05 fevereiro 2015

Sete anos mais tarde, o 'subprime' está de volta


O mercado que deu origem ao tsunami financeiro de 2007/2008 começa novamente a ganhar adeptos. Sete anos depois do ‘tsunami' financeiro que varreu os mercados globais, o ‘subprime' está de volta. Desta feita chamam-lhe ‘nonprime', qual "Aquele-Cujo-Nome-Não-Deve-Ser-Pronunciado". 

O ‘hedge fund' Seer Capital Management, a gestora Angel Oak Capital ou o grupo bancário Macquarie, são algumas das instituições que já recomeçaram a comprar empréstimos de maior risco, com o objectivo de os "empacotar", vendendo-os depois a investidores. Ou seja, trata-se de uma transferência do risco de incumprimento dos credores iniciais, geralmente bancos, para investidores que compram estes produtos derivados. Regra geral, quanto melhor estes produtos pagam - uma espécie de cupão - maior o risco dos empréstimos que lhes estão associados. E em caso de incumprimento dos devedores, são igualmente os investidores que assumem as perdas. 

Mas ao contrário do que aconteceu no passado recente, as gestoras dizem-se apostadas em não repetir os erros que levaram à crise de 2007/2008. Como? Retendo os empréstimos mais arriscados em vez de os transferir para compradores em todo o mundo. Uma limitação de riscos para os mercados globais que está no entanto alinhada com o interesse destas gestoras. A ressuscitação do mercado de ‘subprime' não surge por acaso. Surge enquadrada numa lógica de ‘search for yield', ou seja, a busca dos investidores por melhores retornos num ambiente de taxas de juro zero e abundância de liquidez. "A qualquer conferência que vá tenho pelo menos uma dúzia de investidores a pedirem-me estes activos", comentava Michael Kime, responsável de operações da W.J. Bradley Mortgage Capital, em declarações à agência Bloomberg. Ora, ao reterem os empréstimos mais arriscados, as gestoras retêm também os activos que melhor remuneram.

Uma reactivação em larga escala deste mercado resultaria, em última análise, numa maior propensão dos bancos em concederem empréstimos de maior risco e a custos mais baixos, o que corresponde em grande parte aos objectivos da política monetária, que quer o dinheiro a chegar à economia real de forma a promover o crescimento. Isto porque os bancos deixariam de suportar o risco dos empréstimos nos seus balanços, tratando-os quase como uma ‘commoditie'. Por outro lado, as memórias do ‘subprime' são ainda dolorosas. A JP Morgan estima que este mercado atinja os cinco mil milhões de dólares este ano. Entre 2005 e 2007 negociou mais de dois biliões de dólares. 

"Os investidores não regressam a este mercado porque os problemas relacionados com conflitos de interesses e com a falta de transparência continuam por resolver."

Fonte: Económico

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