08 outubro 2015

Novo Banco tem imóveis à venda no valor de 2,8 mil milhões de euros


O Novo Banco tem em carteira imóveis de valor superior a 2,8 mil milhões de euros, segundo as contas semestrais da instituição. Estes activos imobiliários serão cruciais para o plano de capitalização que a gestão liderada por Eduardo Stock da Cunha vai pôr em marcha. No mercado, é vista como solução possível a venda de blocos de várias centenas de imóveis a fundos de investimento internacionais, directamente ou através da criação de um novo veículo que será depois aberto a investidores, à semelhança do que quer fazer o Banco Popular, em Espanha.


Tal como o Diário Económico noticiou, o plano de reestruturação e optimização de balanço que o Novo Banco vai implementar vai incluir a venda de activos não-estratégicos, como participações em sociedades e os imóveis em carteira. À semelhança dos seus principais concorrentes, a CGD, o BCP e o BPI, o Novo Banco tem em carteira 14 mil imóveis que lhe foram entregues por clientes com créditos em incumprimento (ver tabela). Nos últimos anos, para enfrentarem este problema, os bancos portugueses têm recorrido à venda directa e a leilões imobiliários para se libertarem destes activos. Mas estes processos tradicionais, que implicam a concessão de crédito com condições mais favoráveis, levam tempo. 

No caso do Novo Banco, a urgência será maior, dada a necessidade de reduzir o esforço de capitalização que será exigido após a divulgação dos resultados dos testes de ‘stress' europeus, em Novembro. Quanto maior for o valor dos activos vendidos, menos capital terá de ser injectado no Novo Banco, seja pelo Fundo de Resolução, seja pelo futuro comprador do banco. Além disso, a manutenção e recuperação dos imóveis é dispendiosa, sendo que muitos estão no Novo Banco há mais de cinco anos. 

Quanto mais tempo passar, maior será o risco de desvalorização, devido a factores como o vandalismo. Além dos imóveis entregues pelos clientes que deixam de pagar os créditos, o Novo Banco tem na sua carteira de activos não correntes para venda as participações em várias sociedades, como a Greenwood Ecoresort (222 milhões de euros). 

Daí que a venda em bloco de grande parte destes activos seja considerada uma solução provável, por várias fontes do mercado ouvidas pelo Económico. Até ao fecho, não foi possível obter esclarecimentos do Novo Banco.

Mais rapidez, mas também risco de vender à pressa

O mercado imobiliário atravessa uma fase de recuperação, após a crise dos últimos anos. Este facto foi um dos argumentos do Banco de Portugal para justificar a decisão de adiar a venda do Novo Banco. Nos últimos meses, Portugal tem estado na mira de vários grandes fundos internacionais, como demonstram as recentes vendas dos edifícios dos hotéis Tivoli e dos centros comerciais Dolce Vita Tejo e Almada Fórum.

Segundo dados da Cushman & Wakefield, noticiados pelo "Expresso", o investimento no mercado imobiliário português superou os mil milhões de euros, nos primeiros oito meses de 2015, quase o dobro do ano passado.

Recusando falar sobre o caso concreto do Novo Banco, o advogado Duarte Garin disse ao Económico que a "simplicidade de uma operação em bloco, por comparação com a dificuldade de implementar inúmeras pequenas operações de venda, também é uma vantagem, como é também a possibilidade de incluir no pacote ativos que de outra forma dificilmente se vendem". 

"A venda de activos imobiliários de forma agregada, ou seja, em pacote, pode ter vantagens claras nomeadamente a rapidez do processo de venda e o facto de poder ser uma operação de grande volume o que atrais os grandes fundos internacionais que realizar grandes investimentos", disse Duarte Garin, que é ‘managing partner' da Uría Menéndez - Proença de Carvalho (UM-PC) e tem vasta experiência na assessoria de grandes operações no imobiliário em Portugal.

Por sua vez, um administrador de um banco disse ao Diário Económico que a venda em bloco tem como vantagem a maior rapidez. Mas salientou que não é isenta de riscos: "o problema será encontrar esses compradores institucionais. E é obvio que, numa venda apressada,quem compra vai aproveitar-se no que toca ao preço".

Fonte: Económico

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