04 fevereiro 2016

Habitação: Interesse dos estrangeiros por Lisboa “não é circunstancial”


Mais turistas, projeção externa, expetativas de retorno e preços atrativos são fatores de atração para os estrangeiros comprarem casa em Lisboa. “É uma coisa de futuro e não algo circunstancial”, afirma Frederico Mendoça, diretor da área residencial da consultora imobiliária CBRE, a propósito do interesse dos estrangeiros pelo mercado residencial lisboeta. Por isso mesmo acredita que, apesar do abrandamento do investimento através dos Golden Visa, o mercado continua “dinâmico como há muito não estava”, esperando que em “2016 deva manter-se este cenário”.


São “muitos fatores a convergir para um resultado positivo”, explica, acrescentando que, apesar da quebra registada em 2015 nos Golden Visa, os números gerais de transações ter-se-ão mantido ou mesmo aumentado face a 2014, quando a atividade foi muito influenciada por esta via. 


Quanto a este instrumento, Frederico Mendoça realça que “fomos exímios a criar o regime e a agilizar a sua processualização”, mas a recente estagnação administrativa na atribuição dos vistos veio causar um problema de imagem do país, que se relaciona mais com o fator incerteza do que propriamente com toda a polémica de corrupção revelada em 2014. Com este impasse, “empurrámos os nosso potenciais investidores para Espanha”, diz, defendendo, contudo, que nem tudo está perdido, “ainda estamos numa curva ascendente, ou seja, ainda há procura interessada no programa”. “Se o regime voltar à normalidade em Portugal, ainda vamos ter capacidade de atração”, defende, acreditando que este ano pode haver lugar a uma recuperação. “Não deveremos ter níveis de 2014, mas acima de 2015, seguramente”.

Mas nem só de Golden Visa vive o mercado e “noutras vertentes as coisas foram muito bem feitas”. Por exemplo, o regime de Residente Não Habitual é “um motor atrativo enorme para Portugal” e tem permitido colmatar muitas das perdas do Golden Visa. “O volume de cidadãos que estão pedir este regime é muito maior do que quem pede Golden Visa”, diz.

Estes incentivos fiscais, apesar de impulsionadores do mercado, não são os únicos fatores de atração de estrangeiros, defende Frederico Mendoça, para quem os bons resultados de um mercado lisboeta dinâmico se deve à conjugação de diversas condições. O facto do país “estar no radar internacional” e de “Lisboa e Porto estarem na moda” foram , na sua perspectiva, os principais fatores de atração de pessoas e investimento. “Primeiro vêm os turistas visitar o país e depois vêm as pessoas interessadas em investir”, explica, acrescentando que a par desta projeção internacional, há uma confiança dos estrangeiros na cidade. “Acham que Lisboa vai continuar dinâmica”, considerado uma boa garantia para que “os seus ativos sejam depois arrendados”. Além disso, face a outras cidades europeias, os preços continuam atrativos, o que promove “boas rentabilidades sobre os investimentos”, defende.

Oferta concluída está a terminar
Uma das questões que o mercado residencial em Lisboa enfrentará a breve prazo será a da limitação da oferta com disponibilidade imediata. “Começa a haver alguma escassez de produto acabado”, refere, acrescentando que “estão a vir para o mercado muitos projetos, mas para vender em planta”. Por isso, acredita que, face a um ritmo de vendas que deverá manter-se, “alguns dos produtos que estejam concluídos vão acabar de escoar e muitos em planta vão vingar”. A reabilitação desempenha um papel importante nesta nova oferta, mas Frederico Mendoça considera também que nova construção virá para o mercado, especialmente tendo em conta os grandes projetos que estão por avançar em Lisboa, com o é o caso dos antigos terrenos da Feira Popular, que “tem muitos metros quadrados de vários segmentos”.

Estrangeiros são que mais compra no segmento médio-alto e alto 
De acordo com Frederico Mendoça, os estrangeiros são os principais compradores nos segmentos médio-alto e alto/luxo de habitação em Lisboa, com especial destaque para os franceses, ingleses, nórdicos, brasileiros e chineses O responsável da área de habitação da CBRE explica que nesta primeira franja de mercado estamos a falar de imóveis entre €400.000 e €1.000.000, enquanto que no mercado de luxo, menos vasto, falamos de imóveis de 3 a 6 milhões de euros. Lisboa continuara liderar as preferências, mas Cascais e Linha de Cascais, e Porto, na oferta urbana, também são já destinos interessantes para estes compradores, que também não são alheios aos produtos de turismo residencial em destinos mais sólidos como o Algarve ou menos consolidados como Tróia ou a Comporta.
Balanço positivo para os primeiros meses de atividade
O departamento residencial da CBRE arrancou em outubro mas já é possível fazer um balanço, que Frederico Mendoça classifica de “claramente positivo”. Sem quantificar, o responsável refere que até final do ano, objetivo de angariar “um bom portefólio de produtos para podermos ir para o mercado” foi cumprido e “estamos neste momento em processo de assinatura de vários contratos”, adianta. Atingir uma posição de referência entre os principais players deste área em Lisboa e no segmento médio-alto e alto é um dos objetivos desta área de negócio da CBRE, estando também nos planos alargar a sua capacidade à área de turismo residencial. “Já temos bastante instruções na área de resorts”, diz o diretor deste departamento, incluindo no Onyria Plamares, Quinta do Lago ou a nova fase de investimento de Vilamoura. Na habitação, “temos também algumas instruções muito emblemáticas”, revela, incluindo o Ouro Grand, investimento da Level Constellation, adiantando ainda que estão a ser negociadas mais instruções de projetos “prontos a ir para o mercado rapidamente”.

Fonte: Público Imobiliário

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