O administrador explica que “pela primeira vez, vai haver uma promoção não só de Lisboa cidade, mas também de Lisboa região”, numa promoção integrada que envolve parcerias com quatro autarquias e outras entidades, “à semelhança de outras áreas metropolitanas de outros países”, por forma a “dar mais escala ao projeto”. Uma das parcerias mais importantes é feita com a Invest Lisboa.
“O nosso elemento diferenciador é o custo da terra. Não estamos em saldos, mas é bom de ver que o custo por metro quadrado aqui é mais baixo que em Lisboa, e conseguimos ser muito competitivos a esse nível. É uma questão de promoção”, explica Sérgio Saraiva. A ideia é que “se olhe para Lisboa como um todo, e não apenas como algo que se desenvolve do Terreiro do Paço em radial para norte”.
Em jeito de exemplo, o responsável referiu que o tempo que se demora na deslocação do centro de Lisboa até à plataforma logística de Vila Franca é sensivelmente o mesmo que uma deslocação para o Barreiro. «Para norte também há portagens pagas, portanto às vezes é mais uma barreira psicológica do rio que outra coisa. Há que desmontar essa ideia”. E remata que “quem investir na Cidade da Água, por exemplo, (um dos projetos a desenvolver pela sociedade), está a 8 minutos da baixa de Lisboa se apanhar o cacilheiro”. E esta “barreira” do rio é muito mais presente em portugueses do que em estrangeiros.
Parques empresariais “não podem ser territórios monofuncionais”
Para Sérgio Saraiva, “os parques empresariais nesta localização não podem ser territórios monofuncionais, pois isso pode causar vários problemas, nomeadamente de segurança”. A ideia aplicar é “ter vários tipos de atividades que possam ser complementares entre estes vários territórios que gerimos, entre cada um e em relação a Lisboa. Queremos funcionar como elemento aglutinador, apesar de nem sempre ser fácil conjugar as vontades e perspetivas dos vários municípios com quem trabalhamos”, admite.
A estratégia é pensada de forma mais integrada. Todo o trabalho desenvolvido é feito no sentido de “dotar territórios que têm parques industriais de mais atividade económica, que gera mais receita, que gera mais rendimento para reinvestir”, explica. E completa que “isto não é um trabalho que dure nem um, nem dois, nem três anos, dura muitos mais anos, e implica muita resiliência”.
Perfis de empresas diferenciados e importância das artes
A principal atividade da Sociedade Baía do Tejo é a gestão dos parques empresariais destas áreas, onde tem um total de 283 empresas instaladas, grande parte delas no Barreiro. “Terminámos o ano passado com um saldo positivo de cerca de 19.000 m² entre entradas e saídas”, isto depois de alguns anos com revisão e renegociação de algumas rendas em baixo, em período de crise. “Temos vindo a registar estes saldos positivos, tanto de clientes como de área contratada, e a nossa atividade tem corrido muito bem”.
Para a sociedade gestora, é importante ter perfis de empresas diversificados, entre transformação, importação ou exportação, por exemplo, sem esquecer uma aposta nas indústrias criativas. “Fruto da proximidade que temos tido com parceiros locais e nacionais a nível artístico, estes territórios são sempre atrativos para esse tipo de atividades”, refere Sérgio Saraiva, que dá o exemplo de “um projeto que tivemos de residências artísticas com patrocínio da Gulbenkian”. “Isto traz públicos diferentes” e é diferente de um parque industrial “que fica longe e isolado. Assim temos interligação com a cidade, com a comunidade local, etc. Isto, para um investidor cujo perfil tem vindo a mudar, tem um valor intangível mas que é real. Há uma atividade para lá dos parques empresariais que faz um perfil muito interessante”. Assim, o desenvolvimento de projetos que conciliem a requalificação do património imobiliário ao serviço das indústrias criativas poderão estar nos planos da Sociedade Baía do Tejo: “Temos de servir de facilitador para que estas atividades aconteçam. Achamos que mais tarde ou mais cedo isso se tornará em atividade económica”.
Projetos em mãos em 2016
Este ano, a empresa está particularmente focada na captação de investimento, nomeadamente para a Cidade da Água, e nas obras de requalificação da Rua da União. No primeiro caso, “estamos à espera da resolução em termos matriciais para podermos avançar para a promoção. Estamos a sinalizar interessados, mas falta-nos essa decisão. Continua a haver interesse, houve várias manifestações, mas não avançaram os negócios por questões mais práticas”, explicou o responsável. No segundo caso, “estamos no processo de contratação da construtora, o que vai acontecer no primeiro semestre”. A obra deverá ficar concluída ainda até ao final deste ano.
Criada em 2009 com a missão de promover o projeto do Arco Ribeirinho Sul, a Baía do Tejo é uma empresa pública que tem a seu cargo a gestão e valorização dos antigos territórios industriais da margem sul do tejo, nomeadamente os parques industriais e empresariais do Barreiro e do Seixal, e a promoção internacional do projeto da Cidade da Água, desenhado para os terrenos da antiga Lisnave, em Almada.
Fonte: Público Imobiliário
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