28 janeiro 2016

Investimento: regresso do crédito à habitação


A austeridade já não tem uma mão tão pesada sobre os portugueses. Tal permitiu o aumento do consumo e do crédito, nomeadamente à habitação. A banca também voltou a apostar neste tipo de crédito pois, ao contrário do arrendamento, é isso que lhes dá lucro. Ainda assim estão todos mais cautelosos...


De acordo com os dados mais recentes do Banco de Portugal (BdP), a concessão de crédito à habitação cresceu 70% nos primeiros 10 meses de 2015 comparativamente ao período homólogo de 2014. Estes valores surgem ancorados na recuperação económica do País e, como consequência, também do mercado imobiliário, a por do aumento da confiança dos portugueses e da manutenção de uma procura elevada. 

O BdP revelou que, até ao mês de Outubro do ano transacto, a banca emprestou 3.131 milhões de euros para a aquisição de casa. Trata-se do maior valor registado desde 2011. Ainda assim, é um valor que está longe dos 20.000 milhões de euros registados em 2007, considerado o melhor ano sempre no crédito à habitação em Portugal. 

Este tipo de crédito continua o liderar as preferências das famílias portuguesas e basto olhar para os números: no primeiro trimestre de 2015 foram transacionadas 25.716 habitações particulares, correspondendo a um aumento de 39% em relação ao mesmo período de 2014. 

A CEO da RE/MAX Portugal confirma este cenário. Beatriz Rubio explica que, "culturalmente, os portugueses preferem investir num bem que será seu e que poderão deixar como legado às novas gerações, do que pagar um valor mensal bastante semelhante por um imóvel arrendado". Hoje, acrescenta "as vendas voltaram a ganhar força, devido à possibilidade de concessão crédito bancário ter voltado a estar um pouco mais generalizado". Aliás, até ao final de Novembro de 2015, a RE/MAX tinha registado um crescimento de 20% nas suas vendas de imóveis em território nacional.

Crédito mais vantajoso

Se "nos anos de maior crise económica, os portugueses optaram por arrendar imóveis" como avança Beatriz Rubio, a realidade é que no ano passado, e tudo perspectiva que esta realidade continue em 2016, as famílias portuguesas voltaram a apostar na aquisição de casa. 

O presidente da APEMIP, Luís Lima, refere que a "confiança que o sector financeiro voltou a depositar no mercado imobiliário, traduziu-se numa movimentação crescente por parte dos departamentos comerciais da banca no que toco ao incentivo da retoma da concessão de crédito para a aquisição de imóveis, com especial enfoque no segmento residencial". 

Para tal muito contribuíram as apelativas taxas de juros e as convidativas vantagens concedidas pelos bancos, nomeadamente os baixos spreads (margem de lucro dos bancas). Basta dizer que a taxa Euribor a seis meses, aquela que é a mais utilizada no crédito à habitação em Portugal, encontra-se em terreno negativo desde 6 de Novembro de 2015,sendo que na primeira quinzena de janeiro de 2016 situava-se nos -0,052%, ou seja, atingiu novo mínimo histórico. 

Outra realidade que se verificou é que existiu um aumento do valor médio de avaliação bancária, pelo que, como seria de esperar, o valor médio dos créditos concedidos também aumentou. Para Luís Lima o lado "positivo" desta questão é que mostra o "mercado imobiliário como uma aposta segura de investimento", pelo que "é natural que se assista a uma tendência de aumento do valor das casas, desde que este crescimento seja sustentado".

Já do lodo "negativo", o presidente da APEMIP adverte para o facto de que. "por vezes, esta melhoria das condições do mercado leva a algumas euforias desmedidas, que se poderão traduzir numa tentativa de recuperação forçada com o aumento do valor dos imóveis, que se poderá traduzir num desequilíbrio com o que deveria ser o seu real valor". 

Incumprimento e crédito mal parado

O facto de a grande maioria dos contratos de crédito à habitação estarem dependentes de juros variáveis pode vir a acarretar riscos quer paro o sector financeiro, quer para as famílias portuguesas. 

Alias, há quem já tema que, num futuro próximo, se volte a assistir a situações de incumprimento, assim como ao aumento do crédito mal parado. Mas Luís Lima mostra-se otimista e acredita que "aprendemos com os erros do passado", até porque, como enfatiza, "o crédito que hoje é atribuído a quem pede um empréstimo para a habitação não é feito com a mesma volatilidade de há uns anos", além de que agora são "pedidas mais garantias, e o perfil de quem faz os pedidos de concessão de crédito é mais escrutinado, aumentando a segurança e diminuindo o risco de incumprimento". 

Por isso, a CEO da RE/MAX Portugal não tem dúvidas: "As vendas vão continuar a superar os arrendamentos".

Fonte: Magazine Imobiliário

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