Investidores nacionais asseguram fatia relevante no mercado. Para o cliente externo, mais do que um retorno financeiro, comprador procura a emoção de desfrutar do bem. Os investidores nacionais estão a apostar na compra de imobiliário do segmento alto e luxo. Desde logo, “a maior abertura dos bancos nacionais em financiar estas aquisições” e “as reduzidas alternativas em termos de retorno no investimento e a qualidade do produto que tem aparecido no mercado” estão na origem desta tendência, considera João Paula Santos, responsável da Estoril RE.
Também Assunção Ravara, da Re/Max Siimgroup, refere que “os portugueses estão no mercado”. O “cliente nacional representa 75% das compras neste segmento”, estima.
A tendência, prossegue João Paula Santos, “será de aumento desta percentagem. Estamos inclusive a estudar o desenvolvimento de produtos mais direcionados ao cliente nacional, seja numa ótica de investidor ou de utilizador final”.
Para Assunção Ravara, “a vantagem oferecida por comprar um imóvel traduz-se na aquisição de um ativo real cujo risco de perca de capital é limitado e cuja rentabilidade total poderá ser muito atrativa comparando com as tradicionais aplicações bancárias”.
Mercado em equilíbrio
Numa leitura mais abrangente, Rafael Ascenso, diretor geral da Porta da Frente – Christie’s, assegura que, nos três últimos anos, o segmento médio alto e alto do mercado imobiliário “assistiu a uma mudança completa”. Desde logo, “a dinâmica criada pela procura foi muito elevada, tanto que só agora nos parece que a procura e oferta se estão a equilibrar”.
Nos bairros nobres e históricos de Lisboa e Cascais, “tem-se vindo a registar uma procura muito grande e a quantidade de apartamentos novos lançados no mercado têm sido todos colocados ainda em planta ou em construção”. Assim, verifica-se “a recuperação dos preços médios dessas zonas para os valores anteriores à crise até ao início de 2015 e desde então têm continuado a valorizar”, assume Rafael Ascenso.
O mesmo operador adianta que estão “em lançamento e previstos” um conjunto de novos projetos de reabilitação, principalmente nas zonas históricas de Lisboa, que “irão nivelar a procura e oferta, evitando uma escalada nos preços”.
Por outro lado, “a maior parte das vendas realizadas nestes três últimos anos foram sem qualquer recurso a crédito, o que é um dado muito positivo para desencorajar qualquer ideia de bolha imobiliária”, disse. “Acreditamos que a procura se vai manter e que os imóveis de habitação irão continuar a valorizar, mas moderadamente. Temos ainda um preço por m2 muito inferior à maior parte das principais cidades europeias e isso tem sido muito bom para atrair o investimento estrangeiro”.
O que é o luxo?
Também por este motivo, “continua a registar-se a manutenção do forte interesse de compradores estrangeiros, de várias proveniências”, assevera João Paula Santos. Na sua origem estão “clientes que procuram as propriedades nacionais sobretudo para viver ou investir”, explica Gustavo Soares, Managing Director da Portugal Sotheby´s International Realty.
Aquele operador separa as águas e esclarece aquela que é, na sua opinião, “uma das questões de maior confusão neste designado segmento de luxo”. O perfil deste comprador, “na sua maioria, não procura Portugal por razões de investimento”, mas “para desfrutar das características únicas do nosso país”.
Para Gustavo Soares, esta é “uma tremenda vantagem competitiva a nível internacional, já que o clima, a segurança a genuinidade das pessoas” não podem ser “copiadas, são aspetos únicos da nossa identidade”. No luxo, “seja uma propriedade, uma peça de vestuário, um automóvel ou uma obra de arte, as decisões que sustentam a compra são o prazer e a emoção de desfrutar do bem, e não apenas se na sua venda vai existir um retorno ou uma yield”, assegura. “O que diferencia este segmento é que estamos a vender emoções”, ou seja, “aquilo que o dinheiro, a partir de determinado montante, consegue comprar”.
No mesmo sentido, Carlos Penalva e Francisco Quintela consideram que “o nosso país está cada vez mais na moda. Recebemos cada vez mais não apenas turistas, como também pessoas que vêm cá viver ou passar uma parte considerável do ano”.
Mas outros fatores mais mensuráveis estão na origem deste investimento externo, estimam: “De acordo com a Global Property Fund Index, no universo de 32 países analisados, Portugal está entre os países que geraram retornos mais elevados em 2015. Apenas nove países apresentam retornos de dois dígitos, com o nosso país a registar o sétimo melhor retorno, em exaequeo com os EUA”, citam os mesmos operadores.
Por outro lado, “o valor das casas em Portugal é ainda muito inferior ao que é o nível de procura que o caracteriza”. Mas “também não é menos relevante o facto de um investimento num imóvel em certas zonas em Portugal ser consideravelmente mais rentabilizável e menos arriscado do que outros sectores, como o financeiro, por exemplo”.
Fonte: Público Imobiliário
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