01 agosto 2015

Cidades mais pequenas voltaram ao mercado


Vendas de casas já mexe em zonas que estiveram 'congeladas' nos anos de crise imobiliária. As famílias da classe média e média baixa voltaram a comprar casas a reboque da abertura do crédito à habitação, uma nova tendência pós-crise que já está a lazer mexer o valor médio dos imóveis transacionados no mercado. E essa aquisição ocorre cada vez mais em zonas periféricas, longe dos grandes centros ultimamente tão na moda devido ao interesse dos estrangeiros. Na apresentação dos resultados da Century 21 para o primeiro semestre deste ano isso é já evidente: enquanto no período homólogo de 2014 o valor médio dos imóveis transacionados na rede se situava nos €149.600, este ano o valor baixou para os €124.600.



"Essa descida explica-se com a nova caracterização da procura. Neste momento já não são só os segmentos médio e médio alto que adquirem casa, como aconteceu até há bem pouco tempo. Também os segmentos mais baixos voltaram ao mercado e em força", aponta Ricardo Sousa, CEO da Century 21. Com um dado curioso, diz ainda: "Zonas mais periféricas como Santarém, Leiria, Coimbra e Évora, onde os imóveis apresentam valores mais baixos, estão a influenciar a média nacional." 

A rede, que faturou €8,5 milhões nos primeiros seis meses deste ano (um crescimento de 38%, em comparação com o período homólogo de 2014 e para um volume de negócios mediado na ordem dos €197 milhões), registou 2.870 transações de venda (contra 2.194 realizadas no mesmo período do ano anterior).

Nestas vendas, o crédito à habitação teve um peso significativo: na Century 21 Portugal deram entrada, desde o início do ano, cerca de 1.000 processos de crédito habitação. "Foi atribuído um volume de crédito de aproximadamente €80 milhões, que representa cerca de 40% do volume de negócio mediado pela Century 21 Portugal. Isto significou um crescimento de 72%, em comparação com o ano anterior', confirma o responsável. Neste grupo imobiliário, o valor médio do crédito à habitação por imóvel situou-se nos €80 mil, o que correspondeu, aproximadamente, a 65% do valor do imóvel.

E a história repete-se?

O passado recente marcado pelas dações de imóveis e o resgate de casas devido ao incumprimento no pagamento das prestações bancárias do empréstimo à habitação não parece ter dissuadido quem sempre sonhou em ser proprietário. De acordo com os dados do Banco de Portugal, o Montante das Novas Operações de Crédito à Habitação, entre janeiro e maio de 2015, atingiu os €1,288 mil milhões, o que traduz um aumento de 51,5% face aos €850 milhões registados no mesmo período do ano passado. 

"Acredito, porém, que já começa a haver uma maior cultura de responsabilização no financiamento bancário e casos de financiamento a 100% só acontecem mesmo para os próprios imóveis que a banca ainda tem para escoar", realça Ricardo Sousa, lembrando que muitos dos que estão agora a regressar ao mercado eram jovens que tinham adiado a decisão de compra devido à instabilidade económica e que se mantinham na casa dos pais. 

E apesar do "hábito enraizado nos portugueses de serem proprietários das suas casas", a realidade é que "o mercado de arrendamento ganhou uma dinâmica que não vai parar", reforça convicto o administrador, sublinhando que as questões de mobilidade profissional pesam cada vez mais nos processos de decisão na hora de comprar ou arrendar. 

Ainda assim, no sector de arrendamento, a rede nacional da Century 21 Portugal realizou 1.369 transações, contra as 1.505 registadas no período homólogo do ano passado, revelando uma diminuição de 9% nas operações de arrendamento. Este segmento representou cerca de 32% do total das transações realizadas pela Century 21 Portugal neste semestre, contra os 40% verificados nos primeiros seis meses de 2014.

Esta tendência decrescente do arrendamento continua a manter-se, desde o terceiro trimestre do ano passado. O valor médio de arrendamento continua a registar uma ligeira quebra, fixando-se nos €512,5 no primeiro semestre deste ano, tendo em conta o valor médio de €520 registados entre janeiro e junho de 2014.

Fonte: Expresso

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