14 abril 2016

Novo crédito para a casa dispara com "guerra" nos "spreads"


O último ano foi marcado por uma retoma dos empréstimos para a compra de casa. Para isso contribuiu, em grande parte, a redução das margens exigidas pelos bancos. As novas operações dispararam 78% nos últimos 12 meses. Os bancos nacionais decidiram, em Fevereiro do ano passado, voltar a apostar no segmento do crédito à habitação. Reflexo disso foram os cortes sucessivos anunciados nos "spreads" desde então. E esta ofensiva traduziu-se numa maior concessão de financiamentos. As novas operações dispararam quase 80% nos últimos 12 meses para o valor mais elevado em quatro anos.


A CGD deu, em Fevereiro do ano passado, o "pontapé de saída" na mais recente guerra de "spreads" no mercado nacional. Colocou a margem mínima nos 1,75% e esta manteve-se durante um ano como a taxa mais baixa no mercado nacional, até que há pouco mais de um mês o Deutsche Bank entrou no "jogo" com uma taxa de juro de 1,5%, a mesma que é agora oferecida pelo Bankinter, o mais recente banco a operar em Portugal, e que demonstrou disponibilidade para avançar com "spread" mais baixo.

A grande maioria das instituições financeiras já cobram "spreads" abaixo de 2%, metade do que exigiam há três anos. Esta redução dos "spreads" foi o sinal dado pelos bancos de que iriam reabrir a torneira do crédito para a compra de casa. Com taxas mais baixas e Euribor em mínimos históricos, e mesmo em níveis negativos, as famílias passaram também a ter uma maior disponibilidade financeira para a aquisição de habitação. Um ano depois, os números comprovam a retoma deste segmento.

Entre Fevereiro do ano passado e o mesmo mês deste ano, os novos empréstimos para a compra de casa ascenderam a 4,3 mil milhões de euros, mais 77,7% do que no mesmo período do ano anterior, revelam os dados publicados, esta terça-feira, pelo Banco de Portugal. Ainda assim, o "stock" de crédito à habitação caiu para 97,3 mil milhões de euros, o valor mais baixo desde Agosto de 2007, já que o novo crédito não está a compensar a amortização dos antigos.

Já o número de novos contratos assinados, neste período, ascendeu a 51.784, mais 64% do que um ano antes. Aliás, o número de novos créditos para a compra de casa quase duplicou no espaço de dois anos. Foram assinados mensalmente cerca de quatro mil créditos, o que supera a média mensal de dois mil novos créditos em 2014. Só em Dezembro, passaram a ser contabilizados 5.548 novos empréstimos naquele que foi o melhor mês desde Maio de 2011, quando a troika chegou a Portugal.

Metade do crédito para a casa
A retoma do crédito à habitação teve reflexo na carteira de financiamento a particulares. Isto porque, quase metade de todo o dinheiro emprestado às famílias foi para a compra de casa. Mais de 44% dos 9,6 mil milhões de euros concedidos a particulares teve como destino a compra de casa. Um ano antes, os empréstimos à habitação representaram menos de um terço do total de dinheiro disponibilizado às famílias.
Mas os bancos não só deram mais crédito, como também concederam financiamentos de maior valor. O valor médio concedido, nos últimos 12 meses, ascende a 82.961 euros, de acordo com os dados do INE. Um ano antes, as instituições financeiras emprestavam, em média, 76.624 euros. Ou seja, no espaço de um ano, o financiamento médio aumentou 8%.

PREÇO DAS CASAS SOBE 5%
O aumento dos preços das casas em Portugal no quarto trimestre foi o sexto maior entre todos os países da Zona Euro, de acordo com os dados divulgados esta terça-feira, 12 de Abril, pelo Eurostat. Os preços das habitações em Portugal aumentaram 5% no quarto trimestre, em comparação com o período homólogo. Um aumento que compara com o crescimento médio de 2,9% registado na Zona Euro e de 3,8% na União Europeia. Só cinco países do euro registaram aumentos superiores ao de Portugal: Alemanha (6,1%), Estónia (5,1%), Irlanda (6,6%), Letónia e Áustria (6,4%). Na comparação com o terceiro trimestre os preços das casas em Portugal aumentaram 1,2%, o que compara com a estagnação registada em média nos países do euro.


Fonte: Negócios

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