09 junho 2016

Comércio de rua mais dinâmico já não é exclusivo de Lisboa e Porto


O renascimento deste formato de retalho continua a ser mais evidente nas duas principais urbes portuguesas, mas os retalhistas já procuram outras cidades do país para expandirem o seu negócio em lojas de rua. Depois de Lisboa e Porto, a reemergência do comércio de rua começa a dar sinais noutras cidades do país. Ainda que as duas cidades se mantenham no topo das preferências dos retalhistas – nos centros de Lisboa e Porto, as taxas de disponibilidade de lojas de rua em 2015 era de respetivamente de 9% e 12,5%.


Segundo a Cushman & Wakefielde, embora reflitam de forma mais evidente o regresso das compras a este formato, no ano passado já se notou uma descentralização desta tendência. “Ao contrário de 2014, em que a retoma tímida da procura se concentrou no comércio de rua no centro de Lisboa e centros comerciais de primeira linha, em 2015 esta procura (por parte dos retalhistas) já foi direcionada para outras localizações secundárias de Lisboa e outras cidades do país, bem como para um maior número de centros comerciais”, nota a aquela consultora imobiliária no seu relatório do mercado Marketbeat Primavera 2016. No documento apura-se que, de um total de 490 transações de espaços de retalho analisadas em 2015, (incluindo todos os formatos: centro comercial, comércio de rua, stand alone, retail park e factory outlet), 35% foram realizadas fora da Grande Lisboa e do Grande Porto. O mesmo research mostra ainda que o comércio de rua é atualmente responsável por 23% destas cerca de 500 novas aberturas, sublinhando-se que “o crescimento do comércio de rua não só se manteve, como “foi intensificado”, bem como que o formato “tem em Portugal um forte potencial de crescimento pela frente, não só em quantidade mas também em qualidade”. 


Também Carlos Nunes, Responsável de Vendas – Retalho Sul da Direção de Negócio Imobiliário do Millennium bcp, nota que “a revitalização do comércio de rua não é fenómeno de Lisboa ou Porto”, e “tem sido transversal às principais cidades do país”, citando exemplos como Braga, Guimarães, Coimbra ou Aveiro. No âmbito da sua carteira de desinvestimento imobiliário, o Banco é proprietário de cerca de 820 espaços comerciais por todo o país, com Carlos Nunes a referir que “se assiste, em geral, a um rejuvenescimento do comércio de rua, apoiado pela reabilitação dos centros históricos e pelo aumento do turismo nas cidades, particularmente de origem estrangeira”, fatores que também a Cushman & Wakefield destaca para a boa performance deste segmento em 2015. a que se associa ainda “a existência de uma oferta de espaços comerciais a preços acessíveis”.

Além dos retalhistas mais consolidados, o mercado de espaços de retalho noutras cidades do país parece beneficiar também com “um aumento da procura de espaços para novos negócios“, refere Carlos Nunes, tendo em conta a experiência do Banco em vendas nos mercados mais descentralizados. Motivada pela melhoria da situação económica do país, “há uma nova geração de empreendedores com oferta inovadoras no mercado”, destaca Carlos Nunes, que acrescenta ainda que, face a esta realidade, também tem aumentando a procura deste tipo de produto imobiliário para rendimento. Os investidores “aproveitam esta oportunidade para gerar ganhos com a subida dos preços dos imóveis”, refere.

Para Carlos Nunes, Braga, Guimarães, Coimbra e Aveiro são bons exemplos de recuperação do comércio de rua, sucedendo-se a nível local, “planos de reabilitação urbana e de animação dos espaços nos centros urbanos, em particular nos centros históricos”, considera, acrescentando que “os imóveis que aparecem nesses espaços têm facilidade de escoamento e os preços tendem a subir”. 

Um dos exemplo, Braga, está a apostar numa dinamização constante de iniciativas para animar o comércio de rua local e aproximá-lo dos consumidores, como desfiles de moda, concursos de montras ou rotas gastronómicas. Um das principais dinamizadoras destas iniciativas, a Associação Comercial de Braga tem estado também a atuar noutras frentes com esse mesmo objetivo, tendo submetido aos fundos europeus uma candidatura para implementar uma solução de “rastrear consumidores”, que acredita que poderá revolucionar a forma de fazer comércio em centro de cidade, quer em Braga quer no resto do país. 

Guimarães também está ativa na promoção das suas especificidades locais e no âmbito do programa Guimarães MARCA - iniciativa conjunta do Gabinete de Informação ao Empresário (GIE) e do Turismo da Câmara Municipal – pretende divulgar e vender os produtos característicos do setor empresarial local aos turistas e visitantes do concelho. O objetivo é diversificar a oferta turística do concelho de Guimarães e da região, criando um novo produto turístico para Guimarães e dinamizando ao mesmo tempo o setor empresarial local. 

Além destas cidades e Aveiro a Norte, Coimbra mais ao centro, Setúbal ou Évora a sul, ou Faro e Vila Real de Santo António, no Algarve, são outras cidades que têm vindo a apostar, através de parcerias entre as autarquias e entidades locais, na dinamização e modernização do comércio de rua, com animações regulares, ações de marketing concertadas e campanhas comerciais. Na maior parte destas cidades, a reabilitação dos centros históricos e o incremento do turismo são dois fatores que, à semelhança do que se verificou em Lisboa e Porto, parecem estar a contribuir para a recuperação do comércio de rua, com a Cushman & Wakefield a destacar que “quer retalhistas quer as próprias cidades estão melhor preparados para receber os turistas”. 

Fonte: Público Imobiliário

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