22 julho 2015

Turismo residencial com forte dinâmica no mercado interno


Aceleração da procura gera escassez de produto disponível. Novos projetos podem incluir joint-ventures entre promotores nacionais e internacionais. A procura turística nacional está no epicentro da dinâmica em torno do segmento do turismo residencial. Diversos operadores confirmam que, para além dos chamados vistos gold e do regime fiscal para o residente não habitual, “a aceleração da procura turística tradicional, em Lisboa, Porto e Algarve”, contribui para “colocar Portugal no radar de investidores – institucionais, promotores e de produto final - gerando uma dinâmica de procura que não existia desde 2007/2008”, considera Eduardo Abreu, da Neoturis. “Estamos num momento de clara aceleração da procura; não aos níveis pré-crise, mas quando comparado com o período entre 2009 e 2013”, disse.


Também nas previsões do operador Pestana Troia Eco-Resort, “o mercado nacional”, até aqui “o mais importante” para o projeto, deverá ganhar “um fôlego ainda maior com a estabilização do cenário macroeconómico”. 

Por seu turno, Mário Azevedo Ferreira, CEO do grupo NAU Hotels & Resorts, estima que “o regime de residentes não habituais é, sem dúvida, um fator importante nas vendas e em crescimento” mas, no entanto, “não é por si só fator suficiente. É necessário que seja conjugado com um produto de qualidade e com uma oferta de serviços que dê resposta às necessidades destes clientes”, afirma. 

Alentejo com mais procura 

Na captação dos mercados externos, “deve ser alavancada a presença de um número cada vez maior de turistas em Portugal para dar a conhecer a oferta de turismo residencial, num período em que alguns dos nossos concorrentes - como o Egipto, a Tunísia, Grécia ou Marrocos - apresentam algumas debilidades ao nível da estabilidade política, social e económica, com consequente insegurança ao nível do investimento”, disse Eduardo Abreu. 

Segundo dados da APR, foram vendidas 25 mil unidades em 2014, esperando-se vendas em 2015 iguais ou superiores ao ano transato. As localizações estrela “ainda são o Algarve e Lisboa - entendida em sentido lato como o eixo Lisboa/Cascais”, elencou Eduardo Abreu. 

O mercado inglês representa 65% da quota de segunda habitação para estrangeiros no Algarve, seguida dos alemães (10%), franceses (“em crescendo”) e russos, “quando a sua situação económica melhorar”, estima a APR. 

Não obstante, “o litoral do Alentejo tem vindo a registar um nível interessante de procura, cada vez mais internacional”, referiu Eduardo Abreu; “quanto ao Douro, a escassez de oferta não permite constituir desde já um mercado, mas apenas algumas operações esporádicas de quintas ou unidades fragmentadas na região sem estarem integradas em resorts”, disse. 

Na Costa Alentejana, são franceses e chineses quem domina a procura. Em Lisboa, esta é formada sobretudo por “chineses, franceses e brasileiros”, adiantou a APR.

Parcerias geram oferta 

A escassez de produto disponível neste segmento tem sido levantada por diversos operadores. Na perspetiva de Eduardo Abreu, “uma das consequências da crise é a maior prudência por parte dos investidores finais na aquisição de segundas casas”. 

Esta prudência, prossegue, “reflete-se na procura de produto acabado a promotores e em regiões com track-record, fato que faz com que em algumas zonas do Algarve e Lisboa possamos começar a falar em escassez de produto”. 

No entanto, “também se observam movimentações, por parte de promotores nacionais e internacionais, para rapidamente colocarem no mercado oferta que esteve parada durante os últimos anos”. Assim, para Eduardo Abreu, “o Oeste será também uma região onde o produto acabado existe ou pode vir a existir no curto prazo”. 

Nesse sentido, dada a evolução da procura, a capacidade dos promotores nacionais para avançarem com novos projetos “está muito condicionada pela dificuldade de acesso a financiamento e por históricos de projetos demasiado alavancados que não conseguem atualmente captar recursos para a conclusão”, afirma o responsável da Neoturis.

Também segundo a APR, “2015e 2016 serão anos de forte investimento em nova obra”. Porém, “falta capacidade financeira à grande maioria dos promotores para poderem construir e promoverem no exterior estes seus novos produtos”. 

Assim, concluiu Eduardo Abreu, a resposta do mercado no curto prazo pode passar por “joint-ventures entre promotores nacionais e internacionais”.

Fonte: Público Imobiliário

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