.

2. Aumento do Investimento Imobiliário estrangeiro
Os investidores estrangeiros encontram-se, de novo, ativamente à procura das melhores oportunidades de negócio e a procura de targets deverá manter-se em alta. Os Fundos tradicionais já efetuaram em 2014 transações muito relevantes, tendo sido investidos centenas de milhões de euros nalguns ativos imobiliários que se encontravam no mercado.

Destacam-se, ainda que não de forma exclusiva, os investimentos estrangeiros oriundos de França e da China, designadamente no âmbito dos programas de “RNH” e “Golden Visa”, não só para fins habitacionais, mas também no segmento de edifícios de escritórios, com boa localização nalguns casos para a execução de obras de reabilitação desses imóveis para futura revenda a terceiros. Este fenómeno não se observava frequentemente na primeira vaga de investimento estrangeiro, o que denota confiança e alguma maturação deste segmento de investidores.

Paralelamente, existe alguma expectativa de que Portugal continue a afirmar-se como um destino atrativo para os pensionistas e reformados europeus, atraídos pelo valor competitivo dos imóveis e regime aplicável aos RNH.

3. Abrandamento da retração do setor da Construção
O sector da construção continua muito contraído, devendo dar alguns sinais de retoma no decurso de 2015. É possível observar uma retoma, sobretudo no sector da reabilitação urbana de edifícios degradados, que regista uma fortíssima aceleração, com dezenas de obras de reabilitação em curso ou que serão iniciadas em 2015.

4. Expectável descida dos spreads bancários
Os spreads, que atingiram valores incomportáveis nos últimos anos, terão tendência a baixar ao longo de 2015, acompanhando o aumento de liquidez que se vai registando. Tais alterações deverão ter um impacto significativo no volume de negócios imobiliários e financiamento de novos projetos que devam, necessariamente, estar alavancados em financiamentos.

Por Tiago Mendonça de Castro, Sócio da Área de Prática de Direito Imobiliário de PLMJ, e Diogo Belard Correia, Associado da PLMJ

Este artigo foi publicado na Nota Informativa de Fevereiro de 2015 da PLMJ – Sociedade de Advogados RL

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