24 abril 2016

Investimento: 2016 com imobiliário nacional em alta


Este ano consolidará tendência do mercado imobiliário para atrair capital estrangeiro, conclui o Barómetro do Investidor, que mede o interesse dos principais investidores no mercado nacional. Portugal vai continuar, este ano, a atrair investidores de todo o mundo que por cá encontraram um dos melhores mercados imobiliários para avançar com novos negócios. De acordo com o Barómetro do Investidor realizado pela consultora CBRE, uma iniciativa a que o Expresso se associou, e que tem como ponto de partida uma base de dados de 200 operadores no mercado português, 86% dos inquiridos (entre nacionais e estrangeiros de 10 países de todo o mundo), admitem o interesse em investir em 2016 no mercado imobiliário residencial e comercial (escritórios, retalho, hotéis e logística).


Um interesse por parte de empresas e fundos imobiliários, que tem vindo a consolidar-se de uma forma bem distinta de outros momentos áureos da história do imobiliário português. Ao contrário dos chamados investidores de perfil core (empresas avessas ao risco, que compram produto chave na mão já a gerar boas rentabilidades) que dominavam em 2007, o barómetro conclui que 41% dos atuais investidores estão dispostos a comprar produto que implique fazer obra, criar valor acrescentado, com os riscos inerentes. A estes 41%, juntam-se 19% de investidores oportunísticos - os que procuram negócios aos preços mais baixos do mercado. Já aqueles que possuem perfil core (avessos ao risco) e core plus (de risco muito reduzido), representam, cada um deles, no estudo da CBRE, 18%. 

Cristina Arouca, diretora do departamento de Pesquisa e Consultoria da CBRE e coordenadora do Barómetro do Investidor, sublinha que esta nova vaga de investidores mais empreendedores, inclui não só empresas e fundos que só agora descobriram Portugal mas também os que sempre acompanharam o mercado, mas sentem-se agora mais confiantes para ir mais longe: "Muitos já apostavam tradicionalmente em imobiliário comercial mas agora estão também a adquirir imóveis residenciais para reabilitar. Uma mudança de abordagem que tem que ver com medidas de incentivo ao investimento como a atual Lei do Arrendamento e a legislação da reabilitação urbana e outras como a dos vistos gold e do Residente Não Habitual". 

A expectativa está em alta quando o assunto é investir em imobiliário nacional. Ainda que Lisboa atraia o foco de 95% dos inquiridos, o Porto já surge com 48% (quando há alguns anos pouco peso tinha junto do mercado internacional, que no estudo pesa 80%), seguido do Algarve com 19% e apenas 5% de outras regiões do país.

À pergunta "porquê investir em Portugal?", surgem à cabeça não só a capacidade de atração das yields (taxas de rentabilidade) quando comparadas com as que são oferecidas em outros países (68% das respostas), mas há 96% dos inquiridos que apontam como principal estímulo as expetativas elevadas sobre o retorno do investimento. "Estamos a falar de investidores que compram imóveis de baixo valor e que esperam vendê-los por valores bastante superiores. Ou seja, têm a perspetiva de um ganho que vai além da rentabilidade desse ativo", explica Cristina Arouca. 

Interessante é também perceber pelo barómetro que dos 14% que ponderam desinvestir em Portugal, a maioria (50%) toma essa decisão porque os ativos vão atingir a maturidade. "São questões de estratégia dos fundos de investimento imobiliário que funcionam por prazos, tal corno acontece, por exemplo, com os depósitos a prazo. O que é importante destacar é que são decisões que nada tem que ver com riscos políticos, económicos ou de natureza fiscal que afetem o país". 

670 milhões em três meses 

Com o mercado a bom ritmo, há a destacar os €670 milhões arrecadados pelo imobiliário comercial nos primeiros três meses deste ano, aponta a CBRE no balanço trimestral do sector. Valores que triplicaram o volume registado no período homólogo do ano passado e que confirmam o resultado do inquérito realizado pela consultora. Os ativos de retalho, onde se incluem centros comerciais, lojas de rua e supermercados, representaram 48% do investimento no trimestre enquanto o sector de escritórios registou uma quota de 40%. 

Nos grandes negócios concretizados entre janeiro e março o mais mediático foi a venda do Campos da Justiça através da alienação do Fundo Office Park Expo, no qual faziam parte, entre outros, a Caixa Geral de Depósitos e a Fundação Gulbenkian. Conforme o Expresso deu em primeira mão, o comprador foi o Castle Group, de Pierre Castel, um dos homens mais ricos do mundo. O fundo, agora nas mãos dos franceses, foi adquirido por 223 milhões e inclui um complexo de 10 edifícios (arrendados atualmente ao Ministério da Justiça) e um supermercado ocupado pelo El Corte Inglés, numa área total de 65.000 m2. 

A CBRE destaca "a continuação da estratégia de desinvestimento da Sonae Retail Properties, iniciada em 2015, com a venda do portefólio de supermercados através de diversos negócios de sale and leaseback" Ou seja, um formato de venda dos imóveis, que permite permanecer à mesma nos edifícios, mas com contratos de arrendamento de longo termo. 

"Este ano ano foram concluídas duas transações, uma com 12 unidades adquiridas pela M&G e outra com quatro compradas pela Aberdeen, num total de €203 milhões; em um ano a Sonae RP já vendeu cerca de 30 supermercados do grupo", sublinha-se no relatório da CBRE. Acresce ainda, neste período, a aquisição por parte dos americanos da Madison International Realty de 25% do Sierra Portugal Fund, o qual detém participação em 9 centros comerciais em Portugal.

Fonte: Expresso

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