20 setembro 2015

Vendas das mediadoras pouco afetadas por queda nos Golden Visa


IMOnews Portugal
Desde início do ano, a emissão dos Golden Visa já rende menos 52% do que em 2014, mas as principais redes de mediação imobiliária a operar em Portugal dizem que o seu negócio não foi muito afetado por esta quebra. “Houve, de facto, uma quebra em Portugal no número de Golden Visa atribuídos”, começa por dizer Miguel Poisson, Diretor Geral da ERA Portugal, mas adianta desde logo que “o impacto na rede ERA foi muito residual”.


Também no caso da Century 21, “esta situação não foi expressiva” revela Ricardo Sousa, Administrador da Century 21 Portugal. E na Remax, apesar dos negócios “efetuados através do Golden Visa” terem abrandado, “o nosso foco continua a ser o mercado nacional”, frisa Beatriz Rubio, CEO da rede em Portugal, que explica ainda que no “1º semestre deste ano, 49% das casas angariadas pela rede Remax com valor superior a meio milhão de euros foram vendidas a cidadãos nacionais”. Já entre os estrangeiros que compram casas, além dos chineses, encabeçam a lista de nacionalidades “mais preponderantes no negócio”, os brasileiros, ingleses, suecos e franceses, adianta ainda Beatriz Rubio. 

O facto de os chineses – que concentram mais de 90% do investimento através do Golden Visa - não dominarem as compras de casas por estrangeiros registadas nestas redes é precisamente uma das razões apontadas para o baixo impacto da queda dos vistos Gold no negócio. Na Century 21, “o mercado europeu tem sido o principal motor da procura internacional”, diz Ricardo Sousa, e na ERA, onde os estrangeiros representam cerca de 20% dos negócios, Miguel Poisson explica que nesta altura “estamos bem mais concentrados nos estrangeiros que compram ao abrigo do regime fiscal para residentes não habituais, em que os reformados franceses começam a constituir uma fatia cada vez maior deste segmento”. A par destes, que ”em muitas zonas do país, disputam já a liderança com os ingleses, há outras nacionalidades de compradores estrangeiros que estão a crescer, tais como os belgas, os suíços e os escandinavos”, adianta ainda o Diretor Geral da ERA Portugal

Também o facto de os investidores em imobiliário por via do Visto Gold se concentrarem sobretudo na zona de Lisboa é apontado como outra das razões pelas quais as três redes não foram afetadas em profundidade pelo recuo de mais de 52% no investimento gerado por este instrumento. Ricardo Sousa, da Century 21, explica que a cidade de Lisboa foi o principal mercado atingido por esta quebra no investimento, uma ideia igualmente defendida por Miguel Poisson, que comenta que “este segmento de negócios tem pouco impacto nas restantes zonas do país”. Na ERA, “esta quebra teve impacto em algumas agências da zona de Lisboa, em particular nos concelhos de Lisboa e Cascais, onde se encontram a grande maioria das compras de chineses”. 

Esta nacionalidade constitui a esmagadora maioria dos Vistos Gold atribuídos até final de agosto, concentrando 1.969 das 2.465 autorizações de residência registadas desde outubro de 2012. Neste período de quase três anos, foram investidos 1,49 mil milhões de euros através do Golden Visa, dos quais 1,35 mil milhões dizem respeito à compra de imóveis de valor superior a 500 mil euros. Os critérios de atribuição dos Vistos Gold foram recentemente revistos e este patamar pode agora baixar (para 350 mil euros), desde que os imóveis adquiridos sejam para reabilitação. 

Dar mais confiança aos investidores 

Este tem sido um dos programas com maior capacidade de captação de investimento estrangeiro para Portugal, mas tem este ano registado quedas muito relevantes, motivadas por um lado pelas polémicas em que se viu envolvido no final do ano passado, com suspeitas de corrupção, e já, este ano, com uma suspensão, por questões administrativas, na emissão de vistos, a qual tem sido uma das principais razões apontadas pela indústria imobiliária como causadora nesta descida abrupta. De acordo com as contas da Confederação Portuguesa da Construção e do Imobiliário (CPCI), a queda acumulada dos primeiros oito meses de 2015 vai já em 52% face ao mesmo período do ano passado. 

Números divulgados na passada semana por esta associação, mostram que entre janeiro e agosto deste ano chegaram 268 milhões de euros a Portugal através do investimento motivado pelos Golden Visa. Na mesma altura do ano passado, o investimento totalizava os 564 milhões de euros. 

Ainda assim, o mês de agosto já trouxe algum reânimo, com 21 milhões de euros investidos, depois de em julho se terem apenas apurado 6 milhões de euros de investimento. No final de julho, a queda acumulada já ia em 70%. 

Para a CPCI este “é um signifi cativo retrocesso” face a 2014, defendendo que “o país tem que continuar a apostar num Programa com a capacidade de captação de investimento do Golden Visa”, que além do investimento conquistado, representou, pelas contas desta associação, ainda mais de 100 milhões de euros em receitas diretas para o Estado e outros efeitos “positivos noutras atividades como o comércio ou o turismo”. Para a CPCI, é “tempo de ultrapassar todos os constrangimento, de dar confiança aos investidores, de potenciar o posicionamento competitivo de Portugal face à forte concorrência de regimes similares existentes em diversos países europeus”. Aliás, os resultados de agosto mostram já que “o interesse dos investidores se mantém, após as dificuldades administrativas geradas pelo impasse verificado na regulamentação deste regime”. 

Para Miguel Poisson, da ERA, é também uma questão de confiança. “Temos que provar aos mercados (em particular o mercado chinês, brasileiro, russo e do Médio Oriente), que investir em Portugal é uma decisão segura e rentável”. Por isso, diz, por seu lado Ricardo Sousa, “após a clarificação e estabilização do processo de atribuição dos Golden Visa, este segmento irá recuperar”, Ainda assim, acredita este responsável, “o ritmo de vendas será inferior a níveis já alcançados” e será, por isso, “muito importante, identificar novos mercados motivados pelos vistos de residências para investimento imobiliário, para que o mercado continue a crescer neste segmento do Golden Visa”, conclui.

Mais casas vendidas em 2015
As vendas da Remax, ERA e Century 21 aumentaram no 1º semestre do ano entre 20 a 30%, revelaram os responsáveis destas redes em entrevista. “O ano de 2015 está a decorrer com ótimos resultados “, diz Beatriz Rubio, da Remax, revelando mesmo que “cada mês tem superado sempre o anterior”. No caso desta rede registam-se mais 20% em vendas no 1º semestre face ao ano anterior, e até final do ano “esperamos continuar a crescer”. 
Já na Century 21, o 1º semestre “representou um crescimento de 31% das transações de venda”, o que Ricardo Sousa considera dever-se , em parte, ao “aumento do crédito habitação” e ao “crescimento dos mercados periféricos de Portugal”. Também neste caso, a rede deve “continuar a verificar um aumento de transações”, embora seja expectável “um abrandamento do ritmo de crescimento até final do ano”. 
Na ERA, no 1º semestre a faturação cresceu 36% e Miguel Poisson antevê mesmo que “este ano venha a ser o melhor de sempre da ERA em Portugal”, com o pressuposto de se manter “o clima de confiança dos portugueses e o investimento estrangeiro em Portugal”, remata.

Fonte: Público Imobiliário

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