02 novembro 2015

Mais de metade dos imóveis dos bancos já não são casas


As maiores instituições financeiras nacionais têm quase 21 mil imóveis no balanço. Destes, mais de metade não são habitacionais, o que justifica o aumento expressivo do valor dos activos que os bancos têm em carteira. Os bancos portugueses continuam recheados de imóveis que receberam depois dos clientes terem entrado em incumprimento. Mas mais de lojas, escritórios e garagens do que de casas. Os imóveis residenciais representam menos de metade dos balanços das instituições financeiras, o que tem elevado o valor dos activos que estas têm no balanço.


20.949. Este é o número de imóveis que 11 bancos nacionais tinham em carteira, de acordo com a informação disponível nos respectivos sites. Destes, só 40,7% são para habitação. "Uma grande parte do 'stock' de imóveis habitacionais do sector financeiro já foi devolvida ao mercado", explica Luís Lima. O mesmo não no acontece com os imóveis não residenciai, que representam 59,3% dos activos detidos pela banca.

"No que concerne ao mercado não habitacional, os activos do sector financeiro continuam a ter um papel muito importante no mercado. A banca continua a ter em 'stock' muitas lojas, escritórios e terrenos e, destes, grande parte estão em zonas consideradas urbanas que provavelmente deveriam ser desclassificadas", explica o presidente da APEMIP.

Um peso relevante e que justifica que o valor dos imóveis no balanço dos bancos tenha vindo a aumentar nos últimos meses. Os cinco maiores bancos nacionais tinham, no final do primeiro semestre, mais de 7,2 mil milhões de euros em imóveis nos seus balanços. Mais 522 milhões do que no período homólogo. Contudo, em comparação com o final de 2014, o aumento supera os mil milhões de euros.

"Esta tendência justifica-se, por um lado, pela tomada de posse de empreendimentos cujos valores estão acima da média e, por outro lado, pela entrada de imóveis não residenciais (armazéns, instalações industriais, terrenos) de elevado valor", justifica Ricardo Sousa, administrador da Century 21 Portugal.
Também Miguel Poisson destaca que a banca tem "cada vez mais imóveis não residenciais para venda" e que, em alguns bancos "representam mais de 70% do total dos imóveis para venda". "Os imóveis não residenciais são os de venda mais difícil porque estão directamente ligados ao nível de investimento que existe atualmente na economia portuguesa, que é ainda baixo", frisa o director-geral da ERA.
Em sentido inverso, o administrador da Century 21 Portugal sublinha que "a carteira dos imóveis residenciais dos bancos portugueses tem vindo a diminuir ligeiramente", até porque este segmento tem vindo a beneficiar da retoma do sector imobiliário, nomeadamente do crédito que está a fazer aumentar a compra de venda de casas.

NOVO BANCO É O QUE TEM MAIS IMÓVEIS
O Novo Banco é a instituição que tem, atualmente, mais imóveis em carteira, num total de 5.552. Ainda assim, este número representa uma quebra de 15% face a Fevereiro. BCP e CGD completam também o "pódio" do maior número de imóveis no balanço. Pelo contrário, Banif, BBVA e Barclays são os bancos com menos imóveis no balanço. Neste caso, as habitações predominam.
Fonte: Negócios

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