01 novembro 2015

Falta financiamento para o imobiliário nacional


IMOnews Portugal, imóveis, rendas, casa, mediação
Contenção da Banca nacional só financia projetos até €20 milhões, conclui estudo da JLL. Países irmãos, companheiros nas agruras da crise e partilhando as mesmas situações de aperto impostas pela troika, Portugal e Espanha recuperam agora a níveis diferentes no que diz respeito à confiança do mercado imobiliário e ao seu financiamento.

O 2º estudo "Iberian Lenders Survey in Commercial Real Estafe", feito recentemente pela consultora JLL, tentou perceber exatamente como está a ser o regresso dos financiadores ao mercado - entre bancos, seguradoras e fundos de dívida - e que tipo de ativos preferem financiar.


Uma das principais conclusões sobre o empréstimo de capital mostra que "os financiadores em Portugal, e em especial os bancos, procuram sobretudo operações pouco complexas e com garantias plenas, preferindo contratos de menor duração (menos de 7 anos), enquanto em Espanha se denotam mais financiadores dispostos a assumir financiamentos de longo prazo (mais de 10 anos e de 15 anos)", refere o estudo. 

Quanto à dimensão das operações, a preferência em Portugal, em geral, é por negócios de menor dimensão. Neste contexto, os bancos internacionais são os únicos intervenientes de relevo em negócios superiores a €50 milhões, mostra o documento, que situa a dimensão dos restantes negócios entre os €10 milhões e os €50 milhões. Já em Espanha, a escala é bastante diferente: a base mínima referida anda na ordem dos €20 milhões a €50 milhões, mas a maioria dos financiadores quer financiar negócios acima dos €50 milhões. 

Para as suas conclusões, a JLL contou com a participação de responsáveis de 33 entidades a atuarem no mercado ibérico, dos quais 25 em Espanha - onde se incluíram 16 bancos (7 nacionais e 9 internacionais), sete fundos de private equity e duas seguradoras - e 8 em Portugal, incluindo 7 bancos (2 nacionais e 5 internacionais) e um fundo de private equity. Algumas das entidades autorizaram a divulgação dos seus nomes, outras não. 

"Apurámos que em Espanha, 19 destas entidades financiadoras estão dispostas a emprestar mais de €100 milhões por uma só operação (com um ou mais ativos) e isto mostra bem a diferença que existia em relação ao ano passado quando o número de financiadores não ia além dos cinco ou seis. E recuando um pouco mais atrás não existia nenhum", diz Jorge Valenzuela, responsável pelo departamento ibérico de assessoria para o financiamento ao mercado de capitais e que esteve em Portugal esta semana para apresentar o estudo a um grupo restrito de intervenientes do mercado.

Em Espanha, quem mais apetência tem para financiar neste momento são os bancos nacionais. "O Santander, BBVA, Caixabank, Sabadell, Popular e Bankinter são os mais ativos. E dos bancos internacionais estão, entre outros, o Crédit Agricole ou o Deutsche Bank", especifica o responsável. 

Em Portugal, o cenário é mais contido. Apenas dois dos inquiridos admitiram financiar projetos acima dos €100 milhões e ambos são bancos internacionais. A intenção de financiar investimentos entre €50 milhões e €100 milhões é assegurada pelos fundos de dívida, enquanto os bancos nacionais não emprestam acima dos €20 milhões. 

Banca ainda não financia 

"Em Portugal ainda não há o dinamismo na banca nacional que se vê em Espanha. Neste momento os bancos ainda estão a resolver os problemas nos seus balanços e não estão ativamente a fazer financiamento comercial", reforça Fernando Ferreira, diretor do departamento de mercado de capitais da JLL Portugal. 

O estudo tentou também apurar que tipo de ativos consegue garantir o financiamento. E, nesta matéria, o mercado de escritórios é consensual na sua capacidade para atrair investimento, com o foco em Madrid, Barcelona e Lisboa. Em Espanha, 100% dos inquiridos demonstraram interesse neste segmento e em Portugal o percentual foi de 87,5%. 

Em Espanha, o retalho atingiu o consenso de 92% dos inquiridos, a hotelaria 84% e a logística 80%. Por cá, o retalho recolheu 75% do interesse, os hotéis 62,5% e a logística 37%. 

Em termos de tendências futuras, o inquérito produzido pela JLL aponta para crescentes níveis de financiamento a investimento e promoção de imobiliário comercial na Península Ibérica, considerando as melhorias do mercado imobiliário e a possibilidade da entrada de novas entidades financiadoras, incluindo banca internacional e financiadores alternativos, embora a banca tradicional continue a ser dominante. "Face a este contexto, os spreads nestas operações deverão continuar a comprimir em ambos os mercados, com reduções de 150 a 275 pontos base em Espanha e de 250 a 400. pontos base em Portugal", perspetiva-se ainda no estudo.

Fonte: Expresso

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