19 fevereiro 2016

“O residencial está sustentado. Não há especulação”


O mercado está forte e a procura de habitação no centro de Lisboa destina-se a ser ocupada e não para especulação, afirma Frederico Mendonça, diretor de Residencial da CBRE.


O que está a motivar o volume de reabilitação em Lisboa?
O motor da reabilitação vem da procura em geral mas, claro, na reabilitação de luxo a procura tem sido maior por parte do mercado internacional, com uma forte incidência no mercado francês, mas não só. Há mercado inglês, brasileiro, do Médio Oriente, para além do mercado chinês, só que esse não vai para mercado de luxo, mas antes para zonas novas específicas e que acaba por ser o mercado médio atual. No entanto, já começámos a ter alguns casos de reabilitação para o mercado nacional e já temos instrução num edifício na R. Castilho, que é completamente destinado ao mercado nacional, com áreas de 270 m2 por fração.

Continua a ser reabilitação com um preço por m2 elevado. Estes preços são para manter ou há o risco de especulação?
Não vejo, em nenhum dos casos, especulação. O primeiro sintoma é sentirmos que as pessoas estão a comprar para revender no curto espaço de tempo, e esse não tem sido o caso. Também não vejo clientes preocupados se daqui a um ano conseguem ter mais-valias na venda da casa e, por isso, não acho que estejamos num ciclo de especulação. Diria que os preços estão a atingir patamares altos mas sustentados. A qualidade está muito latente na maioria dos casos de reabilitação.

A procura é suficiente para a oferta que se está a criar?
É difícil falar de futuro. Neste momento, o mercado está a responder bem. É certo que há muitos projetos em curso e, por isso, vai haver algum stock nos próximos dois anos, mas também diria que estamos com pouco stock neste momento e com alguma procura. A situação tende a equilibrar-se e só espero que não haja muita asneira por parte do Governo a fazer alterações de fundo nos regimes que estão a colocar Portugal esteja no radar do investimento estrangeiro. Curioso o facto de o motor desta reviravolta do mercado imobiliário residencial ter sido o Golden Visa e, no entanto, ter-se permitido que se desse cabo desse regime, mas o mercado substitui–os. Pararam os Golden Visa e subiram os NRH (Regime de Residente Não Habitual).
Estamos a assistir a um ritmo grande de vendas sem grande especulação porque as pessoas estão a comprar para usar as casas.

Como é que a CBRE se preparou para este mercado residencial com que equipas é que trabalha?
A CBRE é líder mundial de serviços imobiliários e o que tem de bom: presença global que nos permite uma abordagem global. E, quando assistimos a um mercado dinâmico nesta área, não fazia sentido a CBRE não ter esse serviço. A consultora está em todas as áreas imobiliárias e, com o departamento de Development (que é gerido por um colega meu), vende terrenos e prédios para reabilitação. Mas tudo isto é produto que vai para o mercado, para venda final e para cliente final e o que estávamos a fazer era todo o trabalho e depois, quando chegávamos ao “filet mignon”, entregávamos aos outros agentes para venderem. Criámos o fecho de ciclo de serviços que oferecemos e, tipicamente, estamos a falar de quatro vezes o valor da primeira transação.

Fonte: OJE

0 comentários:

Enviar um comentário

Obrigado pelo seu comentário.