19 fevereiro 2016

Reabilitação urbana habitacional. Lisboa e Porto com período de ouro


O momento é único. Proprietários, promotores, construtores e mediadores estão a viver um momento único, talvez o “momento de ouro” no pós crise financeira, na reabilitação urbana habitacional. A alteração do mercado de arrendamento deu o primeiro grande empurrão, que serviu essencialmente para alavancar o retalho de rua e alguma habitação fora dos centros das duas principais cidades.


Depois veio a legislação dos Golden Visa que potenciou o grande salto no imobiliário de qualidade e preços de centenas de milhares de euros com a atribuição de autorização de residência para investimento de cidadãos fora do espaço europeu com aplicações acima do meio milhão de euros.


Este foi, no entanto, “chão que deu uvas” com o escândalo que atingiu dirigentes do SEF e acabou por levar a uma redução drástica das emissões de vistos Gold. Mas, ainda assim, o país não saiu do radar dos investidores externos apostados na reabilitação, que aproveitaram a grande vaga dos novos proprietários que procuram habitação em Portugal ao abrigo do estatuto de Residentes Não Habituais. Este é um programa para estrangeiros que residem no país pelo menos seis meses do ano. Os benefícios fiscais associados tem permitido que existam interessados franceses, brasileiros, nórdicos e de dezenas de outras nacionalidades a querem comprar uma casa. Há dias, Pedro Lancastre, o diretor geral da JLL Portugal, afirmava que o número de nacionalidades com que a empresa está a trabalhar este setor passou de dez para 23.

A reabilitação urbana na vertente residencial atinge números expressivos e os consultoras com quem falámos, da Aguirre, da CBRE, da C&W e da JLL, são coincidentes quando afirmam que o mercado dos centros das cidades de Lisboa e Porto é o mais atrativo. Mas se o casco histórico destas urbes foi o primeiro a ser tomado, foi porque era aquele que se encontrava disponível; em alguns casos, abandonado.

Por outro lado, todos são perentórios em afirmar que os preços das habitações premium estão sustentados e não estão especulados. Mais. As compras são maioritariamente para habitação imediata, e não com o objetivo de revender. Os preços são elevados, mas o stock existente facilmente é escoado, o que faz com que os promotores procurem incessantemente bons preços na compra da matéria-prima, com boa localização e bem integrada no ambiente da cidade.

Lisboa e Porto batem recordes de visitas de turistas, o que abre também perspetivas para reabilitação ao nível da hotelaria. Vários analistas têm afirmado que parte da atual hotelaria poderá transformar-se em habitação em caso de redução da procura, o que constitui um atrativo adicional para este tipo de investimento. Em contraste, os escritórios sofrem, pois os promotores fazem contas e o preço de metro quadrado de habitação premium vende-se por mais do dobro do valor do m2 de escritórios na mesma zona.

A reabilitação de espaços urbanos por parte de entidades públicas também vai ser acelerada com os fundos europeus através do Portugal 2020. Este setor terá dois mil milhões de euros para investir nestas áreas e, tal como afirma Patrícia Liz da Aguirre, os promotores e investidores vão atrás da reabilitação que as entidades públicas, nomeadamente as Câmaras Municipais, fazem. Estas valorizam o território e algumas artérias em particular, e os privados investem a seguir. A reabilitação da zona do Intendente, em Lisboa, é um excecional exemplo de uma boa aposta. A Colina de Santana é, na opinião de Fernando Vasco Costa, da JLL, a próxima grande aposta pública e, porque não, o arranque de projeto de reabilitação urbana para rendas a preços controlados.

Fonte: OJE

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