Procura expande-se por todo o país. Salão em Paris teve casa cheia. Anne-Karine e Anthony Melville moram em Le Vaudreuil, uma pequena localidade, na região da Normandia, a pouco mais de 100 quilómetros de Paris. Um percurso que fizeram propositadamente para estar na 5ª edição do Salão do Imobiliário e Turismo Português realizado no passado fim de semana em Paris.
O objetivo é encontrarem em Portugal a casa que será o seu refúgio para a reforma. Esteja ela onde estiver, pois estão abertos a sugestões. “Para nós, a questão fiscal é essencial nesta decisão de deixar a nossa pátria. E depois, claro, saber que se consegue comprar uma boa casa com 200 ou 220 mil euros, num país com um clima simpático a todos os níveis, seja este ambiental, económico e social”, diz Anne.
Atentos a esta disponibilidade dos franceses, os 180 expositores que marcaram presença no salão instalado no parque de exposições da Porte de Versailles mostraram a oferta imobiliária que existe um pouco por todo o país, uma novidade nesta edição. “Houve, sem dúvida, mais diversidade ao nível de oferta geográfica dos imóveis, pois muitas empresas participantes já perceberam que, ao contrário dos chineses e dos brasileiros, muito focados em Lisboa, os franceses estão abertos a outras localizações fora da capital”, destacou Ricardo Simões, diretor-executivo da Câmara de Comércio e Indústria Franco Portuguesa (CCIFP), entidade que organizou o evento juntamente com a AIP (Associação Industrial Portuguesa), acrescentando que esta edição contou com 17.255 visitantes, quase mais 3000 pessoas do que na edição do ano passado.
O foco dos visitantes está também muito mais apurado: a grande maioria já conhece o fenómeno imobiliário português, sabe das vantagens fiscais proporcionadas pelo Estatuto do Residente Não Habitual e muitos têm alguém próximo que já adquiriu uma casa em Portugal e tem histórias positivas para partilhar. E os dois auditórios do salão com capacidade para 200 pessoas deram disso nota: 30 conferências ao longo dos três dias do certame, entre 20 e 22 de maio, sempre repletas de pessoas muito interessadas, com, questões muito específicas e aparentemente decididas a investir.
Atentados deram empurrão
A expressão "qualidade dos contactos" foi usada com frequência entre os expositores. O grupo Remax, com as suas 12 agências presentes e 80 comerciais e a representar várias zonas de norte a sul do país, tinha o maior stand na feira. No final, no balanço de contactos recolhidos por todos, os resultados excediam francamente as expetativas, realça Ana Soares, que representou a Remax Portugal, casa-mãe das diversas agências: "Foram feitos perto de mil contactos qualificados e temos agentes imobiliários já com reuniões marcadas para Portugal, um deles, do SimGroup, com 37 reuniões já agendadas" .
E já não são apenas as benesses fiscais e a qualidade de vida a pesar na decisão destes investidores. Vera Baía Grande, consultora do Remax Grupo Smart, com três agências no Algarve, diz que uma parte dos visitantes residentes em grandes cidades como Paris ou Lyon deixou transparecer o receio que passou a sentir depois dos atentados de 13 de novembro de 2015. "A questão da segurança passou a ser fundamental para eles. Se existiam pessoas que tinham ainda dúvidas sobre investir em Portugal, isso acabou por dar o empurrão que faltava", diz, convicta, a consultora.
Com o número de razões para investir em Portugal a expandir-se, Luís Lima, presidente da APEMIP (Associação dos Profissionais e das Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal), não tem dúvidas de que os investidores vão aumentar: "Em cada quatro transações que se fazem junto do mercado estrangeiro, uma já é assegurada pelos franceses, nacionalidade que já ultrapassou os britânicos e os chineses no número de casas compradas em Portugal no primeiro trimestre deste ano. Não tenho dúvidas de que este investimento vai crescer. Tal como irá crescer junto dos belgas e suíços".
Fonte: Expresso
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