20 agosto 2016

Mercado das casas de luxo recuperou mas não se vende tudo a qualquer preço


O mercado de habitação de luxo está em crescimento, sendo visível um aumento da procura por parte de estrangeiros, mas também dos nacionais. Contudo, Gustavo Soares, managing diretor da Portugal Sotheby’s International Realty, considera que “é uma realidade que o mercado recuperou, embora estejamos apenas agora perto de atingir o patamar das vendas que foi visível no período anterior à crise do setor”. 
Na Sotheby’s os estrangeiros representam cerca de 50% das transações realizadas com imobiliário de luxo. Contudo, o aumento da procura deste segmento de mercado por parte dos clientes nacionais é uma realidade, verificando-se uma procura cada vez maior.

Na sua opinião, é importante colocar algum travão na ideia de que tudo se vende e a qualquer valor, o que faz com que os preços estejam a disparar, de forma muito acentuada, no centro da cidade de Lisboa, mas que também começa a notar-se no caso do Porto. Acrescenta que é necessário haver ponderação e ter a noção de que o preço depende de vários fatores, como é o caso da localização, da lei da oferta e da procura. Embora, neste momento, “o peso da procura seja bastante significativo, mesmo assim a variável preço não depende só da vontade individual dos proprietários”, alerta. 

Gustavo Soares destaca que “há clientes a comprar um apartamento T1 por 400 a 450 mil euros”. Contudo, “estamos a falar de coisas muito especiais”. No caso dos imóveis usados, onde esta situação é ainda mais visível, considera que “há proprietários que multiplicam os 6 a 7 mil euros, por m2, pela área do imóvel, fazem as contas e pedem valores absurdos, sem ter em conta os outros fatores”, alerta. 

Procura nacional aumenta 

Os estrangeiros representam cerca de 50% das transações realizadas com imobiliário de luxo. Contudo, o aumento da procura deste segmento de mercado por parte dos clientes nacionais é uma realidade, verificando-se uma procura cada vez maior. Na opinião do responsável da Sotheby’s, a procura por parte destes clientes situa-se em valores entre os 500 e os 800 mil euros. Uma procura específica que levou a Sotheby’s a abrir novos escritórios para captar este mercado. É o caso do novo escritório que abriu em Maio, no Parque das Nações, o sétimo até este momento, com o objetivo de captar um mercado de Lisboa Oriental procurado por estrangeiros, mas também por muitos nacionais. 

Em relação à procura externa, o mercado imobiliário tem sido muito impulsionado pelos clientes do golden visa, que é satisfeita muitas vezes pelos imóveis da banca e de grandes promotores. Contudo, este mercado não deve ser considerado de luxo, não sendo também este um dos segmentos onde atua a Sotheby’s. 

Gustavo Soares considera que a oferta para o mercado de luxo está localizada nas zonas tradicionais de Lisboa e do Algarve, contudo, existem agora outras regiões onde começa a aparecer oferta vocacionada para este segmento, o que leva a consultora a acompanhar essa tendência com a abertura de novos escritórios. A Sotheby’s, tem em carteira a maior oferta relacionada com o mercado residencial de luxo, sendo que 75% dos imóveis apresentam preços acima dos 500 mil euros. O portfólio abrange as áreas geográficas do Algarve (36%), Linha de Cascais (23%), Lisboa (23%) e Porto (18%).

Sotheby’s alarga presença a novas zonas

A consultora tem atualmente sete escritórios, distribuídos por Lisboa, Estoril, Oeiras, Porto e Algarve. Contudo, o objetivo, segundo o gestor, é alargar esta presença a outros locais através da abertura de mais cinco escritórios nos próximos dois anos. Os locais já estão escolhidos, sendo que o Algarve vai ser reforçado em duas novas localizações, estando prevista também a abertura do primeiro escritório na Madeira. O Porto e a zona de Sintra são as outras duas localizações. O plano de expansão implica um investimento total de um milhão de euros e a integração de mais 120 colaboradores. 

O plano de investimento inicial de abertura dos escritórios foi acompanhado pelo projeto 7 Escritórios 7 Arquitetos, que permitiu “criar escritórios diferenciados, tornando cada espaço único, como uma peça de arte”. Simultaneamente, cada espaço está ligado à sua envolvente. É o caso do escritório do Porto, localizado na Avenida da Boavista, num edifício projetado por Souto Moura, o que levou a pedir a este arquiteto que assinasse também o projeto de decoração do novo espaço. 

Cada escritório é constituído em média por uma equipa comercial de 30 colaboradores, e cerca de 10 elementos afetos a outras funções, tendo à sua frente um “partner office man”. O modelo da Sotheby’s, presente em mais de 60 países e com mais de 800 escritórios, assenta numa empresa filiada, liderada em Portugal por Gustavo Soares.

Transmitir “know-how” aos promotores 

Numa altura em que os promotores equacionam avançar com novos projetos de habitação para as cidades, Gustavo Soares considera que a Sothbey’s é o parceiro ideal para transmitir o “know-how” sobre o que os clientes querem atualmente. “É importante que os promotores olhem os mediadores como parceiros”. Na sua opinião, a construção de habitação nova deve ser trabalhada de forma diferenciada, e nem sempre isso aconteceu. O objetivo é que os mediadores acompanhem a promoção desde a sua génese para que o produto final seja aquilo que o mercado quer e vai comprar.

artigo publicado no caderno Imobiliário do jornal Vida Económica de 29/07/2016

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