11 abril 2016

De que forma o aumento do crédito ao consumo pode beneficiar o crédito à habitação?


Cada vez que há um aumento do crédito concedido no mercado, seja ele de que vertente for, esse crescimento contribui inevitavelmente para um melhor desempenho da economia. Os últimos dados do Banco de Portugal (BdP), divulgados no Boletim Estatístico de março de 2016, acusam uma diminuição dos totais de crédito à habitação e consumo, desde o final de 2013, mas, por outro lado, um acréscimo de novos créditos ao consumo. Naturalmente que o incremento de um determinado tipo de financiamento pode refletir-se positivamente noutra vertente de crédito e, por isso, o ComparaJá.pt elabora uma breve análise para tentar perceber de que forma o aumento do crédito ao consumo poderá trazer benefícios para o crédito à habitação.


Conforme os dados do BdP, presentes no Boletim Estatístico de março de 2016, o valor total dos empréstimos concedidos pelo setor financeiro às famílias, para crédito à habitação, foi de €110.878 milhões em dezembro de 2013, tendo vindo a decrescer desde então, para €106.889 milhões em dezembro de 2014, €103.649 milhões em dezembro de 2015, sendo os últimos dados de janeiro do ano corrente, mês no qual se regista um valor de €103.688 milhões. Verifica-se um decréscimo constante do montante concedido de crédito à habitação.

Por sua vez, no que diz respeito ao crédito ao consumo, a diminuição dos empréstimos concedidos é igualmente visível, na medida em que, consoante a mesma fonte supracitada, estes valores foram de €25.135 milhões em dezembro de 2013, €24.031 milhões em dezembro de 2014, €23.874 milhões em dezembro de 2015, continuando a quebra em janeiro de 2016 (€23.398 milhões). 

Estes são os valores no que concerne aos saldos em fim de período. Todavia, se formos atender aos números dos novos créditos ao consumo, a tendência para este tipo de financiamento inverte-se de forma positiva. O crédito ao consumo é uma modalidade de financiamento que engloba crédito pessoal, crédito automóvel e cartões de crédito. Em termos totais, os valores deste tipo de financiamento cifraram-se em €356.493 milhões em dezembro de 2013, em €403.364 milhões em dezembro de 2014, tendo este valor aumentado significativamente para €485.432 milhões no período homólogo de 2015. 

O crédito à habitação pode ser considerado como o compromisso financeiro mais significativo na vida de um indivíduo e, por extensão, na de uma família, uma vez que é o de montante mais elevado e aquele cuja duração é maior, de maneira que não é fácil ver os seus valores a aumentarem, especialmente numa conjuntura económica difícil. 

Uma vez que o crédito à habitação engloba não apenas a concessão de empréstimos para aquisição de casa própria, mas também a realização de obras, o aumento verificado no montante dos novos créditos ao consumo, quando conjugado principalmente com os créditos ao consumo destinados a lar, pode despoletar uma reação económica em cadeia de alavancagem do crédito à habitação.

Um aumento do crédito ao consumo fará aumentar a quantidade de dinheiro a circular na economia, o que, por sua vez, fará crescer o poder de compra, o que poderá certamente produzir um acréscimo da procura de outros tipos de financiamento (nos quais poderá estar o crédito à habitação). Quaisquer estímulos no consumo geram mais consumo e isso poderá ser muito benéfico para um mercado como o imobiliário e poderá levar investimento para este setor que se viu debatido com a crise económico-financeira, para além de poder começar a atrair os jovens para este tipo de financiamento.

artigo elaborado por ComparaJá.pt / parceria com o IMOnews Portugal

0 comentários:

Enviar um comentário

Obrigado pelo seu comentário.